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[RESENHA #507] A BUSCA - LISA KLEYPAS



Título: A Busca - The Travis Family #3
Autor: Lisa Kleypas
Editora: Gutenberg
Páginas: 288
Ano: 2018
ISBN: 8582354851
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: Após uma infância cheia de traumas, tudo o que Hannah Varner deseja é viver bem longe da mãe problemática e das complicações que a irmã, Tara, despeja em seu colo. Hannah quer algo que nunca teve: uma vida tranquila. Mas um telefonema muda todos os seus planos… Tara teve um filho e desapareceu, deixando o bebê aos cuidados de Hannah.

Desesperada, a jovem decide investigar tanto o paradeiro da irmã quanto a identidade do pai da criança. E descobre que um membro da família Travis pode ser o responsável por aquela confusão em sua vida. Jack Travis, um milionário de uma das mais importantes famílias do Texas, amante das mulheres e do prazer, nunca pensou que encontraria em seu escritório uma jovem irritada e extremamente sexy segurando um bebê que pode ser seu filho. Nesta envolvente trama, com personagens densos e uma história familiar inesperada, Lisa Kleypas nos leva a conhecer mais um membro da família Travis e a descobrir o verdadeiro significado das palavras amor e entrega. 

Resenha:  Um livro que fala sobre traumas, maternidade, laços amorosos e paternidade abandonada. Lisa nos surpreende com uma faceta contemporânea que se caracteriza pela denúncia de problemas sociais e emocionais grandiosos em nossa sociedade, na qual são negligenciados. Hannah Varner é uma jovem colunista de uma revista famosa, na qual ela atende pelo nome de Srta. Independente e dar conselhos amorosos para suas leitoras. Ela é uma mulher insegura na realidade e tem medo desenfreado de perder as pessoas que ama. Esse trauma se deve pelos cuidados escrotos de sua mãe que na verdade nunca tivera a intenção de ser uma mãe e descontou sua frustração nas duas filhas, Hannah e Tara.

"Eu entendi, finalmente, que a coisa que eu mais devia temer não era a perda,mas nunca amar. O preço da segurança era o arrependimento que eu sentia nesse momento. [...]" p. 244

Há anos a jovem se afastou de sua mãe e sua irmã cacula. Não porque ela não as amava, mas para se protege de toda toxicidade que aquela casa emanava em sua vida. Foram anos de terapia para lhe darem um pouco de equilíbrio emocional para enfrentar a vida. Se distanciara de sua irmã, porém sentia a culpa em sua mente toda vez que pensava que ela estava entregue aos humores instáveis da mãe e principalmente fazendo escolhas semelhantes à de sua progenitora.
O que ela não esperava é que num belo dia que estava almoçando com seu namorado Dane e recebe a ligação insistente de sua mãe, onde ela berrava que sua filha inconsequente tinha aparecido transtornada para conversar e trazia em suas mãos um lindo bebê que era filho de Tara com algum namorado desconhecido. O passado viera cobrar seu preço e trazia como castigo a inesperada presença de Luke, seu sobrinho. Um bebê que uma semana que já sentia o abandono em seus poros pela mãe e pela avó que se achava muito nova para ser chamada assim.

"Eu não acreditava que teria sobrevivido à infância sem minha irmã, nem ela sem mim. Nós éramos, uma para a outra, o único elo com o passado... Essa era a força de nossa ligação, e também a fraqueza." p. 15

Hannah pega a estrada para salvar aquela criança de um destino igual ao seu e de Tara, porém também não quer a responsabilidade para si, porque nunca se imaginara como mãe, todavia Luke precisava de seus cuidados até ela encontrar sua mãe e obriga-la a procurar o pai daquele anjinho que precisava de todo amor e atenção do mundo. Nessa jornada, ela cruza seu caminho com o bilionário Jack Travis que pode ser o possível pai de seu sobrinho.

Ambos não esperavam que seus mundos fossem colidir de tal forma que seus conceitos sairiam de órbita e os levariam para uma relação sensível e cruelmente amorosa. O que não imaginavam é que traumas são tratados com dor, tempo e muito diálogo. O que não esperavam é que teriam que enfrentar seus medos para amadurecer e estarem prontos para as reviravoltas da vida.

Será que Hannah está pronta para encarar seus monstros? Por que sua irmã abandonara Luke? E quem é Jack Travis nesse enredo? Mais um riquinho esnobe?

"Luke adormeceu segurando meu dedo. Aquilo foi de uma intimidade diferente de tudo que eu já tinha sentido antes." p. 39

Opinião: Hannah é uma personagem completamente absorta em seus problemas interiores. Ela foi sugada pelos dilemas pessoais de sua mãe e irmã. Ela omitiu-se para ser aquela pessoa que resolve todos os problemas dos outros, porém está afundada em seu dilema existencial.
Ela teve que conviver com uma mulher que não almejava de forma alguma o trabalho da maternidade. Sua mãe apenas tivera filhas, porque era dever de uma esposa conceder descendentes aos marido. O irônico é que o pai sumiu e ela demonstrou-se uma megera que filha Tara e Hannah como concorrentes  e não como filhas.

A mãe das jovens é uma personagem que desperta nojo e repulsa nos leitores. Ela é uma mulher desprezível e egocêntrica. Não tem afeição alguma com suas filhas e nunca teve um momento de felicidade e prazer com ambas. No momento que mais precisaram do pulso firme e proteção que são característicos da maternidade, ela as abandonou e deixou-as aos abusos dos homens que trazia para casa e ainda afirmava que as filhas a inveja. Uma mulher mesquinha, sem qualquer resquício de compaixão e amor ao próximo.

