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[RESENHA #436] O PRÍNCIPE - NICOLAU MAQUIAVEL

Título: O Príncipe
Autor: Nicolau Maquiavel
Editora: Martin Claret
Páginas: 136
Ano: 2017

ISBN: 9788544001592
Onde Comprar:
 Amazon - Saraiva

Sinopse: 
Escrito em 1513, “O príncipe” é, de longe, o mais relevante tratado político produzido por Maquiavel. Insere-se na tradição do gênero literário medieval conhecido como “espelho para príncipes”, verdadeiros “manuais” para poderosos, e consolida táticas e estratégias para conquistar, administrar e manter um Estado. É uma das obras fundadoras da Ciência Política moderna, já que o “pequeno volume” — como o próprio Maquiavel se referia a este texto — é pioneiro ao propor uma separação entre Igreja e Estado. Esta ousadia, num tempo em que a Igreja Católica dominava a sociedade, valeu-lhe a demonização de sua pessoa e de seus escritos pela Inquisição. 

Resenha: Nicolau Maquiavel, filósofo, músico, poeta e diplomata publicou em 1532 O Príncipe. Esse livro é na verdade uma série de cartas que Nicolau Maquiavel (Nicolaus Maclavellus) enviou para Lourenço de Médici (Laurentium Medicem). Ao todo o livro conta com vinte e seis capítulos e as cartas são na verdade manuais que servem como guia para obter um bom governo. Maquiavel inicia suas cartas classificando os tipos de governo e quais são as melhores formas de conquistar e governar. Maquiavel ainda apresenta os seus argumentos, como forma de corroborar o que defende, ele utiliza diversos exemplos, citando gregos, romanos e até mesmo o povo italiano.

"Aqueles que desejam agradar um Príncipe costumam presenteá-lo com coisas que lhe seja caras ou com as quais vejam que ele se deleita; donde, muitas vezes, oferecem cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e ornamentos semelhantes, dignos da gradeza do Príncipe." p. 39
"Os cidadãos comuns que somente por fortuna tornam-se príncipes fazem-no com pouco esforço, mas se mantêm com muito; e não encontram nenhum dificuldade em seu caminho, porque voam sobre ele (...)" p. 59

No decorrer da leitura, vemos que Nicolau Maquiavel investiga e analisa a política e o estado através de diversos conceitos, desde a moral e ética, passando por aspectos religiosos e militares. Aos poucos, o autor demonstra dois conceitos chaves do seu livro: a virtù e a fortuna. Segundo Maquiavel, parte de nossas ações são reguladas, controladas e governadas pela fortuna, esta traduz-se no acaso ou sorte. Já a virtù tem uma concepção medieval, traduzindo-se na qualidade e habilidades pessoais, fugindo um pouco da concepção de virtude religiosa. A virtù é nada mais do que a destreza aliada a astúcia, esses aspectos estão ligados diretamente ao campo da política.

"Todos concordam quão louvável é um príncipe fiel e que viva com integridade e não com astúcia; no entanto, pela experiência em nossos tempos, veem-se príncipes que fizeram grandes coisas, que pouco levaram em conta a fidelidade, e que souberam, com a astúcia, virar as mentes dos homens; e, no final, superaram aqueles que se basearam na lealdade." p. 97

Nicolau Maquiavel sentiu que era necessário conseguir uma estabilidade política e social para uma boa e segura governabilidade, tendo em vista que naquele momento histórico a guerra era algo comum e presente. A Itália estava dividida em Estados autônomos e independentes, mas que viviam em guerra constante entre si. Foi diante desse cenário que Maquiavel sentiu-se na necessidade de buscar a formação e a recriação da nação italiana, tendo como base e inspiração a antiga República Romana. Porém, para atingir o seu intento, era necessário unir os estados italianos, para isso se faz necessário a figura de um príncipe capaz de agrupar, unir e governar os estados dessa nação fragmentada.
Opinião: Escrito por Nicolau Maquiavel na cidade de Florença, durante o período do Renascimento, O Príncipe é um livro atemporal, pois ainda hoje é tido como revolucionário na forma de estudar política, o estado e também o próprio direito. A obra de Maquiavel expressa pela primeira vez a noção de Estado como um meio de organizar a sociedade como conhecemos nos dias de hoje. Em sua época a obra surgiu como um manual que tinha por objetivo ensinar e guiar um príncipe a controlar o estado, a conservar o poder, seja por meio da bondade, sutileza, maldade ou astúcia. É interessante uma metáfora utilizada pelo autor e que retrata o que eu disse acima, trata-se da metáfora da raposa e do leão. Para Maquiavel, não basta que o príncipe seja forte como leão, ele deverá ser esperto e dissimulado como a raposa. Assim, o príncipe, o governante, não deverá ter sempre virtudes ditas cristãs, mas ao menos deverá fingir tê-las, de forma que possa enganar os seus súditos ou governados. Por essa visão, Maquiavel acaba por romper com a moralidade clara da sociedade medieval, fortemente influenciada pelos preceitos da Igreja Católica, propondo outra visão de valorização para capacitar o homem ao poder.

