About Me

header ads

[RESENHA #267] O HOMEM QUE RI - VICTOR HUGO


Título: O Homem Que Ri
Autor: Victor Hugo
Editora: Amarilys
Páginas: 808
Ano: 2017
ISBN: 9788520437667
Onde Comprar: Amazon - Saraiva

Sinopse: Victor Hugo, um dos grandes da literatura, escreveu nove romances durante sua vida, sendo o primeiro aos 16 anos e o último, aos 72. Entre seus textos mais famosos estão Notre-Dame de Paris e Os Miseráveis, com seus personagens paradigmáticos: Quasímodo e Jean Valjean. Em O homem que ri temos outro personagem marcante de Victor Hugo: Gwynplaine, o homem cujo rosto carrega ao mesmo tempo as dimensões trágica e cômica da existência.
Gwynplaine é submetido, ainda criança, a uma cirurgia que desfigura seu rosto, deixando nele uma cicatriz que denota um sorriso constante. Abandonado, ele encontra em seu caminho Dea, uma menina cega que acabara de perder a mãe, vítima do rigoroso inverno. As duas crianças cruzam o caminho de Ursus, um artista saltimbanco de coração generoso que decide abrigá-los. Juntos se tornam uma família e passam a apresentar-se em espetáculos populares para ganhar a vida, fato que acaba desencadeando uma série de conflitos e dramas. 
Como todo romance monumental de Victor Hugo, O homem que ri é composto de vários romances que o leitor pode descobrir, combinar como quiser e ler como bem entender.

Resenha: O Homem que Ri foi publicado originalmente em 1869, sendo o penúltimo trabalho do autor. Victor Hugo nos leva para a Inglaterra aristocrata do século XVIII e a história gira em torno de Gwynplaine que em sua infância foi sequestrado por um grupo de criminosos especializado em sequestro de crianças e posteriormente vendido para uma trupe conhecida como "Comprachicos".

"Um teimoso vento norte soprou ininterruptamente no continente europeu e, mais rudemente ainda, na Inglaterra, durante todo o mês de dezembro de 1689 e todo o mês de janeiro de 1690." p. 58.

Foi na trupe que os infortúnios em sua vida continuaram, pois o garoto Gwynplaine teve a sua face mutilada e tamanho foi o estrago que o garoto ficou desfigurado, de modo que ao olharem para o seu rosto ele parecia estar sempre sorrindo. Em uma noite de forte nevasca na cidade de Portland, Gwynplaine encontrou uma garotinha cega, quase morrendo de frio junto à sua falecida mãe. Diante desse triste cenário, Gwynplaine resolveu ajudar a garotinha, que se chamava Dea.

"O menino quedou imóvel no rochedo, com o olhar fixo. Não chamou. Não reclamou. Contudo, aquilo era inesperado; não disse uma palavra [...]." p. 70.
Gwynplaine e Dea vão se abrigar do frio na carroça de Ursus, um conhecedor de poções, ervas e ao mesmo tempo filósofo. Com o passar do tempo Gwynplaine e Dea crescem e passam a trabalhar em diversas apresentações com Ursus, algo que os torna famosos. Porém a fama de Gwynplaine fará com que ele descubra a sua origem e os seus antepassados.

"Gwynplaine, por sua vez, estava ébrio de Dea. Há o olho invisível, o espírito, e o olho visível, a pupila. Ela a via com o olho visível. Dea tinha o deslumbramento ideal, Gwynplaine tinha o deslumbramento real. Gwynplaine não era feio, era apavorante; tinha diante de si um contraste." p. 353.

Em Londres, durante uma apresentação em um teatro, algumas coincidências e calamidades acontecem e Gwynplaine outrora sem uma linhagem conhecida, torna-se filho de um rico senhor e com isso, ele acredita que agora poderá lutar pelos pobres e oprimidos. Contudo essa sua conexão com o passado poderá colocar em risco a sua vida, bem como o seu amor por Dea. Caberá a Gwynplaine escolher entre fazer o que é certo ou ficar com o seu amor. 

