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[RESENHA #448] O JARDIM DAS BORBOLETAS - DOT HUTCHISON

Título: O Jardim das Borboletas
Autora: Dot Hutchison
Editora: Planeta
Páginas: 304
Ano: 2017
ISBN: 9788542212020
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse:
Quando a beleza das borboletas encontra os horrores de uma mente doentia. Um thriller arrebatador, fenômeno no mundo inteiro. Perto de uma mansão isolada, existia um maravilhoso jardim. Nele, cresciam flores exuberantes, árvores frondosas... e uma coleção de preciosas "borboletas": jovens mulheres, sequestradas e mantidas em cativeiro por um homem brutal e obsessivo, conhecido apenas como Jardineiro. Cada uma delas passa a ser identificada pelo nome de uma espécie de borboleta, tendo, então, a pele marcada com um complexo desenho correspondente. Quando o jardim é finalmente descoberto, uma das sobreviventes é levada às autoridades, a fim de prestar seu depoimento. A tarefa de juntar as peças desse complexo quebra-cabeça cabe aos agentes do FBI Victor Hanoverian e Brandon Eddinson, nesse que se tornará o mais chocante e perturbador caso de suas vidas. Mas Maya, a enigmática garota responsável por contar essa história, não parece disposta a esclarecer todos os sórdidos detalhes de sua experiência. Em meio a velhos ressentimentos, novos traumas e o terrível relato sobre um homem obcecado pela beleza, os agentes ficam com a sensação de que ela esconde algum grande segredo.


Resenha: Quando os agentes do FBI Victor Hanoverian e Brandon Eddison pegaram aquele caso, sabiam que seria muito difícil tomar os depoimentos das vítimas, mas não imaginavam que a principal delas dificultaria ainda mais aquilo que já era bastante complicado. A menina que havia sobrevivido ao jardim das borboletas, era como uma espécie de líder de todas as outras sobreviventes e apesar da pouca idade, o mais importante era que Maya tinha a confiança de todas elas.

"Ela se recosta na cadeira quando eles entram na sala de interrogatório, os dedos enfaixados apoiados sobre a barriga. Não é uma postura tão defensiva quanto ele esperava, e fica claro, pela cara franzida de seu parceiro, que ele também se surpreendeu um pouco." pág.13.

Hanoverian já tinha bastante experiência em interrogatórios e testemunhos, por isso não foi muita surpresa quando percebeu que com Maya, não seria fácil. Ela demonstrava uma calma incomum e isso já era o suficiente para Victor saber como seria dali para a frente. Mas de qualquer forma, Maya, precisaria contar a sua história para os agentes do FBI.
Maya começou a descrever sua terrível história no dia em que foi sequestrada pelo homem que todas chamavam de Jardineiro. Foi no mesmo dia em que conheceu Lyonette, uma garota que tinha a função de "recepcionar" as novatas naquele local que era chamado de O Jardim. De uma certa forma, Lyonette, era a pessoa que, com o máximo cuidado possível, dizia que ela estava bastante "ferrada".

"O átrio era enorme, e só pelo tamanho já era assustador, sem contar a confusão de cores. A queda-d'água formava um riacho estreito que descia para um lago pequeno decorado por vitórias-régias, com caminhos de areia branca atravessando a vegetação até as outras portas." pág.19.

Victor também tinha outro problema: o FBI não sabia quem eram as mulheres que viviam no Jardim, tampouco seus nomes verdadeiros, nem das que sobreviveram ou das que haviam perecido e Maya não parecia querer dar respostas diretas para as perguntas dos agentes, então, Victor não forçava, não insistia duramente, apenas deixava que Maya contasse sua história com calma, mesmo que isso pudesse demorar, mas, por enquanto, era o suficiente.
Maya ainda não estava segura o suficiente para dizer seu nome, ou não queria dizer, mas, recuando um pouco antes de ser sequestrada, ela começou a relatar sua vida antes do Jardim. Contou como era sua vida de garçonete e como era dividir um apartamento com oito garotas totalmente distintas uma das outras, mas que de certa forma era a família dela, pois a real família de Maya era uma grande e odiosa complicação.

