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[RESENHA #328] MISTÉRIO EM CHALK HILL - SUSANNE GOGA

Título: Mistério em Chalk Hill
Autora: Susanne Goga
Editora: Jangada [Grupo Pensamento]
Páginas: 424
Ano: 2017
ISBN: 9788555390883
Onde comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: Em 1890, depois de um escândalo que afetou sua reputação, Charlotte Pauly deixa Berlim e vai lecionar para a pequena Emily, em Chalk Hill, uma mansão vitoriana nos arredores de Londres. Charlotte logo percebe uma estranha atmosfera na antiga casa. A menina de 8 anos é sempre atormentada por pesadelos e visões fantasmagóricas da mãe, que se afogou no rio da propriedade em circunstâncias misteriosas. Quando Charlotte tenta saber a respeito da morte de Lady Ellen, o pai de Emily, Sir Andrew, reage com hostilidade. Com tudo envolto em um grande mistério, somente com a ajuda de Tom Ashdown, um jornalista londrino designado para investigar o caso, é que Charlotte poderá verificar o que há por trás dos fenômenos sobrenaturais que assolam a mansão e descobrir uma trágica verdade escondida nas paredes de Chalk Hil.

Resenha: Charlotte Pauly deixa tudo para trás na Alemanha e parte para uma pequena cidade, nos arredores de Londres, chamada Chalk Hill. Sua função é ser a preceptora da pequena Emily. Para Charlotte o mais problemático era sua partida repentina de sua cidade natal para um outro país. Sua mãe bem que tentou, mas em vão, pois Fräulein Pauly como passou a ser chamada, estava resoluta em deixar seu passado para trás. Passado esse que custou praticamente toda sua reputação e por isso mesmo era o melhor a se fazer.

Ao chegar na estação de trem, Charlotte teve um pequeno revés e precisou pernoitar em uma pequena pensão para viajantes. Como já era tarde, não pôde comer nada na pequena casa e foi então para um restaurante, que era bem próximo dali. Ao voltar, teve uma pequena e estranha experiência. Não sabia se naquele loca era comum a prática de sessões espíritas, então, estrangeira como era, mas também movida pela curiosidade resolveu dar apenas uma olhada rápida.

"Uma sessão espírita" Charlotte já tinha ouvido falar a respeito, mas nunca tinha visto esse tipo de reunião. Em Berlim, não parecia ser algo bastante difundido, muito menos entre seus últimos patrões, que eram bem objetivos e materialistas. Fascinada e entretida, continuou olhando pela fenda, mas não conseguiu ver se o copo se moveu sobre a mesa." p. 19.
No dia seguinte, como combinado, Charlotte tomava seu café na pensão, mas mesmo com certa curiosidade não ousou tocar no assunto sobre a noite anterior. O que ela queria era apenas chegar em seu destino, Chalk Hill. Dessa vez o trem chegou no horário e assim, Miss Pauly conseguiu chegar em Dorking. Na estação, encontrou Wilkins, que a levaria até sua nova morada. No caminho ficou deslumbrada com a paisagem do local, enquanto Wilkins, além de cocheiro, fazia também o papel de guia para ela. Logo chegariam em Chalk Hill.

"A jovem respirou fundo. Uma coisa que tinha aprendido em seus anos como preceptora era não se mostrar ofendida, nem aos patrões nem aos alunos ou serviçais. Quem é vulnerável acaba sendo atacado, é simples assim. As pessoas sentem isso." p. 31.
Depois de conhecer os primeiros empregados de Sir Andrew, Charlotte, conheceu parte da casa e ficou surpresa ao saber que iria ficar no quarto que um dia fora de Lady Ellen Clayworth, pois após a tragédia, ainda tão recente, ela pensava que a família iria querer preservar tudo o que tivesse relação com a falecida. Porém, percebeu que não era bem assim que as coisas aconteciam em Chalk Hill. O primeiro encontro de Charlotte com a pequena Emily foi tão bom quanto poderia ser, melhor até do que a própria Charlotte poderia esperar. Encontrou em sua nova aluna atributos muito bem colocados, pois Emily era bastante educada, polida e também inteligente. Mas mesmo que não o fosse, a empatia entre as duas foi praticamente imediata, o que facilitaria bastante o trabalho que Charlotte Pauly teria pela frente.

"Emily Clayworth tinha cabelos castanho-escuros, cujos cachos rebeldes resistiam às fitas e fivelas. Estava com um vestido azul-claro e um avental branco. Quando olhou para Charlotte, esta prendeu a respiração por um instante. Os olhos de Emily eram mais azuis do que tudo o que já tinha visto. Os cílios longos e pretos pareciam os de uma boneca, e o rosto era pálido, salpicado de ligeiras sardas. Reconheceu de imediato uma criança incomum." p. 37.
Tom Ashdown é um respeitado crítico teatral e literário, além de jornalista respeitado, que acaba se envolvendo na exposição de um embusteiro que se passa por médium. Tom, apesar de ter seus demônios para exorcizar, acaba cruzando caminhos com a Society for Psychical Research, através da uma de suas participantes, a senhora Eleanor Sidgwick, que o encontra em um espetáculo de um suposto mágico. Por seu olhar cético e critico das coisas, Tom é convidado a fazer parte dessa até então, para ele, desconhecida sociedade.

