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[RESENHA # 528] CINCO SEMANAS NUM BALÃO - JÚLIO VERNE

Título: Cinco Semanas num Balão
Autor: Júlio Verne
Tradução: Daniel Aveline
Editora: Via Leitura [Edipro]
Páginas: 256
Ano: 2018
ISBN: 9788567097565
Onde Comprar: : Amazon - Saraiva

Sinopse: Primeiro livro de sucesso de Júlio Verne, Cinco Semanas num Balão é uma aventura de exploração pelo continente africano. Publicada em 1863, a obra traz detalhes da geografia, das culturas e dos animais da África. Tudo fruto de pesquisas e da inventividade de Verne, que nunca pôs os pés no continente africano ou em um balão. A história narra a jornada de Samuel Fergusson, que, acompanhado de seu criado e de um caçador escocês, parte de Zanzibar em um balão. O trio busca chegar à outra costa da África e encontrar no caminho a nascente do rio Nilo. Cinco Semanas num Balão é uma deliciosa aventura e um registro do início de carreira daquele que viria a se tornar um dos mais célebres nomes da literatura de aventura e de ficção científica.


Resenha: O Dr. Samuel Fergusson causou um grande alvoroço naquela reunião da Real Sociedade Geográfica de Londres quando apresentou seu intento aos seus companheiros. Muitos deles achavam até que esse tal de Fergusson era apenas uma invenção qualquer e que nada daquilo que estava sendo proposto naquele dia era real, talvez apenas uma peça que estavam pregando em seus associados, mas Fergusson era real e também seu intento. 

Fergusson era um audacioso desbravador e estava ali em busca de patrocínio e apoio, pois iria descobrir a nascente do Nilo e atravessar toda a costa da África em cinco semanas e num balão. Entre céticos e apoiadores da ideia, Fergusson conseguiu o que queria e sua exploração já estava em andando à partir daquele momento.

"Logo em seguida, aliás, a dúvida já não era possível; os preparativos da viagem eram feitos em Londres; as fábricas de Lyon haviam recebido um pedido importante de tafetá para a construção do aeróstato; enfim, o governo britânico punha à disposição do doutor o transporte O Resoluto, do capitão Pennet." p. 13.
Assim que os preparativos da expedição foram colocados em prática, Fergusson, ainda tinha uma nova missão para resolver; seu amigo Dick Kennedy teria que ir nessa viagem com ele de qualquer forma, Fergusson já até contava com ele, mas Kennedy, apesar da amizade inabalável que existia entre ambos, não seria assim tão fácil de se convencer como o doutor esperava. Dick tinha sérias reticências em relação a expedição do amigo; perigosa, descabida e absolutamente improvável de se completar.

"Naquela noite mesmo, meio inquieto, meio exasperado, Kennedy pegava o trem até a General Railway Station, e chegava no dia seguinte a Londres. Quarenta e cinco minutos depois, um táxi o deixava na pequena casa do doutor, na praça Soho, Greek Street; percorreu a escadaria exterior e se anunciou batendo solidariamente na porta por cinco vezes." p. 17.

Samuel Fergusson, além de muito inteligente, perspicaz e seguro de seus cálculos e invenções para sua grande exploração, era também um homem que sabia como convencer alguém. Mesmo com Kennedy exasperado, quase que implorando para que o amigo desistisse de tal loucura, teve de dar o braço a torcer e, no final das contas, já era praticamente certo que seria o terceiro tripulante daquele balão que levaria seus nomes à fama mundial, pois o segundo tripulante já estava decidido há muito tempo: Joe, seu fiel criado.
Joe já havia participado de outras viagens de seu mestre e não precisava nenhum indicativo para saber que participaria daquela jornada rumo ao continente africano. Aliás, era parte imprescindível, pois Joe não era um doméstico comum, tinha seus conhecimentos de ciência apropriados ao seu jeito e uma filosofia otimista e uma lógica natural que sempre lhe rendia resultados fáceis e exatos.

"Entre outras qualidades, ele tinha uma potência e um alcance de visão surpreendentes; ele partilhava com Moestlin, o professor de Kepler, a rara capacidade de distinguir sem lentes os satélites de Júpiter e de contar catorze estrelas no grupo das Plêiades, em que as últimas são normalmente visíveis apenas com lunetas." p. 32.

Então ali se compunha toda a tripulação do balão que iria, em um prazo de cinco semanas exatamente, atravessar toda a África em busca, entre outras coisas, da nascente do Nilo. Fergusson, Kennedy e Joe não faziam ideia que toda essa grande jornada lhes transformariam profundamente, pois grandes perigos, descobertas inacreditáveis, perdas, ganhos e, acima de tudo, muita aventura à bordo do Victoria, o balão que tinha como ponto de partida, Zanzibar, seria uma marca indelével em seus corações e mentes que se uniriam naquele sentimento que atravessa barreiras pelo mundo afora: a leal e indissolúvel amizade.
Opinião: “A primeira vez a gente nunca esquece!” Essa talvez seja a máxima que eu posso dizer sobre Júlio Verne, pois, sim, Cinco Semanas num Balão, foi minha primeira leitura desse autor tão elogiado e cultuado pelo mundo afora. Já vou avisando que não vou parar nesse livro apenas, pois agora que o conheci, quero conhecê-lo muito bem e não existe forma melhor do que ler seu legado. Tenho que dizer também que, no começo, estava com um pouco de receio de começar por este e não por outros livros mais famosos do autor, pois, talvez, isso poderia mudar a visão positiva que tinha do autor. Felizmente, isso não aconteceu, pelo contrário, só aumentou minha admiração e vontade literária.