Diante dos inúmeros ensinamentos que Maquiavel nos traz, podemos perceber que ele prega o equilíbrio entre os atributos e atos que um príncipe (governante) de ter e praticar. O Príncipe tem um tom pragmático, porém ele abre espaço para a subjetividade em algumas situações que envolvem o príncipe. É interessante a famosa ideia e pensamento de Maquiavel que os fins justificam os meios, com esse pensamento ele separa a moral do poder, tendo em vista que para conquistar o poder e principalmente manter-se nele, é necessário praticar ora atos imorais e violentos, mas também é necessário saber praticar atos gentis e morais. O Príncipe é uma grande leitura, é um livro repleto de ensinamentos e reflexões, o autor também aborda todo o contexto histórico da península itálica. Esse livro é para ser lido devagar, devido ao grande número de informações.
Sobre a Edição: A Editora Martin Claret optou por trazer ao mercado O Príncipe na versão brochura, trata-se de uma edição caprichada, com inúmeras notas de rodapé, o livro conta ainda com nota biográfica, introdução, nota da tradutora e sumário. A tradução e notas ficaram a cargo da Leda Beck. Eu achei a capa muito bonita e retrata bem o período histórico e o conteúdo do livro. Existe ainda no interior do livro a flor-de-lis, flor essa que está ligada diretamente à cidade de Florença. As folhas são amareladas e a revisão ficou muito boa.
Sobre o Autor: Nicolau Maquiavel, em italiano Niccolò Machiavelli, foi um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente. Desde as primeiras críticas, feitas postumamente por um cardeal inglês, as opiniões, muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de forma que o adjetivo maquiavélico, criado a partir do seu nome, significa esperteza, astúcia.

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12 Comentários

  1. Olá Yvens, o livro me pareceu bem interessante mas complexo demais para minha cabeça. Sou mais adepta a leituras e narrativas mais simples, mas adorei conhecer um pouco mais sobre o autor.
    Abraços
    Vivi
    https://duaslivreiras.blogspot.com.br/

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  2. Olá. Eu nunca li nada desse autor apesar de gostar do tema de política e afins. Desde sempre esse lado da literatura me encanta mas por falta de oportunidade fui deixando para depois. Contudo, ao ver suas reflexões sobre a obra percebo que está mais do que na hora de contempla-la. Amei sua resnha. Beijos.

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  3. Olá!
    Já ouvi falar tanto desse livro por alguns professores meus que fiquei me perguntando se algum dia eu teria coragem de conferir. Bem, confesso que não. Não faz muito o meu estilo de leitura, mas imagino que para quem gosta desse tipo de assunto, deve ser um prato cheio mesmo.
    Abraços

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  4. Olá, essa é uma obra clássica sobre a qual eu já tinha ouvido falar muito, mas que ainda não li . Então, gostei muito de saber realmente sobre o que se trata através da sua ótima resenha.

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  5. Olá! Conheço Maquieval só de ouvir falar, nunca li nada sobre ou algo que ele tenha escrito. Achei muito interessante o livro dele ainda hoje ser tido como revolucionário, deve ser uma leitura cheia de ensinamentos e reflexões! Gostei bastante da dica!

    beijos,
    Conta-se um Livro

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  6. Olá Yvens!
    Esse projeto gráfico está lindo e apesar de gostar de leituras com elementos históricos, acho que não pegaria esse pra ler, me parece ter uma narrativa mais arrastada e no momento não encaixaria no que estou procurando pra leitura.
    Mas para os fãs do gênero certamente é uma leitura obrigatória.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  7. Oi Yvens, tudo bem?
    Li O Príncipe e tenho o livro. Acho que li em 2001 ou por aí, quando estava na faculdade. Não lembro muito do livro todo, apenas o que me marcou na leitura. Foi bom ler sua resenha e relembrar o livro. Deu uma sensação de nostalgia. Até lembrei do professor que indicou a leitura e dos meus colegas de classe na época! Parabéns pela resenha e por ler um clássico!
    http://colecionandoromances.blogspot.com.br/

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  8. Boa noite!
    Achei a edição muito linda, mas infelizmente o assunto não me interessou muito.
    Porém, gostei da sua resenha, e pelo conteúdo, vai agradar bastante os fãs.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  9. Li na época de escola para uma debate em.sala de aula. Lembro que foi uma leitura bem interessante e que todos participaram ativamente do debate trocando informações e opiniões do livro.
    Bjs

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  10. Tenho esse livro e li a algum tempo atrás, mas lendo sua resenha vejo que está na hora de reler. Apesar de ser um livro com um assunto mais técnico eu achei bem claro e direto, de fácil interpretação se lido com atenção. Ler sua resenha só me fez recordar essa experiência, preciso repeti-lá.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  11. Olá, esse me parece um livro que trata muito sobre o poder, e isso me faz não sentir vontade de le-lo. Sinto que precisamos interpreta-lo juntando o paralelo com o atual. Um livro bem complexo.
    Abraços.

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  12. Nossa, lendo a sua opinião sobre a obra fiquei com a impressão de que os políticos das terra brasilis utilizam o que Maquiavel falou sobre os fins justificar os meios e isso me deixa cada vez mais sem esperança desse nosso Brasil.
    Gostei demais da sua resenha.

    Bjo
    Tânia Bueno

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