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[RESENHA #561] AS MIL PALAVRAS - JENNIFER BROWN

Título: Mil Palavras
Autora: Jennifer Brown
Tradução: Cristina Sant'Anna
Editora: Gutenberg
Páginas: 208
Ano: 2018
ISBN: 9788582354711
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: O namorado de ashleigh, kaleb, está prestes a partir para a faculdade e a jovem está preocupada que ele se esqueça dela. Então, em uma famosa festa de final do verão, as amigas de ashleigh sugerem que ela mande uma foto nua para ele. Antes que possa mudar de ideia, ashleigh vai para o banheiro, tira uma foto de corpo inteiro em frente ao espelho, e aperta a tecla "enviar". Mas o término do relacionamento do casal é ruim e, para se vingar, kaleb encaminha a foto para sua equipe de beisebol. Em pouco tempo, a foto viraliza, atraindo a atenção do conselho da escola, da polícia e da mídia local. A pena ordenada a ashleigh pelo tribunal é prestar serviço comunitário, e é onde ela conhece mack, um jovem que oferece uma nova chance de amizade, e é o único que recebeu a foto e não olhou. A aclamada autora jennifer brown traz aos leitores um romance emocionante sobre honestidade, traição e redenção, amizade e atração, e integridade, mostrando que uma imagem pode valer mil palavras. Mas nem sempre conta a história inteira.


Resenha: Ashleigh está angustiada. Seu namorado, Kaleb, terminou seu ano de veterano e entrou para a faculdade. Ela não. Ashleigh ainda precisa terminar o ensino médio enquanto Kaleb vai conhecer as maravilhas da liberdade no ensino superior. Só que ele já começou ainda nas férias. Tendo cada vez menos tempo para ela e preferindo ficar com os amigos, Ashleigh quer chamar sua atenção. Para tanto, suas amigas sugerem que ela mande um nude para Kaleb. Mesmo um pouco insegura, mas com álcool nas veias, Ashleigh vai ao banheiro e faz uma foto de nu frontal completo e envia para Kaleb.

"Agora, no que eu era boa? Em me esconder na multidão? Ignorar cantadas? Baixar a cabeça para uns idiotas de mente suja? Pedir desculpas?" p. 10.

A garota consegue seu intento e tudo segue muito bem até que ela descobre que ele comentou sobre a foto com os amigos. E isso leva a brigas que culminam no término do namoro. Um péssimo término. E como vingança, Kaleb envia a foto para todos os seus amigos sem se preocupar na repercussão disso. Sem surpresas, a foto acaba se tornando um viral e a vida de Ashleigh e sua família se torna um inferno. Ashleigh acaba tendo que cumprir uma pena alternativa e conhece o misterioso Mack, o único garoto que não viu sua foto e não parece dar a mínima para o passado de ninguém. 
Opinião: Jennifer Brown tem um dom. Em As Mil Palavras ela se mantém na sua área de excelência: usar uma história de amor e situações comuns da escola extremamente reais e de fácil identificação para trabalhar questões pesadas da adolescência. O tema aqui é o revenge porn e, claro, bullying. Mas tudo começa maravilhosamente bem, como já aconteceu com todo mundo. Os flertes, o primeiro namoro/amor, as saídas escondido, o frio na barriga, as promessas, a sensação que de será para sempre. Você jamais pensaria que algo poderia dar errado. Só que aparece a insegurança com o afastamento. A desconfiança após uma decisão muito importante. O término com brigas. E aí, a vingança.

Com a história de Ashleigh e Kaleb, Jennifer mostra que as decisões que tomamos sem pensar podem e geralmente levam a consequências gigantescas e não só para você mesmo. Os dois acabam sendo processados por distribuição de pornografia infantil, com Kaleb estando a perigo de ser fichado como agressor sexual e tendo que conviver com todos os problemas que isso gera na sociedade estadunidense (quem conhece a cultura de lá sabe que antes de morar e trabalhar em qualquer lugar toda sua ficha criminal é investigada e muito dificilmente se consegue um lugar decente para viver ou um emprego estável). Ashleigh, no entanto, é sentenciada a cumprir 60 horas de trabalhos comunitários. 

