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[RESENHA #68] A OBSCENA SENHORA D - HILDA HILST

Título: A Obscena Senhora D
Autor: Hilda Hilst
Editora: Coleções Folha (Folha de S. Paulo)
Páginas: 54
Ano: 2016
ISBN: 9788525034649

Sinopse: Logo nas primeiras linhas de A obscena senhora D o leitor é aspirado pela voracidade do texto. No entanto, o que ocorre aqui é diferente daquele impulso comum em livros de suspense, que nem o sono consegue deter. O mistério na obra de Hilda Hilst (1930-2004) não acontece na trama, mas na forma como sua escrita nos lança num abismo, arrasta como uma vertigem. Se o princípio sugere um monólogo, a multiplicação de vozes e de registros que vêm em seguida impede a certeza na unidade de alguém que narra. A letra D no título é outra manifestação desse mistério, uma indeterminação que sugere experiências de desamparo, desaparecimento, desabrigo ou até mesmo Deus. O fluxo quase irracional das frases, as anomalias gramaticais, o modo áspero com que a autora funde o sagrado e o profano podem dar a impressão de um livro difícil, daqueles que a maioria desiste antes do fim. Ao contrário destes, porém, A obscena senhora D é difícil de fechar. Quando acaba, dá vontade de recomeçar para sentir tudo de novo. Cássio Starling Carlos Crítico da Folha.

Resenha: Hilda Hilst nos apresenta a história de Hillé ou Senhora D, de derrelição, que significa estado de abandono, desamparo e solidão. Hillé é uma mulher de 60 anos, que perdeu o marido, se mostrando dilacerada por perguntas que visam buscar a Deus, algo que lhe gera muitas frustrações, pois percebe o quanto a perdição está presente nos humanos.

"Derrelição Ehud me dizia, Derrelição - pela última vez Hillé, Derrelição quer dizer desamparo, abandono, e porque me perguntas a cada dia e não reténs, daqui por diante te chamo A Senhora D." p. 11.

A senhora D talvez pela perda do seu marido ou por sua personalidade ímpar, apresenta sinais de insanidade, algo que por vezes assusta os vizinhos, por não compreenderem a mesma e pelo fato deles a ridicularizarem. Na trama vemos que um dos poucos que a compreendia era o seu falecido marido Ehud, que é uma presença constante em suas lembranças.

No decorrer da leitura visualizamos Hillé divagando, levantando questionamentos e fazendo considerações sobre a vida; por vezes desconexos ou malucos, porém interessantes. Hillé se apresenta como uma mulher peculiar e incomum para a sociedade da sua época, pois pensava, questionava e fazia perguntas, reflexões sobre o propósito da vida, algo que fazia também em sua juventude, o que se mostrou ao longo do tempo algo prejudicial, pois acabou afastando as pessoas dela.

"Senhora D, o Mal não foi criado, fez-se, arde como ferro em brasa, e quando quer esfria, é gelo, neve, tem muitas máscaras, por sinal, não gostaria de se desfazer das suas, e trazer a paz de volta à vizinhança?" p. 19.

Opinião: A obra de Hilda oscila entre o poético e a narrativa dramática, com um texto onde Deus é sempre indagado, questionado. Hilda ainda traz ao leitor diálogos com questões que se mostram hilárias.
Na obra de Hilda não vemos uma constante preocupação com a palavra, apenas uma clara necessidade de transmissão da informação, apesar disso se mostra uma rica literatura nacional e também existencial, a qual nos envereda por caminhos cheio de reflexões, que de certo modo nos faz reavaliar o sentido da vida.

A Coleções Folha como sempre dando show na edição, com uma capa dura, folhas amareladas, sem erros ortográficos, contendo ainda ao final da obra uma lista com todas as obras da coleção Grandes Nomes da Literatura. Esse é o 12º volume de um total de 28 da coleção e chegou às bancas no dia de ontem (19/06), porém pode também ser adquirido pelo site da Coleções Folha.

Por Mayara Frossard

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