"Às vezes, é possível olhar para um casamento e perceber, com certa resignação, que qualquer criança nascida dentre dele inevitavelmente será fodida e estragada. É fato e menos um pressentimento do que uma aceitação triste de que aquelas duas pessoas não deveriam - mas com certeza irão -  se reproduzir." pág.47.

Voltando ao jardim, Maya relata como foi sua primeira vez com o Jardineiro; logo após a enorme borboleta ter sido tatuada em suas costas e como depois disso, Lynette a ajudou a continuar vivendo. Mas as coisas não eram mesmo fáceis no jardim e seis meses depois da chegada de Maya naquele lugar, ela iria descobrir que todas tinham uma "data de validade" e um local certo para passar toda a eternidade. Pouco depois disso, Maya, não imaginava, mas de uma forma natural, tomaria o lugar que até então era de sua amiga Lynette, a Lycaena cúprea, ou ainda e verdadeiramente, Cassidy Lawrence.
Opinião: O Jardim das Borboletas de Hot Hutchison e publicado pela editora Planeta, aborda uma história que vai fazer qualquer pessoa se sentir perturbada. Apesar de apresentar uma personagem forte como Maya, o livro conta os horrores pelo qual milhares de mulheres passam todos os dias em toda a parte do mundo.

Dentre dessa perspectiva aterrorizante, o Jardim das Borboletas apresenta temas como pedofilia, abandono infantil, sequestro, cárcere privado, estupro, assassinato e a Síndrome de Estocolmo. É impressionante a quantidade de crimes que são apresentados no decorrer dessa história que, como disse, mexe com qualquer pessoa com o mínimo de sensatez e compaixão.

Dot tece uma teia que consegue demonstrar como o ser humano pode ser terrível e impressionantemente cruel em favor de si próprio. Podemos ver toda a maldade e vilania personificada no vilão da história que é apresentado como o Jardineiro, o que já se destoa do normal pela sua característica que aparenta carinho, amor e preocupação, mas que na verdade não passa de pura psicopatia.
Também é muito interessante ver como a autora apresenta a ligação entre o agente do FBI Victor Hanoverian e Maya, que conforme a trama vai se desenrolando, esse vínculo vai se tornando mais confiante e realista.

A bondade e a beleza são demonstradas no livro, mas de uma forma que serve apenas para camuflar todo o horror de uma mulher ser aprisionada e servir de objeto sexual para  uma pessoa com uma mente doentia que acredita ser um grande salvador de todas as suas reféns. A forma como Hutchison demonstra toda a sutileza da maldade sob camadas de suposta bondade é bastante impressionante.

Hutchison não deixa de fora a crítica social ligada à hipocrisia, pois ela cria um personagem que mesmo lutando interiormente com si mesmo, é tão culpado quanto o próprio Jardineiro pelos horrores que cada uma das cativas passa ao longo dos anos, pelo simples fato de não denunciar. Isso deixa uma impressão no leitor de impotência e angústia, pois basta ligar a televisão ou ver qualquer veículo de notícias relatando exatamente esse tipo acontecimento: a passividade dos que sabem, mas não falam nada.
Apesar de termos na história personagens que escondem suas maldades através de máscaras de bondade, Dot, também encontrou espaço para o personagem que é pura maldade simples e escancarada. O pior pesadelo de qualquer mulher que é forçada ao cárcere e ao sexo não consensual, é o homem violento e que realmente gosta de machucar. As cenas em que a autora demonstra esse tipo de violência inescrupulosa são bastante difíceis de digerir, mesmo estando no contexto de toda história. Acredito que todo o livro tem esse sentimento de "soco no estômago" pelo simples fato de sabermos que é real e acontece, como disse, todos os dias em todo o mundo, infelizmente.

Outra coisa bastante presente na trama é a força que as cativas encontram naquele mundo à parte. Apesar de todas terem suas personalidades e suas peculiaridades, que são exploradas pelo Jardineiro, inclusive, vivem como se fossem uma grande família como qualquer outra; brigam, se desculpam, se ajudam, brincam, se divertem e fazem o que for preciso para se ajudarem na medida do possível em um ambiente totalmente controlado e muitas vezes aterrador.

