Páginas: 512
Ano: 2018
ISBN: 9788544001653
Onde Comprar: Amazon - Saraiva
Sinopse: Stendhal, pseudônimo de Marie-Henri Beyle, torna-se um escritor de cunho realista a fim de expressar seu mal-estar diante do mundo pós-napoleônico. O Vermelho e o Negro, publicado em 1830, é um romance histórico e psicológico que se passa na França, durante a restauração. Dividido em duas partes, a primeira nos apresenta Julien Sorel, um jovem imprevisível e ambicioso que vive na pequena cidade de Verrières. A segunda parte narra a vida de Sorel em Paris. Com personagens intrigantes e enigmáticos, Stendhal nos revela as condições econômicas, a situação política e a estratificação social desse período francês.
Ano: 2018
ISBN: 9788544001653
Onde Comprar: Amazon - Saraiva
Sinopse: Stendhal, pseudônimo de Marie-Henri Beyle, torna-se um escritor de cunho realista a fim de expressar seu mal-estar diante do mundo pós-napoleônico. O Vermelho e o Negro, publicado em 1830, é um romance histórico e psicológico que se passa na França, durante a restauração. Dividido em duas partes, a primeira nos apresenta Julien Sorel, um jovem imprevisível e ambicioso que vive na pequena cidade de Verrières. A segunda parte narra a vida de Sorel em Paris. Com personagens intrigantes e enigmáticos, Stendhal nos revela as condições econômicas, a situação política e a estratificação social desse período francês.
Resenha: Quando o prefeito da pequena cidade de Verrières precisou de um preceptor para seus filhos, o velho padre indicou o filho do "Pai Sorel", velho que ficou rico depois de uma negociata com o próprio prefeito anos atrás, Julien Sorel, um estudante de teologia que tinha planos de entrar para o seminário. O senhor de Rênal, o achou perfeito para o cargo e também se exultou de orgulho, pois seu grande rival, o senhor Valenod, não tinha, nem nunca tivera um preceptor para seus filhos. E, isso, já era uma vitória para o prefeito.
"(...) - De qualquer jeito, quero mesmo ter em casa o Sorel... o filho do serrador de tábuas - disse o senhor de Renâl. - Ele vai vigiar as crianças; elas já estão ficando muito endiabradas para nós dois. Ele é um jovem sacerdote, ou algo semelhante... bom latinista, vai fazer os meninos estudarem; pois ele tem um caráter sólido, segundo o padre." pág.29.
Julien vivia na serraria do Pai Sorel e com seus irmãos, brutamontes endurecidos pelo trabalho que faziam. Ele era odiado tanto pelo pai como pelos irmãos e não tinha interesse algum pelo trabalho na serraria. Em suas horas de folga, Julien, tinha com o velho cirurgião da cidade aulas de latim e história, algo que gostava bastante. Quando seu pai veio lhe falar, já estava tudo acertado para a ida de Julien à casa do senhor de Rênal como preceptor de seus filhos. Mas Julien não sabia direito como seria sua vida na casa do prefeito e jovem e orgulhoso que era, Julien já arquitetava sua fuga para viver como soldado em Besançon. Mas Julien também era ambicioso e fora justamente a ambição que o fizera aceitar trabalhar na casa do prefeito.
"É preciso renunciar a tudo isso, disse ele a si mesmo, "mas não me rebaixar a comer com os domésticos. O meu pai vai querer me obrigar; melhor morrer. Tenho quinze francos e quarenta centavos de economias: hoje à noite eu vou fugir; em dois dias, através de trilhas onde não preciso ter medo de guarda algum, chego a Besançon; lá me alisto como soldado e se for necessário vou para a Suíça. Mas então para mim não vai haver mais progresso, nem ambição, nem essa bela carreira de padre que leva ao sucesso." pág.38.
O primeiro contato que Julian teve com os Rênal foi justamente com a mulher do prefeito, a senhora de Rênal, que o recepcionou assim que chegou. Sorel ficou maravilhado com aquela mulher que o tratava tão bem e com tanto respeito, coisa que ele nunca tivera em lugar algum de sua vida. Após as introduções e acertos com o prefeito, Julian dava inicio a sua jornada de preceptor na casa dos Rênal. Em pouco tempo, aquele jovem de tez tão branca, olhar doce, mas de educação inabalada e firme, teve um desempenho tão bom que começou a ficar famoso na cidade e obteve até o respeito do próprio prefeito, o que era uma proeza e tanto.