Opinião: O Homem Que Ri é um romance repleto de críticas sociais, com foco nos privilégios e na cegueira da nobreza da aristocracia inglesa para com a miséria dos pobres, aliada à uma caprichosa injustiça da lei britânica do final do século 17. Outra crítica que o autor elenca, é a estética, a beleza, tendo em vista que o protagonista é desfigurado e, por isso, é visto como um monstro, ainda que tenha um bom coração. Por outro lado, aqueles que são normais, bonitos e possuem o padrão de beleza desejável, são louvados, independente de lhes faltarem escrúpulos.
Victor Hugo insere em sua trama, uma tristeza e horror sem proporções, onde a desgraça por meio do cansaço, da fome, frio e humilhações se faz presente. O sarcasmo e a ironia são características que faz parte do livro. O autor tece críticas em relação ao sistema monárquico e também a igreja. Entre os personagens destaco Ursus que se mostra brilhante e divertido, utiliza as crianças para ganhar dinheiro, mas também se esforça para dar uma vida melhor para ambos (Gwynplaine e Dea). 
O autor nos apresenta uma trama romântica na figura de Dea e Gwynplaine, algo que é possível perceber com o passar do tempo, pois eles ficam cada vez mais próximos. Existe também o amor de Ursus por Gwynplaine, mas um amor fraternal. Os temas que Victor apresenta são ricos, a história fascina e a leitura foi prazerosa. Eu recomendo o livro para você leitor que ama clássicos e quer conhecer um pouco mais do autor francês além do seus clássicos "Os Miseráveis" e "O Corcunda de Notre Dame".
O projeto gráfico ficou bem feito, a edição é em capa dura, a capa remete ao filme clássico de 1928. A revisão ficou boa, não encontrei erros que atrapalhassem a leitura. Os capítulos são relativamente curtos, algo que facilita a leitura e o livro foi impresso em papel Chambril Avena (as folhas são levemente amareladas). Gostei da edição e agradeço à editora Amarilys por ter me enviado esse grande clássico.

Postar um comentário

6 Comentários

  1. Oi Yvens, pelo jeito O Homem que Ri pode ser antigo, mas o conteúdo continua ainda atual, não é mesmo? Não tive o prazer de ler, mas vou anotar sua dica.
    Bjs, Rose.

    ResponderExcluir
  2. Oie!
    Confesso que nao conhecia o livro, e achei o título bem curioso, mas lendo a sua resenha percebi o porquê do título, e nossa o livro realmente deve ser uma leitura muito boa, pois mescla várias emoções, e ainda tem romance.
    Parabéns pela resenha!

    Beijos!
    Eli - Leitura Entre Amigas
    http://www.leituraentreamigas.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Oi, tudo bem?
    Acredita que eu ainda não conhecia este livro, caraca, se eu visse na livraria nunca passaria pela minha imaginação o quão esta obra das uma riqueza em assuntos vários e as críticas que você mencionou que são encontradas nele foram incríveis! Fiquei totalmente interessado nele, e mesmo sendo um livro um tanto antigo, os assuntos ainda são bastante atuais!

    Abraços,
    www.justificou.tk

    ResponderExcluir
  4. Parece que a crítica feita à sociedade da época pode ser atualizada para várias aspectos dos dias atuais. Ainda não li nada de Victo Hugo. É um dos clássicos que quero um dia ler.
    É uma bonita edição

    ResponderExcluir
  5. Oi Yvens, tudo bem?
    Eu sou louca para ler Os Miseráveis, não sabia dessa outra obra do autor, mas já fiquei interessada. Gosto muito de textos que nos fazem refletir e as críticas que o autor levantou infelizmente ainda conseguem ser atuais. Vou colocar na minha lista. Sua resenha ficou ótima!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  6. Sem dúvida Victor Hugo é fenomenal autor e merece não apenas nossos elogios com aplausos profundo da nossa alma, sensível e brilhante,acolhedor,revelador, palavras facilmente encontradas em sua escrita, uma mente privilegiada que consegue transcender no tempo e encontrar uma realidade ainda crua da sociedade. Parabéns pela resenha e obrigado por nos trazer essa pérola. Abraços Goy de Moura

    ResponderExcluir