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[RESENHA #209] CONTOS RUSSOS - TOMO III


Título: Contos Russos - Tomo III
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Martin Claret
Páginas: 184
Ano: 2017
ISBN: 9788544001103
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: Este livro é o terceiro tomo da coletânea de contos clássicos russos, traduzidos do idioma original, elaborada pela editora Martin Claret de maneira que todos os leitores possam encontrar nela obras consoantes aos seus gostos e interesses. Compondo-se de escritores satíricos (Uma Anedota Ruim, de Fiódor Dostoiévski), alegóricos (O Fazendeiro Selvagem, de Mikhail Saltykov-Chtchedrin) e simbólicos (Flor Vermelha e Attalea Princeps, de Vsêvolod Gárchin), ele reúne em suas páginas, vários temas que desde sempre emocionam e preocupam a humanidade, das injustiças sociais que precisam ser desmascaradas e combatidas ao próprio mal do universal cujo poderio põe a prova o espírito das pessoas.

Resenha: Nessa nova edição de Contos Russos, a editora Martin Claret nos presenteou com cinco contos clássicos da literatura russa, sendo o primeiro:

Uma Anedota Ruim de Fiódor Dostoiévski 

Quando o servidor de terceira classe Stepan Nikiforovitch Nikíforov, um solteirão de sessenta e cinco anos, comemora a compra de sua tão sonhada residência e também seu aniversário, conhecemos Ivan Ilitch, um servidor de quarta classe e jovem general. Depois de uma certa discussão sobre o humanismo, com o final da festa, o jovem general se dirigiu à saida e para sua surpresa, seu coche o tinha desobedecido e ido a um casamento, mesmo tendo sido terminantemente proibido por Ivan Ilitch.
Tendo resolvido ir andando para casa, logo após certa distância ouve uma festança numa casinha pobre e quando encontra um guarda pergunta de quem é a tal festa barulhenta. Qual não é sua surpresa, mais uma vez, ter descoberto que a tal festa é justamente do seu subalterno Trífon, um servidor de décima quarta classe, com dez rublos de ordenado. Ivan Ilitch resolve entrar na festa e provar aos seus amigos que aguentaria uma experiência daquele tal humanismo.

Opinião: Uma Anedota Ruim é uma leve comédia de costumes e erros. Fiódor Dostoiévski está mais leve nesse contomas nem por isso deixa a crítica social de fora, pelo contrário, ela é enorme, mas mostrada de uma forma um pouco cômica. Ivan Ilitch se mete numa grande confusão quando resolve provar a si mesmo e aos amigos que pode socializar com seus subalternos, tido como inferiores pela sociedade, dado seu alto cargo como servidor de terceira classe. A narrativa é bastante fluída e nos prende na história de uma forma que não conseguimos parar de ler. Uma Anedota Ruim é um conto leve e divertido e que ao mesmo tempo demonstra as desigualdades sociais, emocionais e econômicas do povo russo.

O Fazendeiro Selvagem de Mikhail Saltykov-Chtchedrin

No reino de berliques e berloques, existe um fazendeiro bobo. Ele tinha tudo para dar e venderdesde servos e cereais e bestas e campos e jardins. Sempre lia o jornal A Notícia e possuía um corpo mole, branco e rechonchudo. Porém, esse fazendeiro bobo, não aguentava os mujiques [camponeses] e pedia a Deus que os tirassem todos de sua terra. Até que um dia, Deus ouviu suas preces, e de uma  vez levou todos os mujiques de sua fazenda. Todo feliz, com o ar agora puríssimo em suas terras, o fazendeiro bobo poderia mostrar o que a fidelidade aos seus princípios poderia fazer.

Opinião: O Fazendeiro Selvagem é uma fábula que demonstra que o homem comum pode chegar a se tornar um homem selvagem quando fica privado de suas necessidades básicas. De uma forma exagerada, como nas fábulas, o fazendeiro bobo, se torna um animal selvagem por ter sido largado sozinho na fazenda, deixando de comer e beber o que antes era feito e servido pelos mujiques. Suas roupas acabam se tornando frágeis e imundas conforme vai passando o tempo e a regressão do fazendeiro chega até o limite selvagem.
Uma bela fábula que demonstra a teimosia e mesquinhez do homem quando se agarra a uma determinação que tem como única e correta para si. Porém, toda atitude e reação tem um preço a se pagar. 

