Título: As Crônicas de Medusa
Autor: Stephen Baxter e Alastair Reynolds
Editora: Record
Páginas: 434
Ano: 2016
ISBN: 9788501107435
Sinopse: Quando um ataque terrorista ameaça o cruzeiro Sam Shore na virada do século XXI para o XXII, não há ninguém que possa fazer nada. Nem mesmo o capitão da Marinha Mundial Howard Falcon, um ser humano aprimorado, parte homem, parte máquina. Então um pequeno robô que servia bebidas, com suas falas limitadas e sua autonomia reduzida, se prontifica a resolver a situação. Com isso, iniciam-se discussões sobre o grau de independência das máquinas, que podem se tornar ferramentas ainda melhores do que já são. Até que ocorre um acidente em um posto de trabalho no cinturão de Kuiper. Falcon vai até lá e encontra uma máquina chamada Adam cuja inteligência artificial parece torná-la consciente, um indivíduo. O capitão sabe que isso significa que as máquinas daquele setor serão desativadas para que o risco de completa independência seja evitado, por isso recomenda que todas fujam para que se desenvolvam longe da influência da humanidade. Comandadas por Adam, elas vão embora. Porém, muitos anos depois elas voltam, e esse é o começo de séculos atribulados na relação entre homens e máquinas.
Resenha: Arthur C. Clarke, escreveu um conto chamado Encontro com Medusa, que está presente no livro Vento Solar [esgotado no Brasil], que narra a história de Howard Falcon, comandante do Queen Elizabeth IV, uma nave com mais de quatrocentos e oitenta metros de cumprimento, que devido a um acidente terrível, vitimou quase toda a tripulação, incluindo os “superchimps” [super chimpanzés alterados geneticamente e que eram usados como mão-de-obra] e seus passageiros deixando Howard Falcon literalmente em pedaços.
"O choque pareceu durar uma eternidade. Não foi violento – apenas prolongado, e irresistível. Dir-se-ia que todo o universo estava desabando em volta deles. O ruído de metais destroçados aproximou-se, como se um animal fabulosamente grande estivesse ferrando os dentes da nave moribunda. Foi então que o assoalho e teto se fecharam sobre ele como as duas mandíbulas de um torno." p. 112. [Vento Solar]
Dez anos depois e após várias cirurgias cibernéticas, Howard Falcon, agora um tipo de ciborgue, meio máquina, meio homem, requer uma viagem solo até o planeta Júpiter. A bordo de sua nave Kon-Tiki, chega até o planeta e tem um encontro inusitado com um grupo de gigantescas medusas. Sem a possibilidade de aproximação e aprofundamento daqueles seres magníficos, Falcon deixa o planeta, na esperança de um futuro retorno para mais pesquisas.
"A meio caminho da órbita olhou na direção do sul e viu surgir acima do horizonte o tremendo enigma da Grande Mancha Vermelha – a ilha flutuante duas vezes maior do que a Terra. Não tirou os olhos dela, maravilhado pela sua misteriosa beleza, enquanto o computador não o avisou de que faltavam apenas sessenta segundos para a conversão à força de foguete. Foi com grande pesar que voltou as costas. – Fica para outra vez – murmurou." p. 138. [Vento Solar]
As Crônicas de Medusa, nos traz de volta o Comandante Howard Falcon, no comando de um navio de cruzeiro Sam Shore, no réveillon do ano de 2100. Ironicamente, este navio sofre um atentado. Para conseguirem sair desse atentado com vida, um pequeno robô, Conseil, se prontifica a desacoplar uma "criatura bomba" que não explodiu do casco do navio. Diante dessa atitude, os humanos começam a pensar em dar mais autonomia aos robôs para que possam aumentar sua utilidade para com a humanidade.
"Do Salão de Observação, o grupo assistiu de camarote ao pequeno robô, sistentado por boias e operando uma rebitadora com um dos manipuladores, remover a “sanguessuga” da janela com a outra garra. Mãos robóticas projetadas para misturar coquetéis descolando uma bomba de um submarino nuclear. Após executar o trabalho, Conseil, voltou ao Salão de Observação, com o corpo arranhado e pingando água, e foi recebido com uma salva de palmas. Com um gesto solene, a capitã Embleton se curvou e apertou a garra mecânica. Ham, o embaixador dos simps, deu um tapinha nas costas do autômato." p. 53.
A bordo do Sam Shore, Falcon também reencontra a doutora Hope Dhoni, a médica, na época uma enfermeira, que cuidou dele após o acidente com o Queen Elizabeth IV, que tenta convencê-lo a realizar atualizações em seu corpo cibernético e da parte orgânica também.
Conforme os anos vão passando, as máquinas vão se tornando mais independentes, o próprio Falcon treina uma robô chamado Adam, que tempos depois se torna o responsável por um grupo de robôs autônomos, na extração de gelo no Cinturião de Kuiper, onde os humanos não conseguem chegar. Após um acidente que acaba "matando" diversos robôs, o trabalho se interrompe e faz com que Adam descubra um novo fator em sua vida robótica que não deveria existir: O sofrimento.