Júlio Verne tem uma forma muito fluída e desembaraçada de escrever, pois quando você se dá conta, ele já o “agarrou” e não tem mais escapatória senão terminar de se deliciar com as incríveis aventuras que foram proporcionadas para nós, leitores. É muito interessante ver como o autor nos delicia com suas descrições técnicas antes do início da viagem sem ter aquele ar “chato”, que muitas vezes pode acontecer se o autor se descuidar de sua narrativa. Mas, Verne, de forma alguma faz isso e nos incita a curiosidade de saber como será que Fergusson, Joe e Kennedy, irão fazer aquela ousada e inédita travessia.
O autor também nos mostra como as aventuras e os perigos de uma viagem desse quilate, podem mudar as relações entre as pessoas que a realizaram. É muito tocante ver em várias passagens a idolatria que Joe tem por seu "mestre", tendo, inclusive, colocado sua própria vida em teste por Fergusson e Kennedy, ignorando seu próprio bem estar ao de seus companheiros.

Fergusson, por outro lado tem aquela aura inglesa de frieza, austeridade e também um pouco de arrogância, mas que são pouco a pouco desconstruídos conforme os perigos da viagem vão se apresentando. Já, Dick Kennedy é o típico escocês caçador que vê tudo com coragem e a objetividade de um rifle em uso, o que por muitas vezes foi determinante na sobrevivência do grupo.

Conforme previsto, a amizade é uma das principais vertentes mostrada no livro de Verne; a sociedade daquela época era calcada em suas normas e regras muitas vezes excessivas, mas é a lealdade e o amor fraternal ao próximo que mais se exalta na relação desses três corajosos homens durante toda a travessia da costa oriental à ocidental, o que, no final das contas, estreitou ainda mais o relacionamento desses amigos. 
Outra coisa que é necessário dizer sobre Cinco Semanas num Balão, é que certas atitudes demonstradas na história, vão totalmente contra certas normas dos dia de hoje, como por exemplo a atitude dos personagens com alguns animais exóticos e também a relação com os povos nativos do continente africano, o que por sua vez, deve-se atentar à época em que Júlio Verne viveu e escreveu suas obras. Mas, talvez, o maior êxito de todos em Cinco Semanas num Balão, seja as descrições culturais e geográficas que Verne se utilizou na história, dando aquela impressão de um relato de suas próprias experiências, tão bem descritas que são. Como muitos sabem, Júlio Verne jamais pisou em um balão e muito menos esteve no continente africano durante toda sua vida, o que só impressiona ainda mais tendo em vista as descrições detalhadas que existem na história.

Cinco Semanas num Balão de Júlio Verne, vai agradar aos leitores que gostam de uma boa história cheia de aventuras e perigos que é contada através de uma escrita aconchegante e tão imersiva que fica quase impossível deixar a leitura antes de seu término. Verne é um escritor incrível que teve por objetivo mostrar que a imaginação pode te levar a mundos desconhecidos e maravilhosos, mesmo que, uma vez ou outra, esses domínios também possam ser perigosos e aterradores. Júlio Verne em seu Cinco Semanas num Balão, meu caros leitores, é sim IMPERDÍVEL.
Sobre a Edição: A editora Edipro, mais uma vez, acertou no design da capa dessa história incrível e nos traz uma ilustração totalmente imersa na trama de Verne, que remete, inclusive, a uma cena da trama em si. O formato 14 X 21 é prático e ajuda bastante na leitura. A fonte é bem agradável e vem impressa em papel amarelado, dando o toque final em uma edição em brochura muito funcional e bonita. Agradeço imensamente a editora Edipro pelo envio do livro que me proporcionou horas de deleite e me introduziu, finalmente, a conhecer esse que é uma dos escritores mais famosos e cultuados no mundo todo: Júlio Verne. 
Sobre o autor: Júlio Verne (1828-1905) foi um escritor francês ao qual muitos críticos creditam a criação do gênero ficção científica. Filho mais velho de um advogado de Nantes, no interior da França, deu início a sua carreira literária influenciado pelas obras de Alexandre Dumas e Victor Hugo. Pesquisador voraz e dono de uma fértil imaginação, logo alcançou a fama com suas descrições de viagens e seus constructos fantasiosos. Em suas obras, chegou a predizer avanços científicos que só se tornariam reais décadas após sua morte, como o submarino moderno que aparece em Vinte mil léguas submarinas e a viagem espacial de Da Terra à Lua.

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