Título: Justin
Autora: Anne-Charlotte Gautier
Editora: Nemo
Páginas: 104
Ano: 2018
ISBN: 9788582864425
Sinopse: Quando o professor de Educação Física pede para a turma formar uma equipe de meninas e uma de meninos, Justine permanece no meio. Ela sente que não pertence ao gênero que lhe foi atribuído, mas está convencida de que todo mundo sabe disso, exceto seus pais. Ao longo de sua vida como criança, adolescente e jovem adulta, muitas vezes maltratada e incompreendida, Justine, por fim, compromete-se a viver como quem ele sempre foi, isto é, Justin.
Resenha: Justin é uma graphic novel que fala sobre mudança de gênero, aceitação social e compreensão das diferenças humanas. Nessa hq conhecemos a vida de Justin ou Justine Claude Adelaide, ela é uma jovem que nasceu em maio de 1983. Antes do seu nascimento a sua mãe desejava ardentemente que fosse uma menina para mima-la e cria-la como uma pequena princesa merece. O que os pais não sabiam é que Justine nunca se sentiu como uma garotinha.
"Eu não podia negar, meu corpo falava em meu lugar... aos olhos de todos eu era mesmo uma garota. Mas nem isso abalou a minha convicção. Eu sou um garoto prisioneiro num corpo de mulher.”
Desde cedo, Justine sentia-se um menino preso em seu próprio corpo, mas esse corpo era de uma menina e Justin demonstrava essa insatisfação através de alguns traços comportamentais, ela (ele) não gostava e não queria usar vestidos, e nas aulas de Educação Física ela ficava totalmente perdida, pois não conseguia enquadrar-se seja no lado feminino ou mesmo masculino. Com o passar do tempo, esses traços foram ganhando corpo, algo que deixou Justin ainda mais confuso.
"Construí um personagem para mim... uma personalidade... uma identidade... uma felicidade."
Aos poucos Justin foi crescendo e o seu corpo foi ganhando forma, quando estava entrando na adolescência essas mudanças acabaram por ser um grande problema e gerou um incomodo no interior do seu ser. Justin tinha um comportamento rebelde e isso ficava claro nas relações com seus pais, pois ela queria ter a sua própria identidade, para isso ela cortou os cabelos, mudou a forma de vestir, essas mudanças geraram consequências, pois na escola ela(ele) foi constantemente atacada(o), sofria com a intolerância e preconceito alheio pelo simples fato de não ser ver como uma menina, por não ter um comportamento que se assemelhasse a de uma menina.
"Eu não podia negar, meu corpo falava em meu lugar... aos olhos de todos eu era mesmo uma garota. Mas nem isso abalou a minha convicção. Eu sou um garoto prisioneiro num corpo de mulher.”
Desde cedo, Justine sentia-se um menino preso em seu próprio corpo, mas esse corpo era de uma menina e Justin demonstrava essa insatisfação através de alguns traços comportamentais, ela (ele) não gostava e não queria usar vestidos, e nas aulas de Educação Física ela ficava totalmente perdida, pois não conseguia enquadrar-se seja no lado feminino ou mesmo masculino. Com o passar do tempo, esses traços foram ganhando corpo, algo que deixou Justin ainda mais confuso.
"Construí um personagem para mim... uma personalidade... uma identidade... uma felicidade."
Aos poucos Justin foi crescendo e o seu corpo foi ganhando forma, quando estava entrando na adolescência essas mudanças acabaram por ser um grande problema e gerou um incomodo no interior do seu ser. Justin tinha um comportamento rebelde e isso ficava claro nas relações com seus pais, pois ela queria ter a sua própria identidade, para isso ela cortou os cabelos, mudou a forma de vestir, essas mudanças geraram consequências, pois na escola ela(ele) foi constantemente atacada(o), sofria com a intolerância e preconceito alheio pelo simples fato de não ser ver como uma menina, por não ter um comportamento que se assemelhasse a de uma menina.
Justin via as meninas com suas roupas sensuais e valorizando seus corpos, mas ela não conseguia se ver como as outras meninas, ela inclusive prendia seus seios com gazes para que ninguém olhasse para eles. É nesse cenário de incertezas que Justin fica repleta de dúvidas. O que estava acontecendo com ela? Como poderia enfrentar a sociedade e dizer que não era uma menina? Como poderia obter a compreensão de seuspais? Será que conseguiria esconder por mais tempo sua real identidade? Será que ninguém percebia que ela nunca fora Justine e sim Justin?
Opinião: Justin é uma história em quadrinhos emocionante, dramática e profundamente questionadora e reflexiva. O drama vivido pela personagem é apresentado aos leitores logo nas primeiras páginas. Justine não se vê como uma menina e sempre responde pelo nome de Justin. Ela sabia que estava vivendo uma mentira, porém a verdade ainda era avassaladora e incompreendida por muitos, inclusive pelos seus pais. A autora é bem visceral e delicada em sua abordagem. Os desenhos são bem expressivos demonstrando as fases da personagem. Seu crescimento vai trazendo conflitos que começaram na infância quando ela não sabia porque a chamava de "princesinha", "florzinha" ou qualquer apelido referente ao seu gênero, todavia ela sempre se sentia similar aos meninos.
Percebemos que o gênero é algo que nasce com a pessoa e não como ela se ver socialmente. É genético. Não tem como mudar. O corpo pode indicar os hormônios de um dos gêneros, mas a mente é incapaz de aceitar isso, então se iniciar uma batalha constante de quem está falando a verdade. Justin é um drama contemporâneo que coloca em xeque nossas convicções sobre gênero, sexualidade e liberdade pessoal. Coloca em evidência preconceitos e possíveis caminhos para quem esteja perdido no meio de um cruzamento.
Sobre a Edição: A parte gráfica do livro é exuberante, a edição ficou impecável e particularmente eu achei a capa linda. As ilustrações são em preto e branco, e trazem uma dramaticidade para a narrativa. O fato de serem em preto e branco não é algo que tira o charme da graphic novel. O texto ficou perfeito, sem qualquer erro. A Editora Nemo está de parabéns pelo trabalho maravilhoso que realizou.
Sobre a Autora: Anne-Charlotte Gautier, passou os anos 1980 na região de Paris assistindo TV e lendo quadrinhos. Mesmo com problemas de visão e dislexia, Gauthier conseguiu formar-se em Ilustração na École des Arts Décoratifs de Estrasburgo, Gauthier trabalha como ilustradora para a imprensa e editoras infanto juvenis, e realiza, paralelamente, diferentes projetos de histórias em quadrinhos, publicadas pelas editoras Misma, 6 pieds sous terre e Delcourt.
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