Dot Hutchison criou em O Jardim das Borboletas, com sua escrita extremamente fluída e aconchegante, uma ficção extremamente real e perturbadora, que nos dias de hoje, infelizmente, demonstra que a violência contra a mulher cresce a cada dia pelo mundo afora. Porém, acredito que a maior mensagem que Dot Hutchison pode ter demonstrado com seu Jardim das Borboletas, entre muitas outras, é que a culpa JAMAIS é da vítima. Um livro, simplesmente, impactante e IMPERDÍVEL.
Sobre a edição: A Editora Planeta fez um trabalho belíssimo em O Jardim das Borboletas trazendo uma edição em capa dura com uma arte muito bonita e que se encaixa perfeitamente na história de Maya e das outras borboletas. O livro foi impresso em folhas amarelada e com fonte bastante agradável. Realmente uma edição muito bonita. Agradeço imensamente à editora Planeta pelo envio desse que, até o momento, é o livro mais impactante que li nesse ano.
Sobre a autora: Dot Hutchison, é autora do livro A Wounded name, um romance para jovens adultos baseado em Hamlet, de Shakespeare, além de O Jardim das Borboletas. Com experiência de trabalho em um acampamento para escoteiros, em uma loja de artesanato, em uma livraria e na Feira da Renascença (como peça de xadrez humana), Hutchison se orgulha por ter permanecido deliciosamente em contato com sua jovem adulta interna. Ela adora tempestades, mitologia, história e filmes que podem e devem ser assistidos sem parar. O Jardim das Borboletas é o primeiro da trilogia "O Colecionador", que é seguido por "The Roses Of May" e "The Summer Children", todos já publicados no exterior.

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12 Comentários

  1. UAU!!! Adorei, já estava doida para ler, depois da leitura da resenha minha vontade aumentou. ���� Parabéns

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    1. Aline, obrigado. Leia sim, pois vale cada centavo de seu investimento. Beijos e volte sempre.

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  2. Jeffa, essa história é impactante. Não fazia ideia do que se tratava o livro mas atrás do título que ao mesmo tempo e simples e bonito trás uma história de terror psicológico aterrorizante. Já coloquei na fila de leitura! Sua resenha foi sensacional! Um grande abraço amigo!

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    1. Andressa, esse livro é bem impressionante. Vale cada centavo do investimento. Muito obrigado pelas palavras e volte sempre. Beijos.

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  3. Olá, tudo bem?
    Eu fiquei apaixonada quando vi a capa desse livro, porém, é uma leitura que eu não sei se faria.
    Já não sou muito fã de thrillers e esse me pareceu muito pesada. Os temas que são abordados são muito sérios e, infelizmente, muito reais, mas acredito que isso torne a leitura ainda mais assustadora. Apesar de parecer ser um ótimo livro, não sei se teria estômago para ler.
    De qualquer forma, adorei a resenha e acredito que para os fãs do gênero deve ser uma ótima leitura.
    Beijos!

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    1. Maria, muito obrigado e volte sempre aqui no Saga Literária. Beijos.

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  4. Olá, esse é um livro que quero muito ler. Parece-me uma história com um tema bem forte, mas infelizmente real, me lembra um pouco Diário de uma escrava. A edição estão com uma capa linda. Ótima a sua resenha.

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    1. Marijleite, leia sim, pois é muito bom. Muito obrigado pelas palavras. Beijos e volte sempre.

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  5. Eu adoro livros com agentes do FBI, simplesmente me deixa encantada haha influências de Arquivo X. Enfim, achei a temática do livro bem tensa, mas me deixou com bastante vontade de ler.
    www.belapsicose.com

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    1. Ana, leia que vale cada centavo de investimento nesse livro. Gostei bastante. Muito obrigado e volte sempre. Beijos.

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  6. Olá,
    Nossa muitos temas pesados numa história só. Não sei se faz muito meu gênero. De qualquer modo o livro parece bem escrito, e gostei bastante da capa!

    Debyh
    Eu Insisto

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    1. Debyh, leia que vale o investimento. Muito obrigado e volte sempre por aqui. Beijos.

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