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[RESENHA #331] A CASA DAS SETE MULHERES - LETÍCIA WIERZCHOWSKI


Título: A Casa das Sete Mulheres
Autora: Leticia Wierzchowski
Editora: Bertrand Brasil

Páginas: 462
Ano: 2017
ISBN: 9788528622041
Onde Comprar:
 Amazon - Saraiva

Sinopse:
 Relançamento com nova capa do livro que deu origem à série da Rede Globo. Durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) — uma luta dos latifundiários rio-grandenses contra o Império brasileiro —, o líder do movimento, general Bento Gonçalves da Silva, isolou as mulheres de sua família em uma estância afastada das áreas em conflito, com o propósito de protegê-las. A guerra que se esperava curta começou a se prolongar. E a vida daquelas sete mulheres confinadas na solidão do pampa começou a se transformar. O que não está nos livros de história sobre a mais longa guerra civil do continente está neste livro de Leticia Wierzchowski, um exercício totalizador sobre a violência da guerra e sua influência maléfica sobre o destino de homens e de mulheres. 

Resenha: A Casa das Sete Mulheres foi escrito por Letícia Wierzchowski e é o primeiro volume da trilogia farroupilha que conta a história da Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha inciada no ano de 1835 e que terminou por volta de 1845, quando latifundiários rio-grandenses lutaram contra o Império em busca da em prol da independência da província. Nesse cenário de revolução conhecemos Bento Gonçalves da Silva, um dos coronéis e principal nome da Revolução Farroupilha.

"O ano de 1835 não prometia trazer em seu rastro luminoso de cometa todos os sortilégios, amores e desgraças que nos trouxe. Quando a décima segunda badalada do relógio da sala de nossa casa soou, cortando a noite fresca e estrelada como uma faca que penetra na carne tenra e macia de um animalzinho indefeso, nada no mundo pareceu se travestir de outra cor ou essência [...]" p. 11.

O líder militar, juntamente com Anselmo, em dado momento resolvem manter as mulheres da família em segurança e longe do conflito. Para isso, todas as setes mulheres da família são conduzidas para longe dos conflitos e são instaladas na Estância da Barra, localizada na região do Arroio Grande, próximo as margens do Rio Camaquã, onde a chegada das mulheres nesse lugar mexeu com todas. Em uma guerra que não tem fim, elas vivenciam uma outra interna. Angustiadas e tendo de enfrentar a solidão, elas esperam constantemente por uma notícia ou um simples bilhete que possa trazer notícias dos seus amados que estão no conflito.
Durante a leitura conhecemos todas as setes mulheres da família formada por: Ana, Antônia e Caetana, irmãs e esposa de Bento Gonçalves, além das jovens Perpétua filha de Caetana com Bento e suas primas Rosário, Mariana e Manuela. As mulheres durante o período de dez anos passam a vivenciar um grande confinamento na Estância da Barra e precisam lidar com conflitos diversos, amores e todas as dificuldades dessa guerra local.

"Perpétua estava recostada na cama, lendo um livro. Mas a leitura não lhe entrava pela cabeça. De quando em quando, levantava um dos olhos para espiar a prima. Andava achando Rosário tão estranha ultimamente... Não que fosse má companhia ou estivesse de humores ruins, pelo contrário, até andava mais feliz, até sorria mais, gostava de assuntos, dizia sempre que a guerra logo findaria." p. 87.

Em tempos de incertezas acompanhamos o amor entre Manuela, sobrinha de Bento, com o italiano Giuseppe Garibaldi, um militar que aliou-se ao comandante Bento Gonçalves. Mas é em meio ao clima de incertezas que ocorrem momentos de encontros e desencontros entre Rosário e Steban. Nesse cenário, ainda há espaço para o amor entre Mariana e João Gutierrez e é através dos "Cardenos de Manuela" que conhecemos o dia a dia da Estância e de todas as outras seis mulheres que vivem ao seu redor.

Opinião: Letícia Wierzchowski apresenta um enredo bem construído, quase perfeito, traz passagens da guerra, os dramas e angústias que as mulheres precisaram enfrentar afastadas de tudo e todos e, principalmente, de seus amores. Somos conduzidos pela autora para a então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, que atualmente é o estado do Rio Grande do Sul, e conhecemos a luta pela sua independência, objetivando separar-se do Império.
A narrativa oscila entre a primeira e terceira pessoa e além disso é forte e real. A história da revolução é contada de forma nua e crua, a autora nos transmite sentimentos como angústia e agonia, enquanto acompanhamos a guerra e seus personagens. É interessante acompanhar os romances proibidos ou inacabados, pois a tragédia não está apenas no campo de batalha, mas também na vida das setes mulheres. A perda é algo presente assim como a coragem para vencer as dificuldades que aparecem nos caminhos de diversos personagens. Esse é um belo romance, rico em detalhes e nos faz conhecer um pouca da história brasileira.
Sobre a Edição: A Casa das Setes Mulheres recebe essa nova edição pelo selo Bertrand Brasil, que pertence ao Grupo Editorial Record. O projeto gráfico é digno de elogios, a capa ficou extremamente linda e conta com diversos detalhes, já revisão ficou impecável. A edição vem com as folhas amareladas e fonte em tamanho bastante agradável.
Sobre a Autora: Antes de se dedicar às letras, começou a cursar a faculdade de arquitetura, que não chegou a completar. Foi proprietária de uma confecção de roupas e trabalhou no escritório de construção civil de seu pai. Enquanto trabalhava neste último emprego, começou a escrever ficção. Seu romance de estreia, publicado em 1998 e relançado em 2001, O anjo e o resto de nós, conta a saga da família Flores, ambientada no início do século XX no interior do Rio Grande do Sul.

O grande sucesso literário de Letícia viria com o romance A casa das sete mulheres, adaptado pela Rede Globo numa minissérie que foi ao ar em 2003 e reexibida em 2006. Instada por seus editores a escrever uma continuação da saga das sete mulheres gaúchas durante a Revolução Farroupilha, recusou-se de início, pois tinha outros projetos literários. No entanto, acabou cedendo às pressões e lançou Um farol no pampa, em que retoma a vida dos personagens da casa. Lançou em 2006 sua décima-primeira obra, Uma ponte para Terebin, em que narra a história de seu avô polonês. Ao mesmo tempo, trabalha, em parceria com Tabajara Ruas, no roteiro cinematográfico de O Continente, baseado na obra de Érico Veríssimo.

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