"- Eu penso nas máquinas que foram perdidas. Falcon, a morte não é o destino final das máquinas. Somos potencialmente imortais. E, ainda assim, a morte chegou a este lugar. Tento simular a experiência daquelas máquinas no momento do acidente, quando perceberam que deixariam de existir. Tento emular os processadores dessas máquinas nos instantes antes do fim." p. 107.
Howard Falcon é recrutado para ir até o Cinturião de Kuiper para ordenar que as máquinas voltem ao trabalho seja por bem ou por mal. Mas, algo acontece que muda toda a história da relação das máquinas com os seres humanos. A história do Comandante Falcon se intercalada com a história do Projeto Ícaro, sobre um asteroide que entra em rota de colisão com o planeta terra, iniciado em abril de 1967.
Opinião: As Crônicas de Medusa é um daqueles livros que quando você termina, sobra um sorriso nos lábios e você tem a certeza de que leu um livro, no mínimo, muito bom. A história de Howard Falcon em As Crônicas de Medusa, atravessa os séculos e nos vemos diante de vários personagens que por menor que sejam tem suas funções bem definidas na trama. As Crônicas de Medusa também nos faz refletir quanto à solidão, pois Howard Falcon, por uma fatalidade do destino, acabou se tornando um ser único em toda a galáxia, tendo em vista que o tipo de cirurgia aplicado nele, foi proibido logo depois. Em várias partes da história pode-se notar a solidão do personagem que por ser praticamente imortal passa pelos anos deixando seus amigos para trás, levados pela morte.
"- Um velho amigo. Ele morreu há muito tempo." p. 107.
As intrigas políticas também estão presentes na obra, que retrata muito bem como aqueles que estão no poder podem se valer do uso do nosso personagem de acordo com suas próprias necessidades, que após cumpridas, fazem com que Falcon volte ao isolamento novamente.
"Quando, mais de um século após o episódio de Nova Nantucket, o chamado chegou, foi para um mundo pequeno e perigoso que ele jamais havia visitado." p. 217.
Obviamente, que a crítica à sociedade também está presente, pois mesmo o foco da trama ser o Comandante Howard Falcon e sua busca pelo conhecimento da galáxia, os autores nos mostram uma sociedade futurista dependente, conservadora e preconceituosa, mesquinha e cruel, principalmente com os shimps e as máquinas. Mesmo que unificada mundialmente em seus poderes e tecnologias em todos os meios como transporte, saúde, infraestrutura espacial e muitas outras coisas, a fome pela exploração da galáxia e planetas cada vez mais longínquos para uso próprio ainda é inerente ao chamado ser humano.
"O senhor sabia que também temos máquinas trabalhando na Lua? Esse é outro experimento diplomático. É verdade que elas foram banidas da Terra, mas nós as usamos para processar minério lunar e em uns outros programas." p. 157.
A narrativa é bem fluída e as especificações técnicas são bem colocadas e não cansam em momento algum. A edição da Record é em brochura, mas bem robusta, com folhas levemente amareladas, capa em alto relevo e verniz em algumas partes. A revisão ficou ótima e não encontrei erros durante a leitura dessa ótima obra, que como eu sempre digo e realmente gosto de dizer: é imperdível. As Crônicas de Medusa já faz parte das minhas melhores leituras de 2017!!
"O choque pareceu durar uma eternidade. Não foi violento – apenas prolongado, e irresistível. Dir-se-ia que todo o universo estava desabando em volta deles. O ruído de metais destroçados aproximou-se, como se um animal fabulosamente grande estivesse ferrando os dentes da nave moribunda. Foi então que o assoalho e teto se fecharam sobre ele como as duas mandíbulas de um torno." p. 112. [Vento Solar]
Dez anos depois e após várias cirurgias cibernéticas, Howard Falcon, agora um tipo de ciborgue, meio máquina, meio homem, requer uma viagem solo até o planeta Júpiter. A bordo de sua nave Kon-Tiki, chega até o planeta e tem um encontro inusitado com um grupo de gigantescas medusas. Sem a possibilidade de aproximação e aprofundamento daqueles seres magníficos, Falcon deixa o planeta, na esperança de um futuro retorno para mais pesquisas.
"A meio caminho da órbita olhou na direção do sul e viu surgir acima do horizonte o tremendo enigma da Grande Mancha Vermelha – a ilha flutuante duas vezes maior do que a Terra. Não tirou os olhos dela, maravilhado pela sua misteriosa beleza, enquanto o computador não o avisou de que faltavam apenas sessenta segundos para a conversão à força de foguete. Foi com grande pesar que voltou as costas. – Fica para outra vez – murmurou." p. 138. [Vento Solar]
As Crônicas de Medusa, nos traz de volta o Comandante Howard Falcon, no comando de um navio de cruzeiro Sam Shore, no réveillon do ano de 2100. Ironicamente, este navio sofre um atentado. Para conseguirem sair desse atentado com vida, um pequeno robô, Conseil, se prontifica a desacoplar uma "criatura bomba" que não explodiu do casco do navio. Diante dessa atitude, os humanos começam a pensar em dar mais autonomia aos robôs para que possam aumentar sua utilidade para com a humanidade.
