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[RESENHA #117] FAHRENHEIT 451 - RAY BRADBURY


Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Editora: Coleções Folha (Folha de S. Paulo)
Páginas: 168
Ano: 2016
ISBN: 9788579492921
Onde Comprar: Coleções Folha - Livraria da Folha


Sinopse: Queimar livros foi um recurso usado em tempos sombrios, como o da Santa Inquisição e o do nazismo, para eliminar ideias resistentes à crença sanitária no pensamento único. No mundo futuro concebido por Ray Bradbury (1920-2012) em Fahrenheit 451, ler tornou-se um ato subversivo e os que insistem em ter pequenas bibliotecas às escondidas podem virar cinzas junto com seus volumes. O devaneio, a poesia, a filosofia e a ficção foram extintos porque não se admite perder tempo com algo que, em vez de puro entretenimento, ofereça inquietação e angústia. Como toda ficção científica, essa distopia publicada em 1953 emite os sinais negativos da época em que foi escrita. Mas, se a redução das ideias ao binarismo, o desprezo ao intelectual, o fluxo de informações num nível inassimilável e a suspeita de qualquer sinal de melancolia já eram considerados fatores de risco em meados do século passado, nossa civilização anestésica fez do futurismo de Bradbury um gênero bem mais próximo do realismo. Cássio Starling Carlos Crítico da Folha.


Resenha: Em Fahrenheit 451 somos levados para um futuro não muito distante, em uma cidade dos estados unidos não-tão-futurística e opressiva, onde as casas são à prova de fogo. Nessa cidade, os bombeiros assumem uma nova e radical função, devem atear fogo em livros. Nesse cenário os livros são tidos como algo perverso, que separam os homens e magoam as pessoas, colocando questionamentos sobre coisas que nunca vão conseguir explicar.

"As folhas de outono voavam pela calçada enluarada e faziam com que a garota que ali caminhava parecesse presa num piso deslizante, deixando que o movimento do vento e das folhas a impelisse para a frente." p. 11.


Nessa trama vamos acompanhar a história de Montag, um bombeiro que tem a função de queimar os livros  e em determinado momento começa a questionar o porquê de as pessoas se posicionarem contra a ordem e a lei. Montag começa os seus questionamentos após conhecer a adolescente Clarisse, sua nova vizinha, que puxa conversa com o bombeiro, levantando simples indagações, como por exemplo, se Montag é feliz ou não.


"No fim da tarde choveu e o mundo inteiro ficou cinza-escuro. Montag parou no corredor, colocando na roupa o distintivo com a salamandra nas chamas alaranjadas." p. 23.


Depois de semeado na mente de Guy Montag diversos questionamentos, ele quase perde a sua esposa. Em determinada revista na casa de uma senhora, antes de atear fogo em todos os livros que esta possui, uma frase de um livro lhe chama atenção, após isso, ele acaba roubando o livro para ler em outra oportunidade.


"Dava para sentir a guerra se preparando no céu naquela noite. O modo como as nuvens se afastavam e voltavam e a aparência das estrelas, um milhão delas nadando entre as nuvens, como os discos inimigos, e a sensação de que o céu poderia cair sobre a cidade e transformá-la em pó de giz, e a lua se elevar em chamas vermelhas; era assim que a noite parecia estar." p. 88.


Durante a narrativa tomamos conhecimento do sumiço misterioso da sua vizinha e amiga, a jovem Clarisse, algo que leva Montag a se rebelar contra a política instaurada. Dessa forma, Montag passa a esconder livros em sua própria casa, algo que o leva a ser denunciado por sua ousadia, com isso é obrigado a mudar suas táticas e buscar meios de conseguir aliados na luta da preservação da memória e pensamento.


Opinião: Fahrenheit 451 foi publicado originalmente em 1953 e Ray Bradbury faz uma forte crítica em relação à censura,  demonstrando como a sociedade pode ficar alienada e regredir para um estado que beira praticamente a ignorância total, ressaltando o forte controle do estado, que ocorre pelos meios de comunicação.

A escrita de Ray Bradbury é leve e o autor demonstra a importância dos livros, como sua relevância social. A narração é realizada em terceira pessoa, sob o prisma de Guy Montag. 
O autor nos presenteia com diálogos memoráveis, além disso, a obra nos faz pensar e refletir sobre a manipulação em massa, a sociedade e o que nos cerca. É muito interessante ver uma sociedade que deseja a felicidade com afinco, mas que perde o foco, levando-os para a ignorância.
Ray Bradbury construiu um ótimo romance e ao mesmo tempo uma obra atemporal. Fahrenheit 451 é uma obra que pode ser colocado na lista dos 100 melhores livros do último século. O autor é um dos precursores do gênero distópico.
A edição de Fahrenheit 451 pelo selo Coleções Folha ficou maravilhosa, com capa dura, folhas amareladas, fontes confortáveis e ótima revisão. A obra faz parte da coleção Grandes Nomes da Literatura e pode ser adquirida pelo site da editora.

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