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[RESENHA #210] A CONDESSA SANGRENTA - ALEJANDRA PIZARNIK


Título: A Condessa Sangrenta
Autora: Alejandra Pizarnik
Editora: Tordesilhas
Páginas: 60
Ano: 2011
ISBN: 9788564406001
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: A escritora argentina Alejandra Pizarnik e a condessa húngara Erzébet Báthory (1560-1614) têm um – e não mais que um – ponto em comum: são (quase) desconhecidas no Brasil. A injustiça com a poeta portenha está sendo corrigida agora, com este A condessa sangrenta, um dos raros títulos em prosa dessa autora que escreveu sobretudo poesia – relato ficcional baseado em fatos horrivelmente reais. A história da condessa Báthory, mesmo levando-se em conta uma possível “leyenda negra” construída em torno de sua vida, é marcada pela radicalização do que hoje chamamos de “sadismo”. Até certo ponto comum, o tratamento cruel de serviçais e camponeses pelos aristocratas europeus conheceu em Erzébet excessos que fizeram sua fama como uma espécie de “condessa Drácula”: qualquer motivo bastava para que ela aplicasse castigos e torturas em seus subordinados, especialmente jovens mulheres, em geral envolvendo longas agonias em que a pessoa seviciada se esvaía em sangue. Seu irrefreável prazer em levar ao extremo o sofrimento alheio vitimou cerca de 650 pessoas – cujos nomes foram registrados por ela mesma numa caderneta, usada como prova no processo que resultou em sua prisão, em 1611. Pizarnik descreve, em capítulos especialmente reservados, os principais métodos de suplício da condessa – que a tudo observava com impassível serenidade.

Resenha: Alejandra Pizarnik nos apresenta Báthory Erzsébet, filha de aristocratas húngaros, ficou conhecida como A Condessa Sangrenta. Báthory nasceu em 1560, período o qual as forças turcas ocuparam e dominaram a Hungria. A Condessa Sangrenta cresceu em meio a uma família totalmente perversa e que o incesto era algo presente, tendo em vista relações entre irmãos. 

Em sua infância, Báthory viu o seu castelo ser invadido e suas irmãs violentadas, a violência sempre fez parte da sua vida. Desde jovem Báthory sempre esteve sujeita às doenças, a principal delas foram os ataques epiléticos presente em sua vida.

"O caminho está nevado, e a sombria dama envolta em suas peles dentro da carruagem se estendia. De repente formula o nome de alguma moça do seu séquito. Trazem a indicada: a condessa morde, frenética, e lhe crava agulhas." p. 13

Em 1604, Báthory tornou-se viúva e mudou-se para Viena. Nesse período que seu lado violento e inescrupuloso foi ganhando força, pois seus atos foram ficando mais depravados. Nessa fase, a condessa arrumou uma parceira para suas atividades, tendo a misteriosa mulher conhecida como Anna Darvulia como companheira na prática de tais atos criminosos.

"Mas quem é a Morte? É a Dama que assola e cresta como e onde quer. Sim, e além disso é uma definição possível da condessa Báthory. Nunca ninguém não quis de tal modo envelhecer, isto é, morrer. Por isso, talvez, representasse e encarnasse a Morte. Porque, como a Morte vai morrer?" p. 20

Báthory para praticar seus crimes, escolhia mulheres entre 12 e 18 anos, além disso elas deveriam ser bonitas. A condessa tinha um desejo compulsivo por sangue e queria permanecer jovem e bela pelo maior tempo possível. Ao longo da leitura conhecemos os inúmeros crimes que a nobre cometeu e foram tão terríveis que originaram a alcunha acima citada. Muito tempo após morrer, sua crueldade serviu de inspiração para que o autor Bram Stoker escrevesse o seu romance mais famoso, Drácula.

Em 1610 começaram as investigações sobre os assassinatos cometidos pela Condessa. Essas investigações não tinham apenas caráter criminal, interesse punitivo, mas também político, pois a Coroa queria confiscar as suas terras, por dívida do seu falecido marido. Em 1611 a Condessa foi condenada à prisão perpétua, em seu castelo, onde viveu por mais três anos, pois em 1614 ela faleceu. O seu corpo deveria ser enterrado pela Igreja na cidade de Csejthe, onde ficava o seu castelo, mas a revolta da população local impediu tal ato.

Opinião: A Condessa Sangrenta é uma obra chocante, que nos apresenta de forma nua e crua os crimes cometidos por Báthory Erzsébet, demonstrando as peculiaridades e processos de cada um dos diversos modos que ela utilizou para matar suas vítimas, fazendo por exemplo que os filmes "Jogos Mortais" perto de suas obras, seja algo leve.
O livro nos apresenta doze capítulos, é uma leitura rápida e ao mesmo tempo densa. A obra contém 60 páginas e iremos nos deparar com diversas cenas angustiantes, desenhadas por Santiago Caruso que visa retratar os crimes e comportamentos racionalmente inaceitáveis ao ser humano. A linguagem utilizada por Alejandra para descrever as atrocidades é lírica.
Eu confesso que apesar de toda a curiosidade e vontade de ler a obra, em alguns momentos fiquei incomodado com algumas das descrições das torturas, que foram super detalhadas. Essas descrições me levaram a refletir, como um ser humano pode apresentar um comportamento tão trivial, em face as torturas e brutalidades cometidas ao próximo.
Essa edição está fabulosa, um primor. O livro vem com uma jacket e a edição é em capa dura, foi impresso em papel fotográfico e diversas artes de autoria do Santiago Caruso que retratam muito bem a história de Báthory Erzsébet. 
Para quem gosta de história, o livro é uma bela opção para ler e colecionar. Posso dizer que esse é certamente uma das mais belas edições que possuo em minha coleção. Deixo meus agradecimentos para a Tordesilhas Livros (Editora Alaúde) por ter me enviado essa obra, que há muito tempo eu queria ler.

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2 Comentários

  1. Oi Yvens, adorei a resenha. Não conhecia a obra e fiquei curiosa.
    Gosto muito de livros "bonitos", aqueles pra enfeitar a estante e acredito, como você disse, que esse seja um. Ainda mais pelas imagens que você colocou na resenha.

    Abraços

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    Respostas
    1. Olá Literaleitura (Raquel), fico feliz que tenha gostado da resenha. Essa obra talvez seja pouco conhecida. Eu adorei a edição, muito bonita, para colecionar mesmo!
      Abraços!

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