"Do Salão de Observação, o grupo assistiu de camarote ao pequeno robô, sistentado por boias e operando uma rebitadora com um dos manipuladores, remover a “sanguessuga” da janela com a outra garra. Mãos robóticas projetadas para misturar coquetéis descolando uma bomba de um submarino nuclear. Após executar o trabalho, Conseil, voltou ao Salão de Observação, com o corpo arranhado e pingando água, e foi recebido com uma salva de palmas. Com um gesto solene, a capitã Embleton se curvou e apertou a garra mecânica. Ham, o embaixador dos simps, deu um tapinha nas costas do autômato." p. 53.
A bordo do Sam Shore, Falcon também reencontra a doutora Hope Dhoni, a médica, na época uma enfermeira, que cuidou dele após o acidente com o Queen Elizabeth IV, que tenta convencê-lo a realizar atualizações em seu corpo cibernético e da parte orgânica também.
Conforme os anos vão passando, as máquinas vão se tornando mais independentes, o próprio Falcon treina uma robô chamado Adam, que tempos depois se torna o responsável por um grupo de robôs autônomos, na extração de gelo no Cinturião de Kuiper, onde os humanos não conseguem chegar. Após um acidente que acaba "matando" diversos robôs, o trabalho se interrompe e faz com que Adam descubra um novo fator em sua vida robótica que não deveria existir: O sofrimento.
"- Eu penso nas máquinas que foram perdidas. Falcon, a morte não é o destino final das máquinas. Somos potencialmente imortais. E, ainda assim, a morte chegou a este lugar. Tento simular a experiência daquelas máquinas no momento do acidente, quando perceberam que deixariam de existir. Tento emular os processadores dessas máquinas nos instantes antes do fim." p. 107.
Howard Falcon é recrutado para ir até o Cinturião de Kuiper para ordenar que as máquinas voltem ao trabalho seja por bem ou por mal. Mas, algo acontece que muda toda a história da relação das máquinas com os seres humanos. A história do Comandante Falcon se intercalada com a história do Projeto Ícaro, sobre um asteroide que entra em rota de colisão com o planeta terra, iniciado em abril de 1967.
Opinião: As Crônicas de Medusa é um daqueles livros que quando você termina, sobra um sorriso nos lábios e você tem a certeza de que leu um livro, no mínimo, muito bom. A história de Howard Falcon em As Crônicas de Medusa, atravessa os séculos e nos vemos diante de vários personagens que por menor que sejam tem suas funções bem definidas na trama. As Crônicas de Medusa também nos faz refletir quanto à solidão, pois Howard Falcon, por uma fatalidade do destino, acabou se tornando um ser único em toda a galáxia, tendo em vista que o tipo de cirurgia aplicado nele, foi proibido logo depois. Em várias partes da história pode-se notar a solidão do personagem que por ser praticamente imortal passa pelos anos deixando seus amigos para trás, levados pela morte.
"- Um velho amigo. Ele morreu há muito tempo." p. 107.
As intrigas políticas também estão presentes na obra, que retrata muito bem como aqueles que estão no poder podem se valer do uso do nosso personagem de acordo com suas próprias necessidades, que após cumpridas, fazem com que Falcon volte ao isolamento novamente.
"Quando, mais de um século após o episódio de Nova Nantucket, o chamado chegou, foi para um mundo pequeno e perigoso que ele jamais havia visitado." p. 217.
Obviamente, que a crítica à sociedade também está presente, pois mesmo o foco da trama ser o Comandante Howard Falcon e sua busca pelo conhecimento da galáxia, os autores nos mostram uma sociedade futurista dependente, conservadora e preconceituosa, mesquinha e cruel, principalmente com os shimps e as máquinas. Mesmo que unificada mundialmente em seus poderes e tecnologias em todos os meios como transporte, saúde, infraestrutura espacial e muitas outras coisas, a fome pela exploração da galáxia e planetas cada vez mais longínquos para uso próprio ainda é inerente ao chamado ser humano.
"O senhor sabia que também temos máquinas trabalhando na Lua? Esse é outro experimento diplomático. É verdade que elas foram banidas da Terra, mas nós as usamos para processar minério lunar e em uns outros programas." p. 157.
A narrativa é bem fluída e as especificações técnicas são bem colocadas e não cansam em momento algum. A edição da Record é em brochura, mas bem robusta, com folhas levemente amareladas, capa em alto relevo e verniz em algumas partes. A revisão ficou ótima e não encontrei erros durante a leitura dessa ótima obra, que como eu sempre digo e realmente gosto de dizer: é imperdível. As Crônicas de Medusa já faz parte das minhas melhores leituras de 2017!!
2 Comentários
Nossa Jeffa! Essa resenha ficou sensacional, estou ansioso para ler esse livro. Parabéns, um grande abraço.
ResponderExcluirMax, muito obrigado!! Mesmo!! Esse retorno é o gás que a gente precisa pra continuar. Que bom que gostou. O livro é muito bom, eu adorei a história. Vale muito a pena. Abraços.
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