O Urso Governador de Mikhail Saltykov-Chtchedrin

A fábula iniciada em O Fazendeiro Selvagem, tem sua continuação em o Urso Governador, onde o Leão, o rei da selva, manda três ursos no cargo de governadores para três locais diferentes com uma só ordem: Dominar e governar os inimigos internos e de preferência através da carnificina. todos os recém-governadores tentam  de várias maneiras tomar posse de seus locais definidos pelo leão, porém, todos tem que interpretar a maneira correta dos delitos, pois os grandes delitos são os que entram para a história, já os médios e os pequenos, sequer são lembrados. Então cada um desses três ursos precisam descobrir quais são os delitos certos e os que não são em cada floresta que devem tomar e governar.
Opinião: Como já disse, O Urso Governador, é um tipo de continuação de O Fazendeiro Selvagem, melhor dizendo, uma história que se passa no mesmo "ambiente". Tendo a mesma premissa de fábula, nesse conto podemos notar, principalmente, o militarismo posto em prática sendo demonstrado desde o comando na figura do leão, e seus comandados, na figura dos ursos. Também faz parte da história, o asno, que aqui tem o papel de conselheiro e no caso, bastante inteligente. É uma história muito divertida e que nos mostra que mesmo um pequeno erro pode nos levar a ruína total às vezes, a melhor mudança é a mudança nenhuma.

A Flor Vermelha de Vsêvolod Gárchin

Em a Flor Vermelha, vamos acompanhar a história de um louco. Quando o mesmo retorna ao hospício depois de um anos de alta, este faz o maior escarcéu na chegada de sua nova estadia. Depois de dominado e calmo, o louco começa a falar consigo mesmo e a divagar cada dias mais. Mesmo sendo medicado e bem alimentado, os médiconão conseguem entender como a cada dia que passa, o louco fica mais e mais magro. Quando em um de seus passeios pelo jardim, o louco, nota uma flor diferente de todas qua já tinha visto, era uma flor vermelha e imediatamente o louco soube que tinha que destruí-la, custasse o que custasse.

Opinião: Em a flor vermelha ficou claro para mim que a flor significava os males do mundo e as mazelas que as pessoas muitas vezes eram obrigadas a aguentar. O louco representa, na minha visão, aquele que tem a coragem de se rebelar e lutar contra essa maldades, mesmo que seja visto como um pária. 


Attalea Princeps de Vsêvolod Gárchin

Em Attalea Princeps, vamos vivenciar o dia a dia em uma estufa de um jardim botânico, onde estão reclusas vários tipos de plantas. Quando um viajante brasileiro visita a estufa, se surpreende ao ver a Attalea Princeps e percebe que na verdade é uma palmeira. Depois que o viajante se vai, após uma breve discussão com o diretor do jardim botânico, a árvore se atreve a sonhar. Queria ver o céu, sentir e balançar com a brisa sem aquela redoma de vidro entre ela e a liberdade. Então resolveu crescer e subir até o teto da estufa e tentar a sonhada e árdua liberdade.

Opinião: Nesse conto, Vsêvolod Gárchin, nos mostra o poder da força de vontade quando se deseja muito alguma coisa na vida e se luta por ela. Mas por outro lado, também demonstra que nem tudo vem na forma que sonhamos e as vezes as consequências podem chegar a ser trágicas. 

OPINIÃO GERAL

Contos Russos - Tomo III é bastante divertida e uma leitura rápida. Todos os contos são de uma fluência muito boa e nos faz querer mais e mais a cada página. Muitas pessoas têm um certo medo ou preconceito quando se fala em literatura russa. Pois bem, aqui temos cinco contos russos clássicos que desmistifica totalmente essa bobagem de literatura difícil. Como disse antes, todos os contos são deliciosamente cativantes e acolhedores, principalmente, por se passarem numa época e situações bastante diferentes da nossa hoje em dia. Recomendo Contos Russos - Tomo III para qualquer pessoa que goste de uma excelente literatura seja ela clássica ou não.
editora Martin Claret está de parabéns pela escolha dos contos e principalmente, pela edição que tem uma beleza à parte, a começar pela capa, folhas internas, fonte agradável e papel amarelado. A edição ainda conta com uma introdução feita pelo tradutor da obra, Oleg Almeida. Realmente e absolutamente... IMPERDÍVEL.

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