Com as crianças, Julien era frio, justo e impassível, mas mesmo assim elas o adoravam a cada dia mais. Porém, ele escondia um ódio e horror profundos à alta sociedade, pois sabia que ele era aceito somente até certo ponto naquele mundo à parte, devido as suas origens humildes. As crianças nada significavam para ele, e a cada jantar pomposo ele se continha frente à hipocrisia da maioria dos convidados do senhor de Rênal, assim como a do próprio prefeito.
Foi após ter levado uma surra de seus irmãos invejosos de sua nova posição, que as coisas começaram a mudar dentro da casa dos Rênal. Sorel agora era amado pela camareira da senhora de Rênal, Elisa, que vivia falando dele para à patroa. Esta por sua vez, tendo em vista a pobreza que via em Sorel, resolveu que gostaria de lhe dar alguns presentes, mas não ousou fazê-lo, não no primeiro momento, mas não pôde se conter. Porém, após uma recusa, ela teve uma conversa com seu marido para que o fizesse de uma forma sutil, o qual o fez e, assim, Julien tinha ganho mais cem francos, deixando a senhora de Rênal mais do que aliviada.
"O coração da senhora de Rênal era íntegro demais, ainda inocente demais para que - apesar de suas resoluções a respeito - ela deixasse de contar ao marido a oferta que fizera a Julien e a maneira como ele a recusara." pág.57.
A grande mudança pelo qual a senhora de Rênal e Julien passaram foi quando a camareira Elisa recebeu uma herança e que tinha planos de casar-se com o preceptor. O padre Chélan, que o havia indicado para a família do prefeito, ficou bastante surpreso quando soube que Julien não tinha planos e não iria aceitar o pedido de Elisa. Foi quando a senhora de Rênal percebeu que ficara feliz com a negativa do jovem Sorel. Elisa se confidenciava com a sua senhora, mas essa quase não ouvia o que a camareira dizia, apenas pedia para ela repetisse a resposta de Julien, e foi aí que ela fez uma grande e perigosa descoberta.
"No dia seguinte, depois do almoço, a senhora de Rênal entregou-se à deliciosa volúpia de defender a causa da rival - e de ver a mão e a fortuna de Elisa serem constantemente rejeitadas, durante uma hora inteira." pág.65.
A chegada de uma parente, a senhora Derville, de certa forma foi um modo de aproximação entre Julien e as senhoras da casa. Eles passavam horas passeando, conversando e foi em um desses passeios que Julien se sentiu um tanto humilhado e prometeu a si mesmo que reverteria aquela situação. Sorel era um jovem decidido, mas o que ele não esperava era que a situação pudesse mudar de uma forma que ele jamais imaginaria; e a razão de tudo aquilo era a bela senhora de Rênal.
Opinião: É muito bom saber que existem clássicos que mesmo após quase dois séculos ainda impressionam. O Vermelho e o Negro de Stendhal nos mostra uma França ainda meio perdida após a era Napoleônica. Julien Sorel é um personagem extremamente marcante por sua complexidade em uma época de mudanças e onde ainda havia muitos problemas a se resolverem.
Se na primeira parte do romance histórico de Stendhal, temos um jovem Sorel ambicioso, orgulhoso e também raivoso pela sociedade em que está inserido, que comete erros até aprender o necessário para subir em sua posição; na segunda parte, vemos um Julien mais experiente e, apesar de ainda ser jovem, com seus objetivos mais claros, diretos e mais calculista, usa tudo que aprendeu sobre o materialismo e toda a nobre hipocrisia da sociedade francesa para galgar seus intentos.
Ainda vemos um homem jovem com sua ambição secreta, mas que pela mesma ambição, tem que escolher uma carreira que também lhe dará um futuro certo e vantajoso, mesmo que não seja aquilo que sempre desejou e que esconde por medo da nova sociedade que trava uma guerra que se estende entre os nobres e a burguesia, além dos jansenistas e os jesuítas. Toda a reestruturação da França, pouco antes da revolução de 1830, serve de pano de fundo para o árduo caminho que o personagem principal precisa percorrer para conseguir aquilo que tanto deseja.
Stendhal faz uma profundíssima crítica social criando uma gama de personagens que conseguem demonstrar a futilidade, a vilania e a hipocrisia, além da ganância e o falso moralismo de uma época regada de tradições calcadas em muitas injustiças e traições.
