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[RESENHA #223] A FÓRMULA PREFERIDA DO PROFESSOR - YOKO OGAWA


Título: A Fórmula Preferida do Professor
Autora: Yoko Ogawa
Editora: Estação Liberdade
Páginas: 232
Ano: 2017
ISBN: 9788574482798
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: Um velho docente de matemática, uma empregada doméstica e o pequeno filho de dez anos formam a trinca protagonista de A Fórmula Preferida do Professor, romance que fez decolar a carreira internacional da japonesa Yoko Ogawa, de quem a Estação Liberdade também publicou O Museu do Silêncio [2016]. Best-seller instantâneo no Japão quando de seu lançamento em 2003, A Fórmula Preferida do Professor acumula mais de quatro milhões de exemplares vendidos. A ampla repercussão desencadeada pelo livro é compreensível: a desconstrução do viés amedrontador e academicista da matemática, odiada por tantos estudantes, pelo olhar afetivo de quem trafega pelo universo das fórmulas e dos números com o mesmo entusiasmo de uma criança num parque de diversões. Trata-se do personagem nomeado simplesmente como Professor, um velho idiossincrático que, em função de um peculiar problema de memória, vive recluso em casas, dedicando a maior parte de seu tempo a resolver desafios matemáticos propostos por revistas especializadas. Por ser um sujeito de trato difícil, nenhuma empregada contatada para limpar a casa e preparar suas refeições perdura no serviço por muito tempo. Ao conhecer o filho de uma delas, um perspicaz garotinho de dez anos de idade, o Professor irá revelar que, tanto quanto pela matemática, ele também é capaz de nutrir outra paixão incondicional: por crianças. A partir desse curioso encontro de gerações, Raiz - o apelido que o menino ganha do Professor em referência à raiz à raiz quadrada - irá absorver não só o amor por contas e equações, como também valores sobre respeito às diferenças, amizade e tolerância. Uma história verdadeiramente edificante, mas sem sentimentalismos. O livro foi adaptado para o cinema por Takashi Koizumi, ex-assistente de Akira Kurosawa, em 2006.

Resenha: Em A Fórmula Preferida do Professor, toda a história é contada do ponto de vista de uma empregada que é contratada para cuidar de um velho Professor de Matemática que tem uma memória que dura examente 80 minutos. Devido a um acidente de trânsito que sofreu, o velho Professor de matemática tem suas lembranças intactas até o ano de 1975, daí em diante, vive sem qualquer memória, vive de 80 em 80 minutos. Quando a emprega, cujo nome é uma incógnita, chega para trabalhar com ele, já se vê intrigada pela primeira pergunda que o Professor faz, o que de certa forma se repetiria todos os dias dali em diante.

"- Que número você calça? Quando me apresentei como a nova empregada, o Professor não quise saber meu  nome, mas o número de sapato que eu calçava. Sem  nenhuma palavra de cumprimento ou mesura." p. 15

Sem saber muito bem o que fazer, pois o Professor era muito introspectivo e muito diferente dos demais patrões da empregada, ela vai tentando encontrar seu ritmo no dia-a-dia, já que não recebia nenhum pedido ou ordem do recluso Professor. Porém, em meio às repetições diárias, ela consegue fazer um contato maior com o Professor e até mesmo aprender um pouco mais da maior paixão dele, a Matemática, após uma explicação e exemplos de números "amigos" entre si. Mesmo que de uma forma um tanto superficial para e empregada, que não entendia e não gostava de matemática, ela se pega interessada no tema e até faz uso da curta memória do velho Professor, em determinado momento, para entender mais um pouco daquela matéria tão rechaçada por muitos alunos pelo mundo, inclusive por ela mesma.

"À noite, eu voltei para casa, coloquei meu filho na cama e, depois, decidi procurar eu mesma por novos números amigos. Queria verificar se esses números eram assim tão raros, como dizia o Professor." p. 31
Passado alguns dias e suas peculiares repetições, num dia em que o Professor estava mais maleável  e conversando com a empregada, ele descobre que ela tem um filho. Indignado por ela estar, já tão tarde, cuidando de outra pessoa que não seu próprio filho, o Professor praticamente a expulsa da pequena edícula onde vive para que ela, com a maior pressa possível, fosse para casa cuidar e preparar o jantar de sue filho. A empregada não teve como refutar as ordens de seu patrão, que inclusive, a fez prometer que seu filho iria para a casa do Professor todos os dias após as aulas.

"O Professor me agarrou pelo braço e tentou me arrastar até  a entrada da casa. - Espere só mais um pouco, só falta preparar isto e fritar na panela! - Deixa isso pra lá! E se o seu filho morrer queimado enquanto você frita hambúrgueres? Escute aqui. Você vai trazer seu filho a partir de amanhã. Diga-lhe que venha para cá diretamente, assim que sair da escola. Fará os deveres de casa aqui. Assim, poderá ficar junto à mãe." p. 38

E assim o foi. Quando o garoto chega, timidamente, este é recebido calorosamente pelo Professor. O que enche de felicidade a empregada, pois uma das coisas que ela acha que o garoto pode sentir falta são os abraços calorosos dos familiares e amigos. Nesse ponto, passamos a conhecer um pouco mais da história de vida da empregada, que por força dos acontecimentos, acabou  por ter seu filho sem qualquer ajuda, seja de sua parente mais próxima, sua mãe, ou do pai da criança que a deixou em qualquer cerimônia.

