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[RESENHA #354] CONTOS DE AMOR E TERROR - EDGAR ALLAN POE

Título: Contos de Amor e Terror
Autor: Edgar Allan Poe
Editora: Martin Claret
Páginas: 162
Ano: 2016
ISBN: 9788544001288
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: Esta edição especial possui os seguintes contos: "O retrato oval", "Ligeia", "Berenice", "Morella", "Eleonora", e "O encontro marcado". Uma edição imperdível para os amantes de mistério e da escrita brilhante de Edgar Allan Poe. 


Resenha: Contos de Amor e Terror foi publicado pela Editora Martin Claret e conta com seis contos de Edgar Allan Poe, esse volume foi publicado em 2016 um ano após a publicação de Contos de Suspense e Terror que em breve será resenhado aqui no blog. O livro conta com os seguintes contos: O Retrato Oval, Ligeia, Berenice, Morella, Eleonora e O Encontro Marcado. Acompanhe abaixo a resenha sobre cada conto.

O Retrato Oval: Nesse conto acompanhamos um cavaleiro ferido que está sendo amparado por seu servo e somos levados para um misterioso castelo, o qual o nosso cavaleiro pretende buscar um refúgio para se abrigar da noite que cai. Nesse o cavaleiro escolhe um quarto pequeno, mas que está repleto de adereços como troféus, tapetes, quadros e itens que enriquecem a decoração. Intrigado e curioso com tudo que o cerca, o homem solicita um candelabro ao seu servo para que possar vislumbrar e apreciar todos os detalhes que permeia o ambiente.

"De que agora enxergava com nitidez, eu não podia e não queria duvidar; pois o primeiro brilho das velas sobre a tela parecera dissipar o estupor onírico que se vinha esgueirando sobre meus sentidos e trazer-me de imediato à vida desperta." p. 33.

Ao tomar conhecimento de tudo está em sua volta, o protagonista fica impressionado com o retrato de uma mulher, pois a riqueza de detalhes é tamanha que ele fica impressionado com a sensação de realismo que o quadro transmite. Ansioso por saber mais sobre a mulher do quadro, ele encontra informações que narravam a história de uma jovem apaixonada pelo marido e que sentia ciúmes da atenção que ele dava para as suas pinturas, até que certo dia ela aceita a proposta de ser retratada pelo marido em uma pintura, porém isso vai mudar a vida dos dois.
Ligeia: Publicado pela primeira vez em 1838, o conto é narrado por um personagem desconhecido para nós que fala sobre a sua amada Ligeia, uma mulher considerada por ele como a mais inteligente e bonita do mundo que torna-se a esposa do narrador. Porém, em certo momento Ligeia morre e o nosso narrador fica completamente arrasado e entrega-se de forma profunda ao uso de ópio e à perversidade. É nessa fase que conhece Lady Rowena, uma mulher loura de olhos azuis com quem casa, mas descobre que ela é extremamente chata.

"Não consigo, pela minha alma, lembrar como, quando, ou mesmo precisamente onde, travei conhecimento pela primeira vez com lady Ligeia. Longos anos já se passaram desde então e minha memória é fraca de tanto sofrer [...]" p. 39.

Algum depois depois a sua nova esposa é acometida por uma doença e antes dela morrer, o protagonista sem nome começa a ver alguns vultos vagando pela casa, contudo ele acredita que isso são alucinações devido ao uso de ópio. Algum tempo após Lady Rowena falecer é que algumas coisas no mínimo estranhas começam a acontecer na vida do desafortunado protagonista que perde as suas mulheres de forma misteriosa.
Berenice: Esse conto foi publicado originalmente em 1835 e tem como foco o jovem personagem Egeu. Ele inicia o conto relatando a sua própria personalidade, a sua infância e a relação com Berenice, uma menina agitada e de bem com a vida, detalhes que contrastam com Egeu, tendo em vista que ele era quieto e um pouco melancólico. Com o passar do tempo Berenice fica doente e perde toda a vivacidade que sempre apresentou, inclusive sua morte é dada como certa. É nesse cenário que Egeu pede Berenice em casamento e tudo muda quando Berenice muito pálida da um sorriso para Egeu que encantado por seus dentes não para de pensar neles e na forma como Berenice sorria para ele.

"E a noite fechou-se sobre mim desse modo - e então a escuridão veio, e demorou-se, e se foi - e o dia novamente amanheceu - e as brumas de uma segunda noite estavam agora reunindo-se - e eu ainda estava sentado meditando - e ainda a aparição dos dentes matinha sua terrível ascendência, enquanto, com a mais vívida e horrível nitidez, flutuava entre as luzes e sombras cambiantes do recinto." p. 75.