O Vermelho e o Negro nos mostra vários personagens com seus discursos moralistas e politicamente corretos para a sociedade da época, mas que no fundo não passam de palavras vazias que servem apenas para inflar egos e reputações que sobreviviam apenas pelo mais puro "puxa saquismo" daqueles que eram os donos do dinheiro.
A reputação das pessoas era tão ridiculamente frágil que bastava apenas um acontecimento ou até mesmo palavras comprometedoras jogadas "ao vento", para que qualquer um passasse de bem visto, querido, invejado e de boa índole para um mal caráter ou persona non grata; tudo era aparência e dinheiro e, nesse ponto, Stendhal nos mostra maravilhosamente como a sociedade era mesquinha e cruel, ainda mais em um período de reestruturação como foi o da França.
Mas nem tudo é crítica, pois o amor também não fica de fora dessa bela jornada. Mesmo sendo apresentado de uma forma complexa, muitas vezes inconstante e quase sempre equivocado, ele, o amor, tem seus momentos puros e emocionantes através dos poucos amigos que o jovem Sorel conquistou ao longo dos anos. É através desse amor fraternal que enxergamos a esperança do ser humano que faz o que for preciso e é capaz de largar tudo e mover montanhas apenas para ajudar um amigo.
Julien Sorel é um dos personagens mais complexos que eu já tive o prazer de conhecer e através das palavras de Stendhal em O Vermelho e o Negro, Sorel será inesquecível tanto por seus dilemas intelectuais, políticos ambiciosos e religiosos como também pelos dilemas amorosos sofridos que muitas vezes o tiraram de seu caminho à ascensão.
O Vermelho e o Negro é um romance brilhante e que ainda nos dias de hoje, como disse antes, quase duzentos anos depois de sua publicação, continua a impactar aqueles que deitam os olhos por suas mais de quinhentas páginas de puro deleite e dissecação de uma época extremamente conturbada.
Meus queridos leitores, fico feliz em dizer a todos vocês que O Vermelho e o Negro de Stendhal, publicado pela editora Martin Claret não é de forma alguma imperdível é, sim, OBRIGATÓRIO.
Sobre a edição: A edição de O Vermelho e o Negro foi concebida para ser diferente. A Martin Claret aproveitou o conceito de tipografia e o aplicou inteiramente na capa do livro de Stendhal, sem se utilizar de qualquer arte gráfica e se apoiando, como disse acima, totalmente na tipografia, teve a competência de criar uma capa muito bonita e elegante. Essa mesma elegância se choca com a forma rústica da capa sem revestimento nas laterais e com as costuras da lombada à mostra, o que deixou essa edição além de linda, única.
Talvez seja o único livro no mercado em que você pode, com tranquilidade, abrir em qualquer página e deixá-lo no ângulo de 180º, sem medo de descolar páginas, arrebentar lombada nem nada. O cuidado fica apenas nas bordas, pois como não têm revestimento, são um pouco mais delicadas. Porém, o cuidado que se precisa ter com essa edição é o mesmo de qualquer outra que tenha no mercado ou aí na sua estante.
Lembrando que essa edição é em capa dura, folhas amareladas e impressa em fontes bastante agradáveis. Outro detalhe são as notas explicativas que são impressionantes tanto na quantidade quanto na qualidade de informações que agregam a edição e que ficou a cargo do próprio tradutor, Herculano Villas-Boas. A revisão ficou por conta de Alexander Barutti Siqueira e do inigualável Oleg Almeida.
Pode-se dizer que a Martin Claret apostou e arriscou-se em um design diferente de seu "modus operandi" e acabou criando uma obra belíssima que vai agradar tanto em beleza quanto em conteúdo.
Fiquei felicíssimo e agradeço imensamente a Martin Claret por ter me dado o prazer de receber essa obra de qualidade indiscutível e poder apresentá-la aos leitores do Saga Literária.
Sobre o autor: Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal, nasceu em Grenoble, França, em 23 de janeiro de 1783. Foi cônsul e diplomata francês, mas ficou mais conhecido por ser escritor. Tinha um estilo mais seco, mas também se utilizava da valorização de sentimentos, paixões e aspectos psicológicos para construir seus personagens. Dentre suas obras mais famosas se encontram O Vermelho e o Negro e A Cartuxa de Parma. Stendhal faleceu no dia 23 de março de 1842 em Paris, França.
