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[RESENHA #232] O PRÍNCIPE FELIZ E OUTRAS HISTÓRIAS - OSCAR WILDE


Título: O Príncipe Feliz e outras histórias
Autor: Oscar Wilde
Editora: Martin Claret
Páginas: 204
Ano: 2017
ISBN: 9788544000458
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: Com uma obra voltada para o público infanto-juvenil, Oscar Wilde, que escreveu essas histórias para seus filhos, cria uma série de contos de referências culturais e ensinamentos morais pautados em fatos corriqueiros inundados de amor, ingenuidade, e até mesmo dualidades como riqueza e miséria, beleza e feiura. A história principal "O Príncipe Feliz" é uma lição de companheirismo e bondade.

Resenha: Em O Príncipe Feliz, iremos acompanhar a história de uma pequena andorinha que após ter se apaixonado e se desiludido com um junco, largou tudo e resolveu voar para o Egito. Porém, antes de chegar até lá, resolve descansar um pouco aos pés de uma estátua que chorava. A estátua era o Príncipe Feliz, que em vida era realmente muito feliz, mas depois que morreu, foi homenageado com sua estátua decorada com safiras e ouro, mas que por observar as mazelas de seu povo, chorava todos os dias sem nada poder fazer. O Príncipe pede a ajuda da andorinha, antes que ela parta para o Egito, com algumas pequenas missões para ajudar seu povo que sofre de diversas formas: A costureira que está com seu filho doente, mas não pode parar e também não tem dinheiro para curar o infante; o escritor faminto e tão fraco que não consegue terminar a peça encomendada; a criança que perdeu seus fósforos na rua e provavelmente iria tomar uma bela sova de seu pai e também os pedintes famintos que mendigam nas portas das festas dos ricos por um pedaço de pão. Mesmo com toda pressa de ir para junto dos companheiros no Egito, a andorinha, se afeiçoa à estátua e promete lhe ajudar.

"- Andorinha, andorinha, pequena andorinha - disse o príncipe -, demoraria aqui comigo por uma noite como minha mensageira? O menino está tão sedento e a mãe, tão triste." p. 21/22.
O Rouxinol e a Rosa, conta a história de um jovem estudante que ama uma jovem, que é muito bela e disse que no baile próximo, ela dançaria com o jovem estudante se o mesmo lhe trouxesse uma rosa vermelha. Como nos jardins do estudante não haviam rosas vermelhas, estava totalmente sem esperanças e a suspirar de amor pela jovem. Vendo essa bela representação de amor, o pequeno rouxinol vai em busca de ajuda àquele que ele considera um autêntico amante, o jovem estudante. O Rouxinol vai em todos os jardins em busca da tal e bela flor vermelha, porém quase não tem êxito, até que encontra a roseira vermelha e lhe pede apenas uma rosa vermelha. Mas para o rouxinol conseguir a mais bela dentre as belas rosas vermelhas, ele precisa fazer um terrível sacrifício.

"O rouxinol voou em busca da roseira que vivia debaixo da janela do estudante. - Dê-me uma rosa vermelha - pediu -, e cantarei para você minha canção mais doce. Mas a roseira balançou negativamente a cabeça." p. 37.
O Gigante Egoísta: Era uma vez um Gigante que tinha um grande e agradável jardim. Todos os dias as crianças da redondeza costumavam brincar no jardim do Gigante. Os pássaros cantavam nas árvores, estas por sua vez, estavam sempre frondosas e cheias de fruto. Porém, um dia, o Gigante, que não estava em casa por um tempo, voltou e quando viu aquele bando de crianças invadindo seu jardim, ficou furioso e expulsou todos de lá. Também construiu um muro para que ninguém pudesse invadir novamente seu grande e vistoso jardim. O inverno chegou e cobriu de branco toda a propriedade do Gigante, que notou que depois de sua época ter passado, por mais tempo que passasse, o inverno não ia embora, pelo contrário, ficava cada dia mais forte e resistente. O Gigante não entendia o porquê do inverno não partir. Até que viu um pequenino infante tentando subir em uma de suas árvores e então entendeu.