A condenação dela demonstra exatamente aquilo a que estamos acostumados: a vítima sendo culpabilizada. Até onde é da conta de alguém o que você decide enviar a seu parceiro durante a relação? Por que ela seria culpada da distribuição de pornografia quando enviou a sua foto para uma única pessoa e esta foi responsável por torná-la pública? Além disso, Kaleb não é atacado por seus colegas, mas Ashleigh sim. Ela perde contato com as amigas, perde a vaga no seu time de corrida, perde o direito de passar pelos corredores sem ser verbal e fisicamente agredida (há cenas em que meninos passam a mão em seu corpo) e perde a paz em casa. Seu pai, superintendente do que poderíamos chamar de Secretaria de Educação acaba sendo colocado no meio disso, como responsável por ter uma filha vadia  e fica em perigo de perder o emprego. No mundo online/virtual Ashleigh é exposta em vários sites e recebe diversas mensagens no celular, com xingamentos e assédios. 

A narrativa é rápida (devido ao tamanho do livro que não chega nem às 200 páginas) e angustiante. Se constrói não linearmente, em capítulos alternados do tempo atual, começando pelo primeiro dia de Ashleigh no serviço comunitário, e capítulos de flashback mostrando como aconteceu toda a história do casal até as repercussões da foto. Foi uma sacada muito legal uma vez que não joga tudo de vez ao leitor, já nos mantém presos à história, querendo juntar o quebra-cabeça, mas também não demora muito para chegar ao clímax. Como a voz é em primeira pessoa, também ficou mais fácil de entender os sentimentos da protagonista. Ficamos desesperados junto com ela. É tão real e já vimos tantas vezes que é impossível não ter empatia e raiva com as reações das pessoas diante do fato. Por que ainda colocamos tanta culpa na garota? Por que as pessoas pegam as narrativas e se colocam como protagonistas e vítimas em detrimento daquele que mais foi injustiçado (por exemplo, alguns pais pedem pela expulsão de Ashleigh, argumentando que ela é mau exemplo para seus filhos)?.

Com uma construção simples, mas verdadeira  e uma resolução que deixou um pouco a desejar, Brown construiu um enredo que atinge seu objetivo: nos faz repensar nosso papel nas tragédias dos outros. Até que ponto você tem culpa? Você teria olhado a foto? Você teria julgado a garota? Precisamos urgentemente começar a dar mais atenção às nossas ações e jamais deixar que esse tipo de atitude passe impune. Recomendo a leitura imensamente e deveria ser leitura obrigatória no ensino médio.
Sobre a Edição: Quanto à edição deixo só tenho que elogiar a editora Gutenberg. O livro conta com uma capa que apresenta alguns comentários depreciativos sobre a personagem principal da trama. Essa edição ainda traz notas e uma entrevista da autora em que ela explica os motivos que a levaram a escrever esse livro. A fonte ficou grande e confortável, outro aspecto positivo são as folhas amareladas e de boa gramatura. Adorei a edição! :)
Sobre a Autora: Jennifer Brown nasceu em Kansas, passou boa parte de sua vida no subúrbio, mas também morou em Nova Jersey, mesmo assim se considera totalmente uma garota do centro-oeste rural dos Estados Unidos. Ela diz que teve muitos amigos imaginários, o que pode ser bom, porque teve que se mudar muito e o conviver com amigos reais era difícil. Ela se formou em Psicologia e conseguiu alguns trabalhos de Recursos Humanos, mas não demorou muito para ela perceber que essa não seria sua profissão. O que é inusitado é que Jennifer apesar de ter escrito um livro tão intenso como A Lista Negra, na verdade ela escrevia colunas de humor para um jornal. Inclusive ganhou dois Erma Bombeck Global Humor Award (2005, 2006), mas deixou de ser colunista e agora se dedica em tempo integral para os livros jovem-adulto.

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1 Comentários

  1. Olá! Achei interessante o livre, trata sobre um assunto muito atual e importante de se falar, principalmente com o público jovem.

    https://notasmentaisparaumdiaqualquer.blogspot.com/

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