"(...) - De qualquer jeito, quero mesmo ter em casa o Sorel... o filho do serrador de tábuas - disse o senhor de Renâl. - Ele vai vigiar as crianças; elas já estão ficando muito endiabradas para nós dois. Ele é um jovem sacerdote, ou algo semelhante... bom latinista, vai fazer os meninos estudarem; pois ele tem um caráter sólido, segundo o padre." pág.29.
Julien vivia na serraria do Pai Sorel e com seus irmãos, brutamontes endurecidos pelo trabalho que faziam. Ele era odiado tanto pelo pai como pelos irmãos e não tinha interesse algum pelo trabalho na serraria. Em suas horas de folga, Julien, tinha com o velho cirurgião da cidade aulas de latim e história, algo que gostava bastante. Quando seu pai veio lhe falar, já estava tudo acertado para a ida de Julien à casa do senhor de Rênal como preceptor de seus filhos. Mas Julien não sabia direito como seria sua vida na casa do prefeito e jovem e orgulhoso que era, Julien já arquitetava sua fuga para viver como soldado em Besançon. Mas Julien também era ambicioso e fora justamente a ambição que o fizera aceitar trabalhar na casa do prefeito.
"É preciso renunciar a tudo isso, disse ele a si mesmo, "mas não me rebaixar a comer com os domésticos. O meu pai vai querer me obrigar; melhor morrer. Tenho quinze francos e quarenta centavos de economias: hoje à noite eu vou fugir; em dois dias, através de trilhas onde não preciso ter medo de guarda algum, chego a Besançon; lá me alisto como soldado e se for necessário vou para a Suíça. Mas então para mim não vai haver mais progresso, nem ambição, nem essa bela carreira de padre que leva ao sucesso." pág.38.
O primeiro contato que Julian teve com os Rênal foi justamente com a mulher do prefeito, a senhora de Rênal, que o recepcionou assim que chegou. Sorel ficou maravilhado com aquela mulher que o tratava tão bem e com tanto respeito, coisa que ele nunca tivera em lugar algum de sua vida. Após as introduções e acertos com o prefeito, Julian dava inicio a sua jornada de preceptor na casa dos Rênal. Em pouco tempo, aquele jovem de tez tão branca, olhar doce, mas de educação inabalada e firme, teve um desempenho tão bom que começou a ficar famoso na cidade e obteve até o respeito do próprio prefeito, o que era uma proeza e tanto.
Com as crianças, Julien era frio, justo e impassível, mas mesmo assim elas o adoravam a cada dia mais. Porém, ele escondia um ódio e horror profundos à alta sociedade, pois sabia que ele era aceito somente até certo ponto naquele mundo à parte, devido as suas origens humildes. As crianças nada significavam para ele, e a cada jantar pomposo ele se continha frente à hipocrisia da maioria dos convidados do senhor de Rênal, assim como a do próprio prefeito.
Foi após ter levado uma surra de seus irmãos invejosos de sua nova posição, que as coisas começaram a mudar dentro da casa dos Rênal. Sorel agora era amado pela camareira da senhora de Rênal, Elisa, que vivia falando dele para à patroa. Esta por sua vez, tendo em vista a pobreza que via em Sorel, resolveu que gostaria de lhe dar alguns presentes, mas não ousou fazê-lo, não no primeiro momento, mas não pôde se conter. Porém, após uma recusa, ela teve uma conversa com seu marido para que o fizesse de uma forma sutil, o qual o fez e, assim, Julien tinha ganho mais cem francos, deixando a senhora de Rênal mais do que aliviada.
"O coração da senhora de Rênal era íntegro demais, ainda inocente demais para que - apesar de suas resoluções a respeito - ela deixasse de contar ao marido a oferta que fizera a Julien e a maneira como ele a recusara." pág.57.
A grande mudança pelo qual a senhora de Rênal e Julien passaram foi quando a camareira Elisa recebeu uma herança e que tinha planos de casar-se com o preceptor. O padre Chélan, que o havia indicado para a família do prefeito, ficou bastante surpreso quando soube que Julien não tinha planos e não iria aceitar o pedido de Elisa. Foi quando a senhora de Rênal percebeu que ficara feliz com a negativa do jovem Sorel. Elisa se confidenciava com a sua senhora, mas essa quase não ouvia o que a camareira dizia, apenas pedia para ela repetisse a resposta de Julien, e foi aí que ela fez uma grande e perigosa descoberta.