Assim que o Professor encontrou o garoto pela primeira vez, já tratou de dar-lhe um apelido carinhoso e assim, o filho da empregada passa a ser chamado de Raiz, como o símbolo matemático. A empregada percebe que na mesma hora, o Professor anota o símbolo da raíz quadrada no lembrete que ele tem sobre ela.
Todos os dias, Raiz recebe aquele caloroso abraço de seu professor e, além de gostar, acaba se acostumando com as repetições, assim como sua mãe se acostumou. Nesse ponto a empregada já havia descoberto a segunda maior paixão daquele velho Professor: as crianças.

"Imediatamente, ele acrescentou o sinal no lembrete em sua manga: NOVA EMPREGADA DOMÉSTICA E SEU FILHO DE DEZ ANOS: √." p. 40

Nossa história continua e nos aprofundamos um pouco mais na vida da empregada e de Raiz. Já a vida na pequena edícula que serve de casa para o velho Professor, vai se tornando cada vez mais aconchegante. Em determinado momento, o Professor faz questão que tanto a empregada quanto Raiz façam seu jantar na casa dele, antes de irem embora. isso acaba gerando um ambiente mais familiar, o que agrada muito a empregada, principalmente por causa de Raiz. A interação do Professor e Raiz é tanta e tão espontânea que a empregada acaba até tendo um pequeno episódio de inveja e ciúmes, por ficar um pouco de lado, mas isso é totalmente relevado quando vê a felicidade de seu filho aprendendo, se divertindo e se sentindo amado por aquela figura tão peculiar. 

Opinião: A Fórmula Preferida do Professor, de Yoko Ogawa, nos apresenta uma história bastante tocante, sem ser necessariamente pedante, pelo contrário, a história do velho Professor que tem apenas 80 minutos de memória, nos faz refletir em muitas coisas na vida. A paciência é uma das matrizes de todo o romance, pois não é fácil ter que repetir várias vezes ao dia e também todos os dias várias informações para que o Professor se situe diariamente. Mesmo com as anotações que ele mesmo prepara para si, não tem como escapar da rotina repetitiva que a empregada e Raiz passar a todo momento.

O romance de Yoko Ogawa, mostra o imenso valor da amizade e o amor fraternal que existe entre os personagens da trama. É claro o recado que ela nos dá através desse triangulo formado pelo Professor, a emprega e Raiz. Valorizar a amizade verdadeira é imprescindível e realizar suas tarefas com amor e sem cobranças e ressentimentos deveria se tão natural quanto o ato de respirar. 

No desenrolar da história vemos a empregada contando sua época com o professor e Raiz, e vemos que a transformação também ocorre com ela na forma de como ela acaba vendo o mundo através da matemática. Antes de ter conhecido o professor, ela nada sabia ou sequer fazia relações entre as complicadas equações com as situações de sua vida. Isso, de certa forma, acabou lhe trazendo uma outra perspectiva no seu dia-a-dia.

O clima familiar da história é mostrado na presença de Raiz, que indubitavelmente, é o elo definitivo entre o Professor e a empregada. Raiz é uma criança que vê o mundo da forma que lhe foi imposto pelas circunstâncias da vida que a mãe, a emprega, leva. É uma criança inicialmente um pouco arredia, mas que conforme vai se relacionando com o Professor naquela pequena edícula, vai crescendo exponencialmente. Pode-se dizer que o Professor serviu de pai para a empregada e de avô para o pequeno Raiz e isso tudo de uma forma espontânea.
Outra coisa que deve ser dita, é que essa história nos mostra o tremendo e fenomenal RESPEITO, que os japoneses tem pelos Professores, até mesmo na escrita dessa profissão tão desrespeitada no nosso país, pois todas as vezes em que a palavra Professor aparece ela é escrita com "P" maiúsculo, e isso, como disse logo acima é sim uma enorme forma de RESPEITO.

A escrita de Yoko Ogawa é muito boa, envolvente e bastante aconchegante. Ela conseguiu através de uma história relativamente simples, colocar como pano de fundo um dos maiores temores de todos, acredito eu, a matemática, e ainda assim prender a atenção em cada linha escrita em A Fórmula Preferida do Professor. Tenho que dizer que esse livro, me mostrou que o poder da paciência, da amizade e do amor pelo próximo, são realmente incondicionais para se ter uma vida mais leve, plena e recompensadora.

A Fórmula Preferida do Professor da autora Yoko Ogawa, foi lançada pela Editora Liberdade em brochura com papel amarelado, fonte bastante agradável e tem uma capa muito bonita. 
Quero deixar aqui o meu IMENSO AGRADECIMENTO à Editora Liberdade por ter cedido o livro e me proporcionado uma leitura espetacular. MUITO OBRIGADO!!
Acho que não preciso dizer, mas como sempre, irei dizê-lo, pois esse livro merece ser lido por todos que amam a literatura e uma história belíssima, então digo-lhes, meus queridos leitores que A Fórmula Preferida do Professor de Yoko Ogawa, é realmente I-M-P-E-R-D-Í-V-E-L. 

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