"De repente, seu bom humor foi embora, pois pensava em Lucy. A noite tinha sido tão animada que ele se permitira algumas horas de esquecimento, mas eis que a lembrança dela voltava com toda força." p. 110.

Em Chalk Hill, Charlotte já tinha indícios de que as coisas não seriam tão simples como pensava que seriam. Logo após algumas situações perturbadoras, Emily começa a ter supostas visões e pesadelos com sua falecida mãe. Miss Pauly fica bastante preocupada com isso e acaba se comprometendo a ajudar a pequena Emily. Mas para isso, ela precisaria saber de toda a história envolvendo a morte de Lady Ellen Clayworth, o que se torna quase impossível, tendo em vista a ordem proibitiva de Sir Andrew aos funcionários de nunca falarem a respeito da morte de sua esposa.
A situação de Emilly vai se agravando a cada dia e as suspeitas sobre sua sanidade acabam se tornando cada vez maiores, preocupando até mesmo o frio e distante Sir Andrew, que por força dos acontecimentos, entra em contato com a Society for Psychical Research pedindo por ajuda.

"Concordou com a preceptora quanto ao fato de que não se tratava de um pesadelo comum. Emily devia ter imaginado algumas coisas em sua tristeza: o frio da água, a luta inicial para não se afogar, a paz subsequente. No entanto, duas coisas ele não conseguia esclarecer: Emily nada sabia do xale. E a carta de despedida que a mãe tinha deixado para trás havia sido queimada na lareira muito tempo antes." p. 184.
Tom Ashdown é enviado para verificar a situação da pequena Emily e encontra em Charlotte Pauly uma aliada para verificar se as visões e os supostos pesadelos que assolam Emily são apenas uma forma de trauma pela morte da mãe ou se realmente existe uma entidade assombrando a pequena infante e toda Chalk Hill.

Opinião: Muitas vezes é bom nós começarmos a ler um livro sem esperar nada dele e foi exatamente assim que comecei Mistério em Chalk Hill de Susanne Goga, lançamento da Editora Jangada. Levando em conta que eu adoro histórias que se passam em outras épocas, principalmente quando se trata da época vitoriana, Susanne Goga me surpreendeu e muito. A autora nos leva a conhecer um mistério que é dosadamente distribuído em suas 424 páginas, sem nos deixar entediados em nenhum momento sequer. Susanne, além de nos embrenhar nesse belo mistério, também nos apresenta algumas referências durante a narrativa, onde podemos encontrar um certo detetive que ainda não era famoso, mas já estava começando a entusiasmar os leitores ingleses e também uma certa autora de terror clássico que envolve uma certa criatura, porém já falecida e famosa na época em que ocorre toda a trama.
Susanne, magistralmente, separa as narrações entre os personagens principais onde cada um tem seus problemas pessoais a resolver. O foco principal, sem dúvida é o da visão de Charlotte Pauly que é dividida com o crítico teatral, literário e jornalista, Tom Ashdown, que tem seus próprios demônios que o atormentam também. A química entre os dois personagens é muito boa e quando se juntam para descobrir o que ocorre realmente em Chalk Hill, demonstram uma cumplicidade bastante verossímil e gostosa de se ver em uma história tão bem escrita como essa. Não posso dizer que Mistério em Chalk Hill é uma novidade em termos de enredo, mas posso dizer com toda a certeza que é uma história muito bem escrita, dosada e que te prende desde as primeiras linhas até o último parágrafo escrito pela autora. É muito bacana como a autora nos faz gostar de todos os personagens ao longo da história. Mesmo aqueles que merecem desprezo, acabam por encontrar seu lugar em nossos corações de leitores. Acho esse tipo de façanha uma das coisas mais difíceis de se fazer quando se escreve um livro, mas Susanne Goga conseguiu. 
Mistério em Chalk Hill é um livro para quem gosta de histórias bem contadas, de época, com personagens muito cativantes, bem construídos e praticamente impossíveis de se largar antes do final.


Sobre a edição: Mistério em Chalk Hill tem uma bela capa que demonstra perfeitamente mansão da história. O livro foi lançado no formato brochura, com folhas amareladas e fontes agradáveis. No final do livro, existe um pequeno capítulo que autora ilustra com algumas fotos o caminho que um dos personagens percorreu em uma das cenas da história, o que eu achei muito bacana, dando uma sensação de imersão maior na trama.
Enfim, meus caros leitores, agradeço imensamente e mais uma vez, a Editora Jangada, por me proporcionar uma leitura para lá de muito agradável, pois realmente foi um grande prazer conhecer mais essa obra. Por isso digo que Mistério em Chalk Hill é mais uma história IMPERDÍVEL.
Sobre a Autora: Susanne Goga nasceu em 26 de julho de 1967, Möchengladbach, na Alemanha, onde é autora e tradutora renomada e mora com a família. Em 2012, recebeu o prêmio DeLiA, da Associação de Autores Alemães de Literatura Romântica, pelo romance "Die Sprache der Schatten".

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