"No dia seguinte, depois do almoço, a senhora de Rênal entregou-se à deliciosa volúpia de defender a causa da rival - e de ver a mão e a fortuna de Elisa serem constantemente rejeitadas, durante uma hora inteira." pág.65.
A chegada de uma parente, a senhora Derville, de certa forma foi um modo de aproximação entre Julien e as senhoras da casa. Eles passavam horas passeando, conversando e foi em um desses passeios que Julien se sentiu um tanto humilhado e prometeu a si mesmo que reverteria aquela situação. Sorel era um jovem decidido, mas o que ele não esperava era que a situação pudesse mudar de uma forma que ele jamais imaginaria; e a razão de tudo aquilo era a bela senhora de Rênal.
Opinião: É muito bom saber que existem clássicos que mesmo após quase dois séculos ainda impressionam. O Vermelho e o Negro de Stendhal nos mostra uma França ainda meio perdida após a era Napoleônica. Julien Sorel é um personagem extremamente marcante por sua complexidade em uma época de mudanças e onde ainda havia muitos problemas a se resolverem.
Se na primeira parte do romance histórico de Stendhal, temos um jovem Sorel ambicioso, orgulhoso e também raivoso pela sociedade em que está inserido, que comete erros até aprender o necessário para subir em sua posição; na segunda parte, vemos um Julien mais experiente e, apesar de ainda ser jovem, com seus objetivos mais claros, diretos e mais calculista, usa tudo que aprendeu sobre o materialismo e toda a nobre hipocrisia da sociedade francesa para galgar seus intentos.
Ainda vemos um homem jovem com sua ambição secreta, mas que pela mesma ambição, tem que escolher uma carreira que também lhe dará um futuro certo e vantajoso, mesmo que não seja aquilo que sempre desejou e que esconde por medo da nova sociedade que trava uma guerra que se estende entre os nobres e a burguesia, além dos jansenistas e os jesuítas. Toda a reestruturação da França, pouco antes da revolução de 1830, serve de pano de fundo para o árduo caminho que o personagem principal precisa percorrer para conseguir aquilo que tanto deseja.
Stendhal faz uma profundíssima crítica social criando uma gama de personagens que conseguem demonstrar a futilidade, a vilania e a hipocrisia, além da ganância e o falso moralismo de uma época regada de tradições calcadas em muitas injustiças e traições.
O Vermelho e o Negro nos mostra vários personagens com seus discursos moralistas e politicamente corretos para a sociedade da época, mas que no fundo não passam de palavras vazias que servem apenas para inflar egos e reputações que sobreviviam apenas pelo mais puro "puxa saquismo" daqueles que eram os donos do dinheiro.
A reputação das pessoas era tão ridiculamente frágil que bastava apenas um acontecimento ou até mesmo palavras comprometedoras jogadas "ao vento", para que qualquer um passasse de bem visto, querido, invejado e de boa índole para um mal caráter ou persona non grata; tudo era aparência e dinheiro e, nesse ponto, Stendhal nos mostra maravilhosamente como a sociedade era mesquinha e cruel, ainda mais em um período de reestruturação como foi o da França.
Mas nem tudo é crítica, pois o amor também não fica de fora dessa bela jornada. Mesmo sendo apresentado de uma forma complexa, muitas vezes inconstante e quase sempre equivocado, ele, o amor, tem seus momentos puros e emocionantes através dos poucos amigos que o jovem Sorel conquistou ao longo dos anos. É através desse amor fraternal que enxergamos a esperança do ser humano que faz o que for preciso e é capaz de largar tudo e mover montanhas apenas para ajudar um amigo.
Julien Sorel é um dos personagens mais complexos que eu já tive o prazer de conhecer e através das palavras de Stendhal em O Vermelho e o Negro, Sorel será inesquecível tanto por seus dilemas intelectuais, políticos ambiciosos e religiosos como também pelos dilemas amorosos sofridos que muitas vezes o tiraram de seu caminho à ascensão.
O Vermelho e o Negro é um romance brilhante e que ainda nos dias de hoje, como disse antes, quase duzentos anos depois de sua publicação, continua a impactar aqueles que deitam os olhos por suas mais de quinhentas páginas de puro deleite e dissecação de uma época extremamente conturbada.
Meus queridos leitores, fico feliz em dizer a todos vocês que O Vermelho e o Negro de Stendhal, publicado pela editora Martin Claret não é de forma alguma imperdível é, sim, OBRIGATÓRIO.
