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[RESENHA #130] A CARTUXA DE PARMA - STENDHAL


Título: A Cartuxa de Parma
Autor: Stendhal
Editora: Coleções Folha (Folha de S. Paulo)
Tradução: Vidal de Oliveira
Páginas: 552
Ano: 2016
ISBN: 9788579492952

Sinopse: A trama de seus romances e as paixões de suas personagens fazem de Stendhal (1783-1842) um escritor romântico. O estilo seco e a precisão com que representa a sociedade do século XIX colocam Henri Beyle (verdadeiro nome do escritor) entre os maiores representantes do realismo. E a ironia e a estrutura farsesca de um livro como A cartuxa de Parma são precursoras da literatura do século XX: Stendhal abdica da representação totalizante do mundo em proveito de uma visão parcial da realidade, expressando a psicologia instável do herói ou anti-herói moderno. Todos esses valores, contraditórios entre si, estão presentes neste romance em que o jovem aristocrata e ingênuo Fabrício Del Dongo vive peripécias amorosas e conspirações palacianas na Itália. Ao lançá-lo no período imediatamente posterior às guerras napoleônicas, Stendhal contrapõe um maquiavelismo solar cujo símbolo, para ele, era essa terra de intrigas passionais às maquinações de uma burguesia financeira que, em sua França natal, havia sepultado o ímpeto revolucionário representado por Bonaparte. Por trás de toda a arrebatadora leveza de A cartuxa de Parma, enfim, há um fundo alegórico que é político e até mesmo antropológico: uma apologia da energia vital e da beleza (essa promessa de felicidade) contra a hipocrisia e o pragmatismo.

Resenha: Em A Cartuxa de Parma somos levados por Stendhal para a Itália, no começo do século XIX, quando a Europa está em guerra e a Itália não fica fora das batalhas napoleônicas. A obra foi inspirada em leituras que Stendhal fez sobre documentos de antigas famílias italianas, como a família Farnese. O autor teve acesso em tais documentos muito devido sua posição política, pois era cônsul.

"A 15 de maio de 1796, o general Bonaparte fez sua entrada em Milão, à frente daquele jovem Exército que acabava de atravessar a ponte de Lodi, e de anunciar ao mundo que, após tantos séculos, César e Alexandre tinham um sucessor." p. 9.

No presente romance, vamos acompanhar o protagonista Fabrício del Dongo, um jovem de família nobre, aventureiro e de poucas ambições, mas por ser admirador de Napoleão, resolve ir para a França, escondido do seu pai e posteriormente parte para lutar na famosa batalha de Waterloo, na Bélgica.

Com o seu interesse em Waterloo e Napoleão, aliado ao fato de Fabrício ser italiano, gera complicações para o jovem, pois ele acaba levantando algumas suspeitas e desconfianças sobre quais seriam suas reais intenções. Com isso ele é preso, sob a suspeita de espionagem, acaba sendo coagido e vítima de diversos processos.

"Fabrício estava ainda no encantamento daquele espetáculo curioso, quando uns quantos generais, acompanhados por uns vinte hussardos, atravessaram a galope um dos ângulos do vasto prado em cuja margem ele se detivera: seu cavalo relinchou, empinou-se duas ou três vezes seguidas, depois sacudiu a cabeça com violência contra as rédeas que o retinham." p. 51.

Em paralelo aos diversos apuros que passa, Fabrício conta apenas com a ajuda de Gina Pietranera, sua tia, que é loucamente apaixonada por ele e age como um anjo da guarda. Entretanto, essa relação e afeição, cresce de tal maneira, que por muitas vezes se confunde com um amor carnal, incestuoso, criando uma dualidade entre o amor fraternal e carnal.

Fabrício em certa oportunidade, acaba se tornando um bode expiatório, tendo sua vida nas mãos de interesses políticos de partidos divergentes. Enquanto isso, sua tia utiliza-se de sua posição de Condessa em conjunto com sua beleza e riqueza, para salvar o sobrinho, se relacionando com nobres e foragidos. Todavia, com o passar do tempo e ainda preso, Fabrício se apaixona por Clélia Conti, filha de um membro do partido político oposto ao da sua tia, fato que faz Fabrício desejar ficar na condição de enclausurado.

"Fabrício começava a crer que estava separado dela para sempre, e o desespero começava a apoderar-se também de sua alma." p. 522.

Essa paixão, o amor que um nutre pelo o outro, deflagra uma situação incômodo e triste, pois esse é um amor considerado impossível de se tornar realidade, pois Fabrício encontra-se preso e possui parentesco com os inimigos do pai da jovem Clélia Conti. Ao ficar livre, por uma fuga arquitetada por sua tia, ele fica infeliz, pois na condição de exilado, nunca mais poderá rever Clélia.

Opinião: A Cartuxa de Parma tem a narrativa clássica do século XIX, com o narrador do tipo onisciente, que se apresenta inverossímil, não se comprometendo com a realidade, mas sim com a beleza. É um livro repleto de reflexões, que nos tira da zona de conforto e nos apresenta uma pegada dramática.
Stendhal nos presenteia com uma obra repleta de tramas, horrores da guerra, amores carnais, incestuosos, fraternais e impossíveis, além de nos apresentas diversas metáforas. O autor ainda intercala momentos brilhantes, que passam pelas lutas da guerra, traições políticas e com o lirismo do amor. 
O presente romance tornou-se um dos favoritos de Balza e serviu de inspiração para Tolstói escrever Guerra e Paz. A Cartuxa de Parma foi um sucesso de vendas quando foi publicado em 1838; tendo 1.200 exemplares impressos que se esgotaram em menos de 18 meses.
A Coleções Folha fez um belo trabalho nesse 26º volume da Coleção Grandes Nomes da Literatura. Stendhal é um autor clássico e a obra A Cartuxa de Parma é fenomenal. É uma edição de capa dura, a diagramação está muito boa, fontes confortáveis e folhas amareladas. Mais do que recomendado, ainda está em tempo de adquirir os volumes dessa coleção, que podem ser encontrados em bancas de jornais ou no site da Coleções Folha.

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