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[RESENHA #157] O ANDROIDE - PAULO DE CASTRO



Título: O Androide
Autor: Paulo de Castro
Editora: Novos Talentos (Novo Século)
Páginas: 256
Ano: 2016
ISBN: 9788542808124
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: 'Percebeu que se, de fato, um Deus que zela pelos humanos existisse, não designaria uma máquina para ser o profeta. Esse Deus, ora cruel, ora misericordioso, nem ao menos permitiria a própria extinção dos seres humanos. Poderia a máquina ser esse Deus, dando vida de novo aos homens?'.

Esse e outros sinais elétricos varriam o processador de JPC-7938 com velocidade sobre-humana. Processava uma infinidade de outras informações ao mesmo tempo, o que diminuía ainda mais a energia da sua bateria. Talvez era isso mesmo que ele quisesse, para consumar de uma vez o que já estava fadado ao fracasso. Sua bateria durou quatro horas até o desligamento completo. Nessas intermináveis horas, em que não via nada além da densa neblina, que ofuscava o céu azul, cercado de nuvens brancas, percebeu que tudo não passava de coincidência. Que o planeta fora criado, de fato, ao acaso, e que não havia um destino ou uma missão a ser cumprida; apenas a existência, até o inevitável dia do fim.

Resenha: O mundo da literatura, muitas vezes, nos apresenta certas surpresas nessa nossa vida de leitores. Em O Androide, somos apresentados a um mundo onde o ser humano deixou de existir e as máquinas, mais especificamente, os robôs e os androides são os senhores do mundo. Nesse mundo distópico, somos levados a acompanhar a aventura do androide médico JPC-7938. Após a aniquilação dos seres humanos pelas máquinas, todos os androides e robôs que tivessem de alguma forma ajudado na tentativa de sobrevivência dos humanos, também foram fadados a destruição. JPC-7938, sendo um desses androides que tentaram ajudar os humanos, consegue fugir após sua captura e acaba ficando por mil anos escondido. Porém, em uma de suas andanças, tem um encontro inusitado com OPR-4503, um androide engenheiro eletricista, que tinha em seu encalço as temíveis sentinelas, máquinas criadas especialmente para a busca e aniquilação de androides foragidos.

"Do veículo, uma fumaça negra inundava toda a rua. O fugitivo, preso às ferragens, tinha a expressão tranquila, não demonstrava qualquer desespero, qualquer angústia. Tentava, com perícia e agilidade, livre de afobação e agonia, deixar o carro, porém as investidas seguiam sem sucesso." p. 27.

Após escaparem do certo das sentinelas, OPR-4503 faz uma revelação que leva JPC-7938 a uma busca pelo repovoamento da terra em uma ousada e quase impossível tentativa de recriação dos seres humanos. Para isso precisam da ajuda de NCL-6062, uma androide garota de programa.

"Os quatro deixaram a sala pela porta dos fundos. Enquanto descia as escadas, OPR-4503 viu muito sangue. Os robôs haviam causado uma verdadeira chacina." p. 138.

Monitorados pelo terrível e misterioso H1N1, o líder de toda a aniquilação e perseguidos pelas sentinelas e também pelo HAO-4977, um androide caçador a serviço de H1N1, descobrem que não será nada fácil fugir e completar a missão "revelada" por JPC-7938.

"Ele pôde ver, do vidro do carro, a Cidade do México, devastada pela guerra." p. 247.

Opinião: Escrito com muita maestria, sem "americanismos" ou aquele "brasileirismo" exacerbado, Paulo de Castro, cria um mundo distópico e bastante realista que passa por algumas cidades do exterior, mas se desenvolve principalmente na cidade e arredores de São Paulo. A trama é bem construída e mescla muito bem momentos de contemplação com momentos de ação dignos de qualquer filme “hollywoodiano” que se preze. Aliás, O Androide, seria muito bem adaptado para as telas, nas mãos de um diretor competente.

Todos os personagens principais da trama, tem suas histórias contadas em capítulos separados para um melhor entendimento das ações de cada um no desenrolar da obra. JPC-7938, OPR-4503, NCL-6062, HAO-4977 e também H1N1, tem suas vidas explicadas em detalhes, como disse acima, em cada capítulo, deixando assim tudo bem amarrado. Lembrando que, Paulo de Castro, apesar de não dizer com todas as letras no livro, respeita e se utiliza das três leis da robótica criadas por Isaac Asimov.

Entrelinhas, O Androide, nos faz refletir sobre a perpetuação da raça humana tendo em vista toda a corrida tecnológica em busca da automatização, da tecnologia na ponta dos dedos e principalmente da robótica e inteligência artificial hoje em dia. Será que tudo isso vai realmente nos ajudar ou será que estamos caminhando para a nossa extinção?
Também faz uma comparação com a criação dos seres humanos, colocando em dúvida a existência de uma força superior.
A leitura é bastante fluída, gostosa e te prende desde suas primeiras páginas, com um começo bem agitado. É interessante ler em muitas passagens onde o autor nos descreve sentimentos que os androides não possuem como, amor, desespero, raiva, paz de espírito, mas tamanha é a colocação desses, que de certa forma nós imaginamos JPC-7938, desesperado numa corrida contra a sua destruíção, por exemplo, ou quando OPR-4503 atua como um soldado desesperado por sua vida e de seus colegas de fuga.

Acredito que os leitores que gostam de uma ficção científica bem escrita e desenvolvida, O Androide de Paulo de Castro é uma obra que não vai deixar de agradar quem quer que seja. Imperdível. 

A editora Novo Século, via selo Talentos da Literatura Brasileira, fez um ótimo trabalho na edição desse livro. A arte gráfica está muito bonita e a sacada da capa ficou, além de criativa e dentro do contexto da história, muito bonita. As folhas são de papel amarelado e as fontes são estilizadas a cada início de capítulo. Mesmo sendo de um acabamento comum e no formato brochura, o material usado é de boa qualidade e aguentou muito bem o manuseio na hora da leitura sem qualquer problema no livro. Dessa forma pode-se ver o cuidado que a editora teve com essa bela obra. Recomendo e, como já disse, imperdível. 

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2 Comentários

  1. Olá Jeffa, tudo bem? A sua resenha ficou muito boa cara, o livro parece ser interessante, eu desconhecia essa obra de ficção científica. Achei bem bacana a divulgação dessa obra da literatura nacional. Abraço!

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  2. José, muito obrigado. O livro foi uma surpresa para mim também. Comprei no escuro e não me decepcionei nem um pouco. É uma ótima pedida. Abraços.

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