Sobre a edição: A edição de O Vermelho e o Negro foi concebida para ser diferente. A Martin Claret aproveitou o conceito de tipografia e o aplicou inteiramente na capa do livro de Stendhal, sem se utilizar de qualquer arte gráfica e se apoiando, como disse acima, totalmente na tipografia, teve a competência de criar uma capa muito bonita e elegante. Essa mesma elegância se choca com a forma rústica da capa sem revestimento nas laterais e com as costuras da lombada à mostra, o que deixou essa edição além de linda, única.
Talvez seja o único livro no mercado em que você pode, com tranquilidade, abrir em qualquer página e deixá-lo no ângulo de 180º, sem medo de descolar páginas, arrebentar lombada nem nada. O cuidado fica apenas nas bordas, pois como não têm revestimento, são um pouco mais delicadas. Porém, o cuidado que se precisa ter com essa edição é o mesmo de qualquer outra que tenha no mercado ou aí na sua estante.
Lembrando que essa edição é em capa dura, folhas amareladas e impressa em fontes bastante agradáveis. Outro detalhe são as notas explicativas que são impressionantes tanto na quantidade quanto na qualidade de informações que agregam a edição e que ficou a cargo do próprio tradutor, Herculano Villas-Boas. A revisão ficou por conta de Alexander Barutti Siqueira e do inigualável Oleg Almeida.
Pode-se dizer que a Martin Claret apostou e arriscou-se em um design diferente de seu "modus operandi" e acabou criando uma obra belíssima que vai agradar tanto em beleza quanto em conteúdo.
Fiquei felicíssimo e agradeço imensamente a Martin Claret por ter me dado o prazer de receber essa obra de qualidade indiscutível e poder apresentá-la aos leitores do Saga Literária.
Sobre o autor: Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal, nasceu em Grenoble, França, em 23 de janeiro de 1783. Foi cônsul e diplomata francês, mas ficou mais conhecido por ser escritor. Tinha um estilo mais seco, mas também se utilizava da valorização de sentimentos, paixões e aspectos psicológicos para construir seus personagens. Dentre suas obras mais famosas se encontram O Vermelho e o Negro e A Cartuxa de Parma. Stendhal faleceu no dia 23 de março de 1842 em Paris, França.
42 Comentários
Tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia esse livro. Gostei do enredo e que designer é esse? Já amei!
Beijos.
www.alempaginas.com
Karini, não é lindo? e que história espetacular. Leia sim, viu. Obrigado pela visita. Beijos.
ExcluirSempre tive vontade de ler O Vermelho e o Negro, mas por alguma razão acaba ficando pra depois. Lendo a resenha do Jeffa Koontz a vontade se transformou em obrigação. O Jeffa tem o talento de descrever pontualmente a história e sempre com a destreza de não revelar o final. Suas resenhas são precisas e sua crítica esclarecedora, já que não basta conhecer o livro, é preciso contextualizar a história, demonstrando conhecimento não apenas da história, mas da conjuntura em que foi escrito. Obrigada Saga e Jeffa pela ótima resenha! Bjos
ResponderExcluirAle, muito obrigado pelas palavras. Tento sempre deixar o máximo de spoiler fora das resenhas. Fico muito feliz que tenha gostado. Mais uma vez, muito obrigado e volte sempre aqui no Saga. Beijos.
ExcluirOlá Jeffa, tudo bem?
ResponderExcluirFaz alguns anos que eu ando lendo várias resenhas sobre esse livro, mas, nenhuma delas foi tão interessante quanto a sua. Por causa do "medo" literário fiquei apreensiva em comprar esse livro do autor e como ganhei A Cartuxa de Parma, resolvi lê-lo primeiro. Agora estou arrependida de não ter comprado esse livro antes...kk
Beijos e abraços
http://vickyalmeida.blogspot.com.br/
Oi, Vivi. Olha, muito obrigado pelas palavras. Não tenha medo de O Vermelho e o Negro, pois sei que vai gostar. Beijos e volte sempre, tá!?
ExcluirO que me atraiu mesmo foi o trabalho gráfico da edição. Adoro o cuidado que a Martin Claret tem com as suas publicações.
ResponderExcluirEm relação a história não sabia da existência e me deixou muito curiosa pela leitura =D
Sai da Minha Lente
Clayci, está bonito demais, né!? A Martin Claret é um espetáculo. Beijos e volte sempre.
