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[RESENHA #257] SILÊNCIO - SHUSAKU ENDO



Título: Silêncio
Autor: Shusaku Endo

Editora: Tusquets (Planeta de Livros)
Páginas: 272

Ano: 2017
ISBN: 9788542208924
Onde Comprar:
 Amazon - Saraiva

Sinopse: O mais aclamado romance de Shusaku Endo, adaptado para o cinema por Martin Scorsese Com Andrew Garfield e Liam Neeson no elenco, trata da força da fé em tempos perigosos. Profundo observador dos dramas humanos, o escritor narra em Silêncio a saga de missionários portugueses no Japão do século XVII, um período em que os cristãos locais eram brutalmente oprimidos. Capturados e forçados a ver seus companheiros japoneses abrirem mão da vida pela fé, os jesuítas começam a testemunhar crueldades inimagináveis que testam suas próprias crenças. Shusaku Endo (1923-1996) é um dos mais celebrados e conhecidos escritores japoneses.


Resenha: Ano de 1639 (século XVII), estamos no país do sol nascente, período em que o Japão foi governado pelos Xoguns da família Tokugawa. Vemos que nessa época as autoridades japonesas identificaram o rápido crescimento e estabelecimento da Igreja Católica, algo que ameaçava a cultura e o modo de vida milenar japonês, além de ser vista como uma invasão européia com o seu modo de vida.

A catequização dos japoneses, iniciada por Francisco Xavier, ocorreu nas primeiras décadas do século XVI. Nessa época por volta de 300 mil japoneses foram convertidos, um número considerado alto. No século XVII, devido essa grande conversão ocorrida no passado, padre e convertidos passaram a ser perseguidos, torturados ou mortos. No meio desse processo que gerou a morte de milhares de seres humanos que acreditavam em Jesus, está o Padre Ferreira, que após uma grande exposição ao sofrimento próprio e alheio, abandonou os fiéis em Cristo, sendo abandonado pela Igreja Católica.

"Partiremos, enfim, daqui a cinco dias. Para o Japão não levamos nada além de nossos próprios corações." p. 51.

Mas esse fato que ocorreu com Ferreira não passa despercebido para os padres Sebastião Rodrigues e Francisco Garpe, que decidem ir ao japão em busca de Ferreira, pois eles não entendiam o que estava acontecendo lá e não acreditavam que Ferreira abandonara o seu rebanho. Chegando no Japão, a dupla vê um povo sofrido, miserável e com muito medo, mas ao mesmo tempo que buscava a fé e salvação em Cristo. 
"Fui limpar o suor que me escorria pelo rosto. Entretanto, quando olhei para a mão, vi que se tratava não de suor, mas de sangue. Ao saltar para o chão, eu batera a cabeça em alguma coisa." p. 113.

Nesse cenário, ambos decidem iniciar uma peregrinação como missionários, mas essa é uma jornada complicada e árdua, pois eles precisavam fazer tudo de forma oculta, pois se os samurais descobrissem, a morte seria praticamente certa. Enquanto peregrinavam e catequizavam, Rodrigues e Garpe buscava, por pistas e notícias sobre Cristóvão Ferreira, que fora professor deles na Europa. Porém essa jornada se mostra um grande teste de fé e sobrevivência para ambos o padres.

"Se nossa doutrina não progride aqui no Japão, não é por culpa da Igreja. É culpa daqueles que separam os cristãos japoneses da Igreja assim como se separaria um marido da esposa." p. 178.

Opinião: Com uma narrativa introspectiva, Silêncio retrata um momento histórico, onde a opressão, violência e perseguição foi implantada contra os japoneses cristãos do século XVII, algo que acarretou sobretudo na perda da espiritualidade e da fé. Para alguns, esse livro pode ser o silêncio de Deus em face ao sofrimento daqueles que o defendem e o professam. O silêncio, pode ser entendido também como a atuação da Igreja Católica na clandestinidade para professar a sua fé. 
É muito triste ver até que ponto o ser humano pode forçar, torturar e utilizar a violência causando morte ao próximo, para que este renegue suas convicções em prol do Budismo, religião oficial do Japão. Shushaku Endo demonstra a agonia, a dor que um padre precisa enfrentar ao abdicar Cristo, ser supremo de veneração no cristianismo, em prol de vida alheias, que podem ser ceifadas pelas autoridades do governo Togukawa.


Ao abordar o passado, Shusaku Endo leva ao leitor um problema ordinário em diversas sociedades mundo afora, ele aborda a intolerância e perseguição religiosa. O autor também nos leva a pensar sobre qual caminho escolheríamos caso estivéssemos no lugar daqueles padres ou japoneses cristãos. 
Esse livro traz um choque de culturas, entre ocidente na figura dos padres e o oriente. O Japão é descrito pelo padre apóstata Ferreira como um local onde as raízes da fé Cristã que por ele foi plantada, chegaram ao ponto de apodrecerem. O detalhe é que o Padre Ferreira realmente existiu e abondou a fé que professava em cristo, após uma longa sessão de tortura. Silêncio é um livro que impressiona pelo sofrimento e solidão daqueles que são forçados a violar sua identidade e fé.
O projeto gráfico apresentado pela editora Tusquets (Planeta de Livros) ficou muito bom e a capa retrata o clima de solidão e angústia que permeia toda a narrativa, onde o foco é o personagem Padre Ferreira, que no filme foi interpretado por Liam Neeson. O livro também conta com um prefácio escrito por Martin Scorsese, diretor do filme Silêncio. Além da bela capa, como disse, o livro foi impresso em papel pólen, com fonte em tamanho super confortável, bem como o espaçamento, o que facilita bastante a leitura. A Editora Tusquets está de parabéns pela edição de Silêncio de Shusaku Endo.

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7 Comentários

  1. Olá adorei conhecer o autor, a adaptação parece maravilhosa, parabéns pela resenha ficou excelente!

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  2. Que temática interessante, acho que nunca li nada sobre esse assunto. Acho que iria ser uma leitura importante, mas um pouco pesada, devido ao tema.
    Beijos
    Mari
    www.pequenosretalhos.com

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  3. Já tinha ouvido falar do filme, mas não sabia que tinha livro. Pela tua resenha para uma ótima história, mas não sei se leria por agora devido ao tema mais pesado e eu estar buscando leituras mais leves.

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  4. Oi.
    Eu não conhecia esse livro, a temática é interessante, apesar de não gostar da institucionalização de religiões, em especial do cristianismo, considero uma leitura válida.

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  5. Oie
    muito legal o livro, ainda não conhecia mas gostei mt do que se trata e é bem diferente do que costumo ler, então quem sabe eu não arrisque

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  6. Adorei a resenha e confesso que esse assunto é complicado sabe? O abandono da fé é triste e complicado de ser falado ou debatido.

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  7. A fotografia também merece destaque aqui, cortesia de Rodrigo Prieto, usa uma paleta de cores que muito claramente acompanha o estado de espírito de Rodrigues que, mesmo em situações terríveis, consegue ser feliz com atos simples como dar comunhão aos aldeões ou batizar crianças. Liam Neeson foi meu favorito do filme, lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Eu amo os filmes com Liam Neeson e desfrutei muito sua atuação neste filme 7 Minutos Depois da Meia Noite cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.

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