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[RESENHA #261] O COMEÇO DE TUDO (WILD CARDS #1) - GEORGE R. R. MARTIN


Título: O Começo de Tudo (Wild Cards #1)
Autor: Vários Autores (Editado por George R. R. Martin)
Editora: Leya
Páginas: 480
Ano: 2013
ISBN: 9788580445107
Onde Comprar: Amazon

Sinopse: 
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Terra é salva por pouco de um meteoro alienígena. Porém, o vírus que a bomba espacial carrega cai em Nova York e, gradativamente, espalha-se pelo mundo, contaminando parte da população e dotando parte dos sobreviventes com poderes especiais. Alguns foram chamados de ases, pois receberam habilidades mentais e físicas, alguns foram amaldiçoados com alguma deficiência bizarra e, por isso, batizados de coringas. Parte desses seres, agora especiais, usava seus poderes a serviço da humanidade, enquanto outros despertaram o pior que havia dentro de si. Série criada pelo genial George R. R. Martin a partir do jogo de RPG GURPS Supers, que desenvolveu para se distrair com seus amigos. O primeiro volume conta a história dos principais personagens que povoarão as páginas desta série de 22 títulos (editada e também escrita pelo autor de As crônicas de Gelo e Fogo). 

Resenha: O Começo de Tudo com deixa a entender o título, é o primeiro livro da série Wild Cards escrita por George R. R. Martin. A trama inicia-se em 1946, um ano após terminar a a Segunda Grande Guerra Mundial, quando ocorre a queda de um artefato alienígena no Planeta Terra. Nesse cenário surge o condecorado herói de guerra Jetboy, requisitado para resgatar esse artefato, que supostamente é uma bomba biológica.

"Os Shooting Stars começaram a se afastar, tombando no ar rarefeito. Jetboy só conseguia ouvir o som de suas próprias pressão e respiração nos ouvidos, e o alto gemido agudo de seus motores." p. 47

Esse artefato é utilizado por alienígenas, que possuem o objetivo de usar o Planeta Terra como cobaia desse vírus, porém o alienígena Tachyon surge para ajudar os terráqueos e evitar que essa bomba biológica seja ativada e o vírus contido nela seja espalhado, porém ele acaba sendo dissuadido de sua ideia, tendo em vista que o objetivo além de ter os seres humanos como cobaias, é a evolução dos mesmos.

Jetboy chegando ao local do artefato, não obtém sucesso em sua missão, tudo vai por água abaixo nessa tentativa mal sucedida de resgate e algo inimaginável acontece, o vírus conhecido como Carta Selvagem é ativado e esse alastra-se pelo globo, dizimando grande parte da humanidade que não sobrevive aos efeitos do mesmo. Uma parcela dos sobreviventes é transformada em seres deformados conhecidos como Curingas e outra ainda menor, em seres com superpoderes, conhecidos como Os Áses, esses inclusive passam a possuir poderes mentais e físicos além da capacidade humana.

"Quando acordou, estava repugnante e não tinha poderes especiais. Estava sem pelos, tinha um focinho e estava coberto de escamas cinza esverdeadas; os dedos eram alongados e tinham articulações extras, os olhos eram amarelos e estreitos; sentia dores nas coxas e na base da coluna se ficasse em pé muito tempo." p. 69

Os infectados começam a sofrer com efeitos de tirar cartas, aqueles que tiram a carta da Rainha Negra, acabam morrendo em poucos dias ou até mesmo de forma instantânea. Os Curingas, sofrem deformações comumente guiadas por suas personalidades e principalmente características físicas. Por fim, os Áses não sofrem deformações físicas. Após esse grande evento, passamos a acompanhar a rotina dos terráqueos, que precisam se adequar a nova realidade com as alterações genéticas, tendo o alienígena Tachyon como principal elo que amarra os contos, durante um período aproximado de 30 anos desde o momento inicial da infecção, que deu origens aos humanos que podem ser denominamos como mutantes.

Dr. Tachyon, através dos seus esforços volta a cena, tentando curar e tratar os afetados, porém acaba formando um time de áses. Esse grupo, atua como apoio, intervindo em conflitos internacionais. Mas esse grupo não dura por muito tempo, pois acabam caindo nas mãos do comitê de atividades antiamericanas. Os membros do grupo tem suas reputações destruídas e acabando caindo em desgraça e o principal responsável por isso é Jack Braun, que em certo momento traiu seus companheiros, dando início a uma caçada aos contaminados.

Opinião: O Começo de Tudo foi escrito por mais de 15 autores e editado por ninguém menos que George R. R. Martin. Pela diversidade de autores, é possível notar diferenças entre os contos e a grande maioria se passa no território norte americano. Alguns contos apresentam a narrativa em primeira pessoa e outros em terceira pessoa, ainda temos autores que mesclam ambas formas de narrativa citadas. Apesar dessa diversidade de autores, a maioria dos contos surpreendem pela alta qualidade. A trama foi organizada em ordem cronológica, algo super positivo.
O primeiro volume de Wild Cards é um livro dinâmico, os autores trabalham seus personagens e os pontos de vista ao invés de uma abordagem linear, porém devido a grande quantidade de personagens, é difícil lembrar de todos, tendo em vista que alguns são citados antes mesmo da própria história. Como ponto positivo, os personagens possuem característica bem detalhadas. Os autores defendem a perspectiva de que a história dos seres humanos pouco mudaria com a existência de monstros ou super-heróis.
Esse é um livro que apesar de algumas inconsistências, apresenta um universo fantástico, tem histórias bem boladas, diálogos inteligentes, os personagens e as tramas são interessantes, o que peca mesmo é a falta de um estilo próprio, mas isso é praticamente impossível de exigir quando o livro foi escrito por diversos autores.
Em suma, O Começo de Tudo é um livro com traços políticos e uma pegada noir. É possível perceber que a maioria dos protagonistas são anti-heróis, predomina a sujeira, criminalidade e corrupção nas cidades em que nos deparamos durante a leitura. Esse livro apresenta uma grande história em um mosaico, sobre diferentes perspectivas, com uma ideia interessante e um universo gigantesco para ser explorado. Recomendo a leitura para todos que gostam de aventura, fantasia, ficção e ficção científica.
A edição apresenta fonte padrão da Leya, a revisão está boa, o livro foi impresso em papel pólen (folhas amareladas). A capa ficou bem legal, os contos são relativamente curtos e existem intervalos ao longo desses que são demarcados com símbolos das cartas. Gostei da diagramação no geral. Agora é ler o próximo volume Ases nas Alturas assim que aparecer uma oportunidade.

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