Morella: Escrito em 1835 por Edgar Allan Poe, o conto é narrado pelo marido da bela, inteligente e erudita mulher chamada Morella que dispõe do seu tempo para estudar os filósofos alemães Fichte e Shelling. Com o tempo, toda a beleza que Morella apresentava e encanto que exercia sobre o marido vai acabando; assim o homem começa a ver sua amada com olhos sombrios e também com uma espécie de medo. Deixando de amá-la quando Morella ficou doente, ele desejava constantemente a morte dela. O que o nosso narrador não esperava é que ao Morella morrer nasceria um fruto da relação, uma filha para o espanto do marido. O homem apesar de amar a sua filha não lhe dá um nome e esta ao crescer apresenta as mesmas características da falecida mãe. Será que a identidade da mãe pode passar para a filha? Quem seria essa filha? O narrador precisa recorrer a sua consciência em busca de alguma resposta.
Eleonora: Publicado em 1841, o conto é divido em duas partes, retratando as memórias do passado e o momento presente do narrador. Logo no início o narrador sem nome que  nos conta como foi viver com a tia e a prima no Vale Multicor durante alguns anos. Com o tempo os primos se apaixonam e conforme essa paixão vai aumentando, o vale vai ganhando características de uma paraíso idílico repleto de flores perfumadas e árvores fantásticas passando a refletir a beleza do amor entre o narrador e sua prima.

No decorrer da leitura acompanhamos o momento presente permeado com um clima sombrio e repleto de incertezas, isso ocorre pelo declínio da saúde de Eleonora que fica doente. Ela teme que morrendo o seu amado vá esquecer dela, e que após a morte ele irá em busca de outra mulher para se apaixonar, com esses temores ela deixa claro que o amor entre ela e o seu amado é maior do que tudo. Diante de tudo que está ocorrendo, o protagonista jura que jamais irá olhar para outra mulher ou mesmo sair do vale e isso enche o coração de Eleonora de esperanças e ela acaba prometendo que sempre irá proteger o amado, mesmo depois da morte. É na segunda parte da história que acompanhamos os relatos do narrador sobre a vida após perder a sua Eleonora, as consequências das promessas feitas e sua dúvida sobre a própria sanidade e todas lembranças desse período.

O Encontro Marcado: Esse conto narra o caso de uma criança que supostamente se afogou. Porém, na verdade ela desapareceu nas redondezas de um lago e após isso ocorre a mobilização de todos os homens do local que vão em busca dela, contudo é a presença de um misterioso homem que sofre de algum "desequilíbrio" mental e o seu encontro com a mãe da criança que dá o tom da trama.
Opinião: O livro conta com seis contos e Poe me deixou completamente envolvido. O autor apresenta personagens com mentes deturpadas e desequilibradas que se encaixam perfeitamente no decorrer das histórias. Os cenários góticos com suas atmosferas de suspense e terror é outro diferencial dos contos, pois me senti capturado por esses cenários. Poe me impactou com os seus contos, já que em alguns momentos fiquei com os sentimentos de agonia ou mesmo surpresa ao final de alguma narrativas. Poe nos leva a conhecer o lado íntimo, porém sombrio que existe no ser humano.
Sobre a Edição: A edição conta com capa dura e jacket, tem também uma bela apresentação por parte da Eliane Fittipaldi Pereira (Mestre e Doutura em Letras) que fala sobre a importância da tradução e também dessa coleção. O posfácio é super interessante e traz críticas sobre a obsessão de Poe com a morte. No geral a edição está caprichada, a revisão ficou muito boa, a fonte e o espaçamento ficaram confortáveis, o papel é levemente amarelado e de muita qualidade, o livro conta ainda com notas explicativas.
Sobre o Autor: Edgar Allan Poe nasceu em 19 de Janeiro de 1809 na cidade de Boston, Estados Unidos. Ele foi um autor, poeta, editor e crítico literário americano, integrante do movimento romântico americano. Poe ficou conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, é considerado um dos primeiros escritores americanos de contos e é geralmente visto como o inventor do gênero ficção policial. Poe foi o segundo filho de David Poe e Elizabeth Arnold, ambos atores. 

Ainda criança ficou órfão e foi adotado pelo rico casal de Jonh Allan e Frances Kelling Allan. Poe recebeu uma educação de qualidade e pode realizar viagens pela Inglaterra, Escócia e Irlanda com os pais adotivos. Em 1822 regressou aos Estados Unidos onde continuou seus estudos. Dois anos depois, entrou para a Universidade de Charlotesville, distinguindo-se tanto pela inteligência quanto pelo temperamento inquieto, que o levou a ser expulso da escola. Escritor bem-sucedido, Poe casou-se com Virginia Clemm. Contudo, o alcoolismo atrapalhou a sua carreira e Poe passou a produzir como "free-lancer", mas sem ganhar o suficiente para manter uma vida digna e o levou a afundar no alcoolismo. Com a morte da sua mulher o problema agravou e o escritor passou a beber cada vez mais, inclusive sofrendo de ataques de delirium tremens. O escritor morreu na madrugada de 7 de Outubro de 1849, aos 40 anos. 

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