ExcluirOiiii
ResponderExcluirEu gostei como ele retrata bem o contexto da sociedade da época, é bem isso mesmo, uma boa reputação era praticamente lançada nas cinzas bastava um comentário qualquer. Na verdade mesmo em tempos modernos a coisa não mudou tanto nesse sentido mas... enfim, acho legal ler e conhecer esses retratos de sociedades mais antigas que às vezes coincidem com a maneira atual, seja de maneira positiva ou negativa. A capa é um arraso, eu adoro essa cores fortes.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Alice, muito obrigado. Também gosto demais de leituras de outras épocas. A Martin Claret está arrasando nas edições, muito lindas e com conteúdo. Beijos e volte sempre, tá!?
ExcluirOlá!
ResponderExcluirUm clássico com uma edição impecável, impossível não querer na estante né?!
Sua resenha me fez viajar sobre essa leitura e fiquei com muita vontade de conhecer mais essa leitura.
Beijos!
Camila de Moraes
Camila, leia sim e com vontade, pois é muito bom mesmo. Muito obrigado pelas palavras e volte sempre. Beijos.
ExcluirJeffa, que livro intenso e me surpreendeu o fato de ser um clássico de quase dois séculos. A Sua resenha realmente me contagiou, sem falar que um romance histórico nos fornece uma ideia de como as coisas aconteciam na época e tenho me surpreendido com as algumas várias (hahaha) “coincidências” que tenho observado com o mundo hoje.
ResponderExcluirParabéns pela resenha.
Bjo
Tânia Bueno
Tânia, concordo com você..kkkk.... Leia que é maravilhoso. Muito obrigado pelas palavras e espero ver você mais vezes por aqui. Beijos.
ExcluirOlá, O vermelho e o negro é um clássico que quero muito ler (estou de olho na edição da TAG, mas gostei dessa também). A história com seu pano de fundo histórico me parece proporcionar uma ótima leitura. Gostei da resenha.
ResponderExcluirObrigado, Marijleite. A edição da Martin está sensacional, arrisque-se. Muito obrigado pelas palavras e volte sempre. Beijos.
ExcluirOlá! Que resenha maravilhosa de se ler, gostei da forma como você trouxe o enredo e como deu sua opinião sobre as criticas que o livro trás! E essa edição, amei a capa e a lombada do livro, realmente é uma edição unica e bem elegante! Amei a dica de livro, confesso que não conhecia mas fiquei interessada neste enredo cheio de personagens, criticas e tudo o mais, obrigada pela dica!
ResponderExcluirBeijos,
Conta-se um Livro
Ritchelly, não tenho como agradecer as suas bondosas palavras, mas MUITO OBRIGADO!! Fico feliz que tenha gostado, tanto da resenha como do livro, claro. A Martin Claret está arrasando com tudo nesses lançamentos dela. Leia que vai gostar. Mais uma vez, muito obrigado e volte sempre. Beijos.
ExcluirQue livro lindo! Que lombada perfeita.
ResponderExcluirBom, sobre a narrativa: assim que comecei a ler a resenha lembrei logo de Raskólnikov, de Crime e castigo. Por causa dos personagens principais, que extremamente complexos, pelo o que pude perceber da sua resenha. Amo personagens que tem vários tons.
Vou anotar a dica desse clássico.
Nilda, é demais, né?! Bom, se leu Dostô, vai gostar de Stendhal. Leia que vale muito a pena. Muito obrigado pela visita e volte sempre. Beijos.
ExcluirOi Jeffa, tudo bem? À primeira vista achei o livro totalmente desinteressante, porém depois de ler atentamente a sinopse mudei radicalmente de opinião, a ponto de colocá-lo na minha lista de futuras leituras. Fiquei muito feliz por encontrar uma resenha tão bem escrita e um livro extremamente interessante. Beijos
ResponderExcluirNara Dias
Viagens de Papel
Nara, muito obrigado pela palavras. Não deixe de ler O Vermelho e o Negro, não vai se arrepender. Beijos.
ExcluirEu não conhecia esse livro e a premissa me deixou bem curiosa, gostei da sua resenha e os pontos que você mencionou me deixaram interessada em realizar a leitura.
ResponderExcluirBeatriz, fico muito feliz que minha resenha lhe serviu a ponto de ter interesse em ler Stendhal. Muito obrigado e volte sempre. Beijos.