"Não se espera que uma mulher maravilhosa seja inteligente e , quando é, a  maioria das pessoas acha isso desagradável". p.11

Tara é a irmã mais nova de Hannah. Foi a mais assediada pelos namorados da mãe, porque é definida como uma "deusa da beleza". Sempre tivera um comportamento auto depreciativo, devido a mãe dela taxar Hannah como a inteligente e ela como a linda, demonstrando assim a "verdade" errônea que beleza e inteligência não andavam juntas. Ela cometera vários erros durante sua vida, já que optara por não fazer terapia para tratar seus traumas e por isso quando Luke surgiu, viu-se num labirinto de dor e ambiguidade, porque não desejava de forma alguma ser mãe, pois não tinha objetivo de reproduzir o comportamento doentio de sua progenitora e por isso achou que sua irmã seria mais adequada para cuidar de seu filho, enquanto tentava se encontrar.

Dane é o namorado de Hannah e é um personagem que desperta emoções contrárias no leitor, porque seu comportamento é tolerável se pensamos como ele, porém inaceitáveis se olhamos numa visão mais social e amorosa. Ele é um homem de elevada moralidade e ética. Um ativista extremista e de ideias bem contemporâneas, modernas até demais. 

" - Uma pessoa não pode pertencer a outra - eu o contestei -. Na melhor hipótese, é uma ilusão. Na pior, escravidão." p.50

Quando Luke surge na vida de Hannah, ele a coloca contra "a parede" e a obriga a escolher entre ele e a criança. Se julgarmos isso levando em conta que eles eram namorados há quatro anos, tomamos como resultado uma ideia insensível, já que ele deveria a apoia-la e ajudá-la nessa tarefa heroica, porém ele simplesmente "pula fora do barco" e a deixa à mercê dos próprios problemas, como Stacy, melhor amiga de Hannah, diz para sua amiga: " Dane tem que crescer e não ser um adolescente rebelde com causas ridículas." e isso se reflete no relacionamento deles, porque Hannah SEMPRE justifica as escolhas de Dane. Parece que ele sempre está certo, mesmo quando está sendo claramente egoísta e contraditório aos seus ideais. 

Não gosto de Dane, porque ele representa bem a geração "rebelde sem causa". A geração que acha que se amarrar a uma árvore vai salvar toda a Natureza. A geração que acredita que discutir política nas redes sociais vai mudar a política de qualquer país. A geração que muda fala e pouco conhece e justifica seu radicalismo com ideologias fajutas.

" - Eu sei que Dane preferiria salvar o mundo do que tentar salvar um bebê. Mas entendo o porquê.
 - Bebês são como clientes difíceis, Hannah - Tom disse. - Você ganha mais crédito por tentar salvar o mundo. E é mais fácil." p. 70

Agora temos Jack Travis. Não pense que você encontrará mais um bad boy como em outros livros desse gênero. Ele é a antítese disso tudo. Ele me surpreendeu demais e tornou-se o personagem mais cativante desse gênero para mim, porque Lisa quebrou o esteriótipo do mocinho que fica com todas e é dramático em tudo, precisa de ajuda até para se vestir. Aqui temos um homem - com H maiúsculo -, pois ele não finge ser outra pessoa. Ele é humanitário e ambientalista, mas gosta de caçar com as leis controlando o hobbie, não usar carros que poluem a atmosfera, porém também sabe a importância da carne na alimentação, é ético sem ser hipócrita. Ele mostra que podemos ser éticos sem ser levianos e muito menos extremistas. Leia e se apaixone como eu por esse homem rs.

A narrativa da autora é muito fluída e cativante. Não tem como iniciar a leitura e parar, porque o enredo lhe prende com facilidade. Lisa nos presenteia com uma história dramática sem ser melosa. Ela nos apresenta um contexto social real que debate sobre a "obrigação" que as mulheres têm em serem mães. Ser mãe é uma escolha e não uma dádiva divina. Ter um útero não obriga, nós mulheres, a optamos por serem mães. A maternidade exige sacríficos e muito amor e nem todas querem isso e a paternidade vai na mesma relação, algo que a autora ressalta com seriedade e propriedade.

" - Nem sempre é possível proteger as pessoas que nós amamos. - eu disse." p.86

Ao decorrer da leitura percebemos vários outras temáticas como o machismo e suas consequências no desenvolvimento humanos, as políticas ambientalistas e suas contradições com a realidade e outros temas polêmicos.

A capa combina perfeitamente com a história, já que traz uma modelo semelhante à Hannah com seu 1,63 cm de altura, cabelos curtos e pele branca que fica vermelha com facilidade e o carrinho com Luke que sempre a acompanha e a tornou uma outra mulher.

A Busca é uma obra que vai além do romance e traz um debate saudável sobre problemas sociais que invadem constantemente nossas vidas e tem dragados pessoas e destinado muitas penas a uma vida infeliz e dolorosa.  
Sobre a autora: Formada em Ciências Sociais pela tradicional universidade de Wellesley, Lisa Kleypas foi Miss Massachusetts antes de deslanchar como escritora de romances históricos. Publicada pela primeira vez aos 21 anos, já escreveu mais de 40 romances, que são best-sellers no mundo todo e foram traduzidos para 28 idiomas. Lisa ganhou prêmios RITA e muitas menções honrosas em publicações especializadas. Mora em Washington com o marido e os dois filhos. Dela, a Editora Arqueiro publicou as séries Os Hathaways e As Quatro Estações do Amor.

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