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[RESENHA #566] SAMURAI - SHUSAKU ENDO

Título: Samurai
Autor: Shusaku Endo

Tradução: Mário Vilela
Editora: Tusquets
Páginas: 352
Ano: 2018
ISBN: 9788542211849
Onde Comprar: Amazon

Sinopse: Os passos de alguns dos primeiros japoneses a colocarem os pés em solo europeu, em meio às maiores e mais complexas intrigas políticas da época. 

Embora no início do século XVII o Japão fosse apenas uma ilha isolada no Oriente distante, o país estava prestes a ser envolvido no complexo jogo do comércio mundial, de rotas dominadas pelas grandes nações da Europa. A fim de estreitar laços com o Ocidente, Rokuemon Hasekura, samurai do baixo escalão do xogunato japonês, é escolhido para se encontrar com o vice-rei da Nova Espanha – atual México – e com o Papa Paulo V. Em sua comitiva, viaja um ambicioso missionário franciscano que almeja negociar com o Ocidente para se tornar o líder de sua ordem no Japão. Do mesmo autor de Silêncio, livro adaptado ao cinema por Martin Scorsese, Samurai é uma das maiores obras de Shusaku Endo. Baseado em um episódio real, combina com maestria imaginação e uma apurada narrativa histórica.

Resenha: Shusaku Endo é um dos maiores escritores japoneses do século XX e no ano de 2017 o selo Tusquets do grupo Planeta de Livros publicou o livro "Silêncio", trabalho do autor que foi adaptado para o cinema, dirigido por Martin Scorsese e contou com a participação de atores como Andrew Garfield, Adam Driver e Liam Neeson. Nesse livro o autor retrata a tentativa de missionários jesuítas portuguesas de pregar e disseminar o cristianismo no Japão do século XVII enquanto sofriam grandes perseguições e provações. 

"Enquanto o samurai e, seus servos cortavam lenha, a neve lhes tocava os trajes rústicas, lhes roçava o rosto e as mãos e depois derretia, como se para sublinhar a brevidade da vida. Mas, quando os homens continuaram a golpear com machados sem dizer uma só palavra, a neve não fez caso deles e se moveu rapidamente para as áreas vizinhas [...]" p. 11.

Agora em Samurai, os papéis são invertidos, aqui acompanhamos a história de Hasekura Rokeumon, um samurai de baixa hierarquia no xogunato japonês. O samurai é enviado ao lado de três outros samurais de mesma patente/hierarquia como emissários do xogunato para se encontrarem com o vice-rei da Nova Espanha, atualmente conhecido como México. Essa missão diplomática tem por objetivo estabelecer uma nova rota de comércio para o Japão e para tanto, o país se dispôs a abrir as portas de seus domínios para a evangelização, para que os missionários possam levar ao povo japoneses os ensinamentos católicos e cristãos. Nessa empreitada os emissários do xogunato contam com o auxílio de um zeloso, mas ambicioso missionário franciscano chamado Velasco. Ele deseja implementar a fé cristã no Japão e serve aos samurais nessa empreitada como guia e tradutor.
Hasekura era um homem simples, levava uma vida tranquila e voltada para a sua família. Ele pertencia a uma antiga linhagem de samurais e assim como os seus companheiros pretendia reconquistar as terras que no passado pertencia a sua família, mas que agora estavam sob o domínio do Xogum, líder máximo das forças japonesas. Hasekura na verdade tinha uma vida dura e trabalhava no campo, mas ele vê a sua vida sofrer uma grande mudança quando é convocado por seu Senhor e recebe a missão de ir até um país desconhecido para levar uma mensagem ao vice-rei desse lugar.

"Como sempre nesses debates, o samura ficou silenciosamente em pé num canto do quarto. Ele não disse nada, em parte porque não se expressava bem seus sentimentos em palavras, mas também porque tinha a timidez características das pessoas do charco. Dentro dele, sempre agia a crença de que ao entrar numa discussão ou nutrir sentimentos desagradáveis por outra pessoa só obtinha sofrimento [...]" p. 133.

O samurai e seus companheiros não sabem porque foram escolhidos para essa missão/expedição, eles só sabem que não devem argumentar ou levantar qualquer discussão. A jornada tem início e, cada um dos quatro samurais precisam lidar com as próprias convicções e inclusie precisam renunciar a algum ideal que acreditam, mantendo de forma inabalável o senso de dever para cumprir a missão dada, mergulhando em um mundo completamente novo e estranho para eles, enquanto são envolvidos em uma teia política intricada de interesses que vão além de suas próprias compreensões.
Opinião: A história é contada sob a ótica dos personagens Hasekura Rokeumon e do fraciscano Velasco. A narrativa de Hasekura concentra sobre o que ocorre em seu entorno e é interessante acompanhar as descrições realizadas por ele sobre as paisagens vibrantes japonesas, mas também sobre as novidades que ele presencia no México, incluindo o calor sufocante. O padre Velasco é um homem ambiocos e destoa da simplicidade e senso de dever apresentado pelo japonês Hasekura. Velasco tem as suas próprias ambições e ele não mede esforços para isso, chega a inclusive demonstrar o seu caráter ao tentar manipular a comitiva quando é conveniente.

Shusaku Endo foi certeiro ao escolher essa viagem do Japão ao México, pois ao longo do enredo a comitiva passa por países europeus e tudo é bem documentado. Voltando ao campo da narrativa, eu achei interessante as variações de tom empregadas pelo autor conforme a história vai se desenvolvendo. A narrativa realizada pelo padre Velasco ocorre em forma de diário, e em alguns momentos em terceira pessoa, demonstrando ser uma narrativa direta e objetiva. Samurai é um romance histórico fascinante e profundamente envolvente, Shusaku nos permite conhecer um pouco da história e cultura Japonesa, mas também nos permite refletir sobre o choque cultural que ocorreu entre o Japão e o Ocidente séculos atrás.
Sobre a Edição:  O projeto gráfico apresentado pela editora Tusquets (Planeta de Livros) ficou muito bom, a cor preta segue como fundo da capa e isso é algo padronizado nos livros do selo.  As folhas são amareladas (papel pólen), a fonte e o espaçamento ficaram confortáveis e isso facilita bastante a leitura.
Sobre o Autor: Shusaku Endo (遠藤 周作 Endō Shusaku) foi um escritor japonês do século XX que escreveu com a singular perspectiva de ser japonês e católico (A população cristã no Japão é inferior a 1%). Juntamente com Junnosuke Yoshiyuki, Shotaro Yasuoka, Junzo Shono, Hiroyuki Agawa, Ayako Sono, e Shumon Miura, Endo está incluído na "Terceira Geração", o terceiro maior grupo de escritores japoneses pós II Guerra Mundial. Em suas obras, Endo abordou questões morais complexas e relação entre Ocidente, Oriente e cristianismo.

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