ExcluirFiquei bem curiosa para conhecer melhirnessa história e achei o trabalho gráfico do livro maravilhoso.
ResponderExcluirParece ser uma ótima leitura.
Beijos
Mari
Pequenos Retalhos
Mari, esse livro é especial em todas as formas. Leia-o que vai gostar. Muito obrigado e volte sempre. Beijos.
ExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirEu já comecei a ler esse livro e estava adorando a leitura, porém, acabei passando outros livros na frente e não terminei. Porém, ainda pretendo terminar. Mesmo sem ter terminado o livro, percebi que os personagens eram mesmo muito complexos, especialmente o Julien. Além disso, mesmo se tratando de um clássico tão antigo, a escrita do autor é muito envolvente.
Adorei a resenha e espero retomar a leitura deste livro em breve.
Beijos!
Maria, não deixe Julien esperando, você já sabe bem como ele é, não?! kkkk... Muito obrigado e volte sempre, viu?! Beijos.
ExcluirOlá!!
ResponderExcluirNão sei se o leria, pois ainda estou me habituando a ler grades classicos, mas caramba, que historia! Anotei a dica, de verdade, e espero poder ler em breve.
Mega amei essa edição maravilhosa!!
beijos
Blog Diversamente
Mari, O Vermelho e o Negro é ótimo para quem ainda está se habitando aos clássicos. Você não vai se arrepender. Muito obrigado pela visita e volte sempre. Beijos.
ExcluirOs pontos que você abordou são bem interessantes, e a temática do livro extremamente curiosa, aguça o leitor a querer ler a obra com certeza, mas infelizmente esse não é o tipo de leitura que eu realizaria. Um clássico em uma edição maravilhosa, a Martin Claret realmente caprichou. Beijos do Wes ^^
ResponderExcluirWesley, a Martin Claret está colocando a concorrência no chinelo e esta edição, arrebentou tudo. Pena que não seja de seu interesse a leitura. Mas mesmo assim, muito obrigado pela visita. Volte sempre. Abraços.
ExcluirApesar de todos os elogios que distribuiu pela obra não é um tipo de leitura que me atraia em nada, então dessa vez irei passar a dica, de qualquer forma, obrigada.
ResponderExcluirAbraços.
Karine, é uma pena, pois a obra é maravilhosa. Mas de qualquer forma, muito obrigado pela visita. Volte sempre. Beijos.
Excluiroi, Jeffa. Fico feliz que vc tenha curtido a obra... é um belo clássico e nessa edição, a leitura fica ainda mais convidativa... a minha é bem velhinha e gasta, comprei numa banca de livros usados na época da faculdade... mas queria essa da Martin na estante hehehe
ResponderExcluirbjs ^^
Maria, se eu te contar que tenho uma edição que saiu em uma coleção de banca aqui em casa há anos, você acredita? Mas quando fiquei sabendo que a Martin Claret iria publicar O Vermelho e o Negro, decidi esperar. Olha, valeu e muito aguardar por essa edição. Muito obrigado pela visita e volte sempre, Maria. Beijos.
ExcluirNão é a toa que este livro é um clássico! Aliás, a editora me surpreendeu com esta capa, e o que dizer da lombada??? Fiquei de boca aberta aqui.
ResponderExcluirBjs, rose
Rose, é impressionante, não?! Demais mesmo. Muito obrigado pela visita e volte sempre, tá?! Beijos.
ExcluirOii! Nossa, que livro fascinante! Fiquei intrigada com a personalidade do personagem principal e estou curiosa para ler a sua trajetória. A sua resenha está incrível e muito completa. Essa edição está simplesmente maravilhosa, espero conferir essa obra um dia. Bjss!
ResponderExcluirJennifer, confira sim que é muito bom esse livro. Muito obrigado pelas palavras e espero você por aqui sempre, tá?! Beijos e obrigado novamente.
ExcluirOiii!
ResponderExcluirEu confesso que não conhecia esse livro, mas fiquei muito feliz em ver sua resenha para a obra. Classicos são incriveis pois mesmo com o passar dos anos conseguem nos deixar envolvidos e são atemporais. Achei o livro completissimo! Sua resenha conseguiu me passar isso. Parabéns.
Bjs
Ana, muito obrigado. Fico sempre muito feliz quando minhas resenhas alcançam resultado. Não deixe de conferir esse lançamento da Martin Claret que está demais. Mais uma vez, muito obrigado e volte sempre, viu?!?! Beijos.
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