"- O que fazem aqui? - gritou muito rispidamente, e as crianças correram dali.- Meu jardim é meu - disse o Gigante -; todos têm de compreender isso, não permitirei que ninguém brinque aqui, a não ser eu." p. 47.
O Amigo Devotado: Em uma manhã, um velho Rato-d'Água e com ares de superioridade, interpelou os patinhos que nadavam na lagoa e os ensinando como deveriam se portar para que fizessem parta da melhor sociedade. Como os patinhos não lhe deram bola, ficou com raiva e gritou com eles. Depois de entabular conversa com a pata mãe, disse que a amizade devotada era a melhor coisa que existia. Intrigado, um Pintarroxo verde que tinha ouvido a conversa, quis saber o que seria para o velho Rato-d'Água aquela tal de amizade devotada. Alarmado com a resposta do Rato, o Pintarroxo, começou a lhe contar a história de um jovem honesto que se chamava Hans e que tinha um grande devoção pelo seu amigo Hugh, um corpulento moleiro. Hans era um jovem bondoso e todos os dias trabalhava em seu belo jardim. O moleiro rico sempre que passava pelo jardim de seu devotado amigo, apanhava um punhado de erva-doce ou enchia seus bolsos om algumas frutas da estação. Os vizinhos não entendem tamanha devoção de Hans pelo amigo Hugh, e entendem menos ainda como um moleiro tão rico, dono de centenas de sacos de farinha, vacas leiteira e um rebanho de ovelhas. Hugh costumava dizer que os "amigos verdadeiros compartilham tudo entre si". Porém quando alguns acontecimentos surgem em nossa história, o jovem Hans vai se mostrar cada vez mais devotado ao amigo moleiro, colocando até mesmo seu belo jardim e ganha pão em segundo plano.

"Enquanto durar a neve, não é conveniente visitar Hans, o moleiro costumava dizer à esposa, "pois as pessoas não devem ser incomodadas quando estão com dificuldades e precisam ficar sozinhas. Isso, pelo menos, é o que penso da amizade, e tenho certeza de que estou certo." p. 59.
O Notável Foguete: O reino está em festa, pois o filho do rei vai se casar e a alegria era geral. Mais feliz ainda estava o príncipe com a chegada de sua noiva, uma linda princesa russa que havia percorrido um longo caminho desde a Finlândia em um trenó em forma de um grande cisne dourado, realmente uma grande felicidade. Os preparativos para a grande festa já estavam prontos e dentre eles, o mais esperado eram os fogos de artifício, que haviam sido montados em uma grande plataforma na extremidade do jardim real. Nessa plataforma poderíamos encontrar o busca-pé, a grande vela-romana, a girândola, o fogo de bengala e também nosso notável foguete, o qual tinha certeza de que a felicidade do príncipe e da princesa, dependia exclusivamente da honra de seu lançamento naquela noite tão especial.

" - Que direito tem de estar feliz? Deveria pensar nos outros. Na verdade, deveria pensar em mim. Estou sempre pensando em mim, e espero que todos os demais façam o mesmo. Isso é o que chamam de simpatia. É uma bela virtude, e eu a possuo em alto grau. Suponham, por exemplo, que alguma coisa me acontecesse essa noite, que infortúnio seria para todos. O príncipe e a princesa nunca mais seriam felizes (...)." p. 80.
O Jovem Rei, conta a história de um adolescente que por ter sido fruto de um casamento secreto da princesa com alguém de origem muito inferior à ela, foi criado por um humilde pastor. Quando foi encontrado, foi levado para o palácio para ser coroado como o novo rei. Mas esse jovem futuro rei ansiava pela sua antiga e simples liberdade de menino que só a sua vida na floresta podia lhe proporcionar. Mesmo assim, o jovem ficava maravilhado com suas novas roupas, o castelo e tudo o que lhe era apresentado. Porém, na noite antes da coroação, o jovem rei teve três sonhos que o atormentaram e acabaram mudando seu desejo pelo reinado.

"O Jovem rei olhou tudo aquilo e viu que era tudo lindo. Mais lindo que qualquer coisa que já tivesse visto. Mas lembrou-se do sonho e disse aos seus nobres: - Levem todas essas coisas daqui, pois não vou usá-las." p. 106.
O Aniversário da Infanta: No aniversário de doze anos de um princesa real da Espanha, todo o reinado resplandecia de alegria pela infanta. Todo um dia especial foi preparado para a comemoração do aniversário da infanta. Tudo estava belo, as flores mais floridas e belas do que nunca. A felicidade da pequena princesa era muito grande, principalmente por poder brincar com suas amigas pelo castelo. De todos os preparativos da festa, a mais engraçada e peculiar foi a dança do anão. A pequena princesa riu e se divertiu tanto, que ao final da apresentação do anão, retirou uma rosa branca de seus cabelos e a jogou para ele com seu mais belo e doce sorriso. O anão, que já não conseguia tirar os olhos da bela infanta, ficou encantado e apaixonou-se instantaneamente por ela. Feliz da vida, disse a si mesmo que ficaria por ali e mais tarde ira ter com a bela princesa e revelar-se suas intenções.

"Até os gerânios vermelhos, que não costumavam dar-se ares de importância, conhecidos por terem pouquíssima convivência entre si, arrepiaram de aversão ao vê-lo. E, quando as violetas delicadamente notaram que, embora ele fosse mesmo extremamente sem graça, não lhe era possível curar-se, replicaram com muita justiça que esse era o seu principal defeito (...)." p. 126.
O Pescador e sua Alma: Era uma vez um certo pescador que por um acaso do destino apanhou com sua rede uma bela sereia. Esta, por sua vez, desesperada por sua liberdade fez um acordo com o pescador que se resumia em cantar para ele todos os dias, afim de que o mesmo sempre pudesse ficar com sua rede cheia de peixes. Tendo concordado com o arranjado, o pescador a devolveu ao mar e a linda sereia, como combinado, cumpriu fielmente sua parte no acordo. Porém, o pescador tentou novamente agarrar a bela sereia e esta não voltou mais naquele dia. Nos dias seguintes o pescador ouvia o belo som da cantoria da sereia e por esta acabou perdidamente apaixonado. Mas, a linda sereia somente podia aceita-lo como amante se o pescador abdicasse de sua alma, pois dizia ela, o Povo do Mar não tem alma. Então, resoluto, foi atrás de uma maneira de se livrar de sua alma, que de nada lhe servia, a não ser atrapalhar se amor pela bela sereia.

"Sua Alma suplicou lamentosa, mas ele não lhe deu atenção. Saltou de rochedo em rochedo com pés confiantes como um bode selvagem, e por fim pousou na praia dourada." p. 154.
O Menino-Estrela: Quando dois lenhadores pobres que regressavam de uma floresta de pinheiros, foram surpreendidos com um acontecimento estranho. Caiu do céu uma estrela muito brilhante. Achando que era algum tipo de fortuna, foram correndo atrás daquela estrela. Quando chegaram no local da queda, ficaram frustrados, pois ali, estranhamente, estava apenas uma criança. Um dos lenhadores, mesmo sendo pobre e tendo várias bocas para alimentar, não poderia deixar uma criança no frio e com fome. Levou-a para sua casa e a criou como um dos seus. A criança-estrela, por mais carinho que tenha tido, cresceu orgulhosa, cruel e egoísta, até o dia em que uma pedinte passou pela vila à procura de uma criança perdida e mudando todo o futuro daquela criança-estrela."

"O Menino-Estrela não se moveu, fechando as portas do seu coração para ela; não se ouvia outro som ali, senão o choro de dor da mulher." p. 193.

Opinião: É sempre bastante difícil falar de um livro de contos, pois com tantas histórias e suas diversidades, às vezes pode parecer um pouco confuso. Porém, em O Príncipe Feliz e outras histórias de Oscar Wilde, lançado pela Editora Martin Claret, as coisas foram um pouco mais fáceis. Sendo um livro voltado para o público infanto-juvenil, nessa coletânea encontramos histórias primorosas que exaltam muito a bondade, o amor, o arrependimento e a amizade, mas sem deixar as causas do mal de lado, como a avareza, a arrogância, a mesquinharia, a inveja e a crueldade também. Aqui nesse livro todos têm sua voz, como em toda fábula que se preze e podemos ficar no meio de uma conversa de um passarinho com um rato, de flores de um jardim com as árvores ou até mesmo entre apetrechos de uma linha de fogos de artificio. Porém, todo diálogo e cena tem seu propósito em cada um dos nove contos apresentados nessa coletânea. Não são histórias que se restringem ao público infanto-juvenil, pelo contrário, todos os contos são muitíssimo bem escritos e são, na verdade, recomendados para àqueles que gostam de uma leitura enriquecedora, abrangente e aconchegante, além de edificante. 

Oscar Wilde, com esses contos inusitados em sua carreira, consegue mostrar um outro lado que, assim como eu, poucos conheciam. Escritos para seus filhos, Wilde nos incentiva abertamente a leitura diária para os nossos queridos e amados infantes, que estão ainda em formação, mostrando através de histórias práticas, educacionais e belamente ilustradas, os diversos fatos, tanto bons quanto ruis, de nossas vidas de costumes, aflorando, principalmente, nosso lado bondoso, afortunado, amoroso e amigável na resolução de cada fábula apresentada.

A edição da Martin Claret, mesmo sendo em brochura, está BELÍSSIMA, com muitas ilustrações ao longo das histórias, papel amarelado e fonte bastante agradável, além de um trabalho de editoração fantástico.
Amigos leitores, fiquei extasiado com esse livro e digo sem meias palavras que, O Príncipe Feliz e outras histórias de Oscar Wilde, publicado pela Editora